15.5.09

Notícias


Entretanto, e para desanuviar, boas notícias para matar saudades. Tive conhecimento, através de comentários (1 e 2) deixados pela Bettips, que o Paulo Araújo (sim, do Dias com árvores) acabou de publicar mais um livro com crónicas arborescentes. Chama-se "A Árvore de Natal do Senhor Ministro".
[Indo a correr para comprar]

Afinal os jardins de Queluz ficaram encerrados ao público durante cerca de dois anos para quê?

Estava prometida a recuperação dos jardins do Palácio de Queluz e eles hoje reabrem ao público. Mas a julgar por este artigo, do qual transcrevo alguns excertos, e pelo que já se vislumbrava, a diferença entre o que estava e o que está não justificará dois anos de encerramento nem a campanha que propagandeava o restauro dos sistemas hidráulicos e de rega concebidos por Manuel da Maia no séc. XVIII.

Uma parte, ainda que diminuta, dos 16 hectares dos jardins foi limpa, alguns lagos e algumas estátuas de pedra e chumbo foram recuperados. Algumas árvores e umas quantas flores foram plantadas, nas áreas mais nobres, e a água corre, embora timidamente e sem pressão nas poucas fontes a que voltou a chegar. A cascata grande foi pintada e regressou à vida, as sebes de buxo foram talhadas nos percursos principais e os plátanos, cujas raízes davam cabo dos azulejos do canal, foram arrancados.

Por fazer está, todavia, muito daquilo que tinha sido prometido. Logo à entrada, percebe-se o falhanço daquela que era a mãe de todas as obras do jardim: a recuperação dos sistemas hidráulicos e de rega concebidos por Manuel da Maia no séc. XVIII. Mesmo nos lagos e fontes dos jardins superiores, contíguos à fachada traseira do palácio, os jogos de água não jogam, não jorram, limitam-se a correr, ou apenas a escorrer. Isto para já não dizer que nas instalações da Escola Portuguesa de Arte Equestre, nos limites da propriedade e depois de um investimento de 750 mil euros, a água morre nas condutas, e os cavalos são lavados a partir da rede da Câmara de Sintra.

Na verdade, grande parte dos caminhos está hoje barrada por redes de plástico verde, enquanto o "matagal", continua a reinar daí para lá. Passando o rio Jamor, e à excepção de um outro lago e respectivos conjuntos escultóricos, nada foi feito e os antigos e frondosos pomares de laranjeiras tornaram-se uma dor de alma morta de sede. Dolorosa é também a visão do celebrado canal dos azulejos, onde o Jamor se travestia em salão de festas aquáticas e coloridas nos verões reais de antigamente. Em vez da prometida recuperação, o que lá está é o que lá estava. Com a diferença de que no lugar dos azulejos caídos ou roubados foi posto reboco de cimento e, seguramente, foram feitos muitos e muito eruditos estudos sobre os mesmos.

(in Público)