Por motivos vários que agora não vêm ao caso, este blogue tem andado adormecido. Acorda hoje para dar conta do concerto de ontem à tarde no CCB, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa dirigida por Joana Carneiro.
O Grande Auditório encheu, apesar de as obras não serem as mais fáceis para o público em geral, com a excepção do Adagio para Cordas de Barber. Contudo, Joana Carneiro atrai um público muito variado às nossas salas de concerto e obtém êxitos retumbantes com a OSP. Assim foi ontem. Após o celebérrimo Adagio de Barber ouvimos a Sinfonia Doctor Atomic, de John Adams, baseada na sua ópera homónima. Joana Carneiro, sabe-se, é uma fervorosa admiradora deste compositor e ontem pôde demonstrá-lo mais uma vez. Impossível resistir à energia criada entre a maestrina e a orquestra. Parabéns também aos solistas da OSP.
Mas a grande obra da tarde era a Sinfonia Nº 5 de Chostakovitch. Estreada em 1937, era a peça mais antiga do programa, com rasgos de invenção melódica e rítmica contagiantes. Também aí Joana Carneiro e a OSP estiveram em grande. Trata-se de uma sinfonia à moda de Mahler ("um fresco mahleriano", como escreveu Alexandre Delgado no programa de sala), com forte presença de metais e percussões e um terceiro andamento, Largo, dominado pelas cordas.
Menos bem, para não dizer péssimo, o público do CCB. Em primeiro lugar, não se leva uma criança de colo para um concerto destes. Os espectadores não compram bilhetes para ouvir o Adagio de Barber acompanhado pelo palrar de um bebé. Em segundo lugar, é estranho que tanta gente sofra de sonoros ataques de tosse durante o Largo da 5ª Sinfonia, destruindo assim um dos momentos mais belos do concerto. Estariam todos atacados pelo vírus ou simplesmente aborrecidos?