O programa começou com canções de Liszt, que nos pareceram um bocadito aborrecidas e serviram para nos irmos habituando a uma coisa nova: ouvir uma voz naquela sala enorme, pensada para a grande orquestra. A acústica ideal para a Filarmónica é menos simpática para a voz num recital de canto e piano, como também acha Andreas Göbel (kulturradio). Mas Kaufmann e Deutsch souberam muito bem como resolver esse problema. Se a voz não enchia a sala, o seu belo timbre e a interpretação esplendorosa nas canções de Mahler e, na segunda parte, de Duparc e Strauss compensaram largamente o desajuste que sentimos no início.
A Helena conta mais alguns detalhes, como os ataques de tosse que quase destruíram um dos momentos mais belos do recital: Ich bin der Welt abhanden gekommen. Pensei até que Jonas ia seguir o exemplo dado uma vez por Jon Vickers.
No final, o público da Filarmonia rejubilava e aplaudia sem cessar e Jonas estava visivelmente satisfeito e imparável. Encores foram oito. Oito! E o público ia descendo e aproximando-se dele, ficando a ouvê-lo de pé ou de cócoras junto ao palco. Berlim.
Tivemos ainda a oportunidade de chegar perto do camarim de Jonas e de trocar três palavras com ele. Que tínhamos gostado muito, parabéns, e quando pensa ir a Lisboa? Ah, Lisboa... é uma cidade tão bonita. Já lá estive mas nunca cantei lá.
No site de Jonas Kaufmann podemos visionar um pequeno documentário com excertos do programa do recital que tem vindo a ser apresentado em Nova Iorque, Viena, Graz e Berlim (Paris vem a seguir).