Tamara de Lempicka, Auto-retrato com Bugatti verde (1925)
Será que alguém já entendeu o porquê da insistência no encerramento da Praça do Comércio ao trânsito todos os domingos? O Cais das Colunas ainda não está pronto — as obras devem continuar até Dezembro — e não há lá nada que seja chamariz para os lisboetas, que os empurre para um passeio agradável, ali, à beira-Tejo, nas tardes que são alternadamente de sol abrasador ou de ventania tempestuosa. Os automóveis colam-se uns aos outros nas ruas que se dirigem para o Terreiro do Paço e torna-se mais difícil atravessar a Baixa, entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia, que numa sexta-feira em hora-de-ponta. Às quatro da tarde a praça está às pombas e os seis ou sete humanos que por lá passam vão abrigados sob as arcadas. A rua entre a praça e o Tejo não convida, nem há carros nem há gente, e as ruas da Baixa engarrafam-se enquanto o ar é aquecido pelos tubos de escape. Ao menos que fossem de Donas Elviras, como estas que estavam ontem em Cascais.