Depois de ler o novo "post" da Ana Ramon, sobre Farinelli, lembrei-me logo de Pergolesi (1710-1736), que compôs várias obras para castrati, e de Allegri (1582-1652), que, segundo alguns autores, terá sido ele próprio também um castrato. Há notícia de que cantava num coro como rapaz-soprano e de, depois de ter mudado a voz, ter começado a cantar como tenor (ou como contralto)... Algures li que a sua castração não deve ter corrido muito bem, daí ter mudado a voz e não ter podido seguir a carreira que se lhe augurava como castrato. Talvez seja apenas especulação.
Gregorio Allegri compôs um belíssimo Miserere para dois coros, em que uma voz solista sobe às alturas. Roy Goodman é o solista desta gravação de 1963 (tinha 12 anos). Provavelmente perdeu a voz e é actualmente maestro e violinista, especializado em música antiga.
O Stabat Mater de Pergolesi é outra das grandes obras da música sacra barroca. Pergolesi morreu muito novo, provavelmente tuberculoso, e compôs o que é considerado o seu testamento musical já numa fase adiantada da doença. Podemos ouvir um excerto, cantado e dirigido pelo contratenor René Jacobs, e com a voz do rapaz-soprano Sebastian Hennig, actualmente um barítono modesto. Tinha cerca de 14 anos à data da gravação (1983).
Stabat Mater dolorosa
Juxta crucem lacrimosa
Dum pendebat filius.
Estava a Mãe dolorosa
Chorando junto da cruz
Da qual pendia o seu filho.