Confesso: a versão de "Così Fan Tutte" apresentada na Gulbenkian aborreceu-me. Achei-a assim-assim.
Detalhando um bocadinho:
- Fui recordando a excelência de Karl Böhm, ou Gardiner, há quase vinte anos no Teatro de São Carlos. Isto das bitolas é tramado.
- A Orquestra Barroca de Freiburg é excelente mas faltou Mozart onde não precisávamos de Bach. Ainda dei comigo a pensar se Mozart não teria adormecido profundamente em várias ocasiões caso tivesse vindo a Lisboa.
- René Jacobs dirigiu sempre muito baixinho, sem espessura, sem volume, plano, liso.
- Houve alguns momentos bonitinhos da parte dos cantores mas nenhum deles foi notável. Também pensei que podiam estar com medo de cantar alto e destoar daquela sonoridade sedenta de uma boa dose de cafeína revigorante.
- Gostei da solução cénica. Apesar de se tratar de uma versão de concerto, os cantores actuaram como se estivessem numa versão encenada. Mas não é isso que torna memorável um concerto. A um concerto vai-se ouvir.
Ouça-se a abertura de "Così Fan Tutte" dirigida por Gardiner, registada no Théâtre du Châtelet, na mesma produção que passou por Lisboa no milénio passado.