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No dia 6 de Outubro de 1974 todo o país se prontificou a oferecer um dia de trabalho voluntário para a Revolução. Toda a gente aderiu e os artistas, necessariamente, também. Amália Rodrigues foi cantar à Central de Cervejas de Lisboa. Depois de interpretar, entre outras coisas, uma versão do "Grândola, Vila Morena" absolutamente estonteante (aquilo parecia quase a "Casta Diva" da Norma, tal as grandes linhas em legato, o clima sonhador, o carácter lírico) recebeu - obviamente - uma tremenda ovação. Há então uma vozinha que se eleva no meio da multidão... a achar mal a ovação. Era a vozinha de um tal Pedro Jordão, ilustre desconhecido. Mas a Amália quis saber por que é que ele discordava do aplauso e foi falar com ele. Bem, embrenharam-se os dois numa discussão monumental. É material verdadeiramente histórico, que ilustra uma fase política do país, uma fase na vida da Amália, e, infelizmente, tira do pó total do esquecimento um zé-ninguém da música portuguesa.
Eis a discussão:
Jorge Rodrigues
Documento fantástico. Muito obrigado. E Amália, em pleno gonçalvismo, mostrou que era uma mulher destemida e de fibra, e arrasou este imbecil.
ResponderEliminarAgradeço ao Jorge Rodrigues e ao Paulo a divulgação deste registo.
Como não poderia deixar de ser, Amália demonstrou possuir o antídoto para combater os ataques virulentos de uma vil serpe.
ResponderEliminarUm mimo!
ResponderEliminarObrigado Jorge Rodrigues.
É curioso como o sentido comum simples e desinibido da Amália Rodrigues se sobrepõe facilmente à pedanteria intelectualóide do tal Pedro Jordão.
ResponderEliminarUma pergunta: é possível aceder à gravação do recital que a Amália Rodrigues ofereceu nessa ocasião?
Grande mulher! Eu a ouvir e a pensar: "toma mais essa! dá-lhe, Amália! isso mesmo!"
ResponderEliminarHehehehe.
E repito a pergunta do David: é possível aceder à gravação do recital?
Se algum dia eu deitar mão a essa gravação, podeis crer que aqui mesmo o direi.
ResponderEliminarPedro Jordão?Nem sabia que existia.A história dá razão às pessoas de valor e esquece quem não vale nada.Ora aí está !
ResponderEliminarGrande Amália. Lembro-me bem desta gentalha. E a propósito recomendo um livro extraordinário que ando a ler, todo ele feito com o maior rigor académico. Trata-se da Vida Privada no tempo de Estaline de Orlando Figes, professor de História na Universidade de Londres. Um monumento de saber onde bem se prova que pessoas tipo Pedro Jordão e o seu idolaterado Vasco Gonçalves para vingar as suas ideias usariam meios muito mais repressores que o de Salazar, que não deixou se der um ditador. livro em questão é uma edição Bertrand.
ResponderEliminarJá percebemos que não percebeu nada Raul...Cheio de rigor académico, significa que pelos vistos não é discutivel. Pelo menos para si.
EliminarEsta discussão é tão datada, tão datada, que nem sabemos quem é Pedro Jordão. Colocar isto em paralelismo na actualidade é no minimo absurdo.
Leia mais amigo...Leia muito.
Principalmente ingleses que escrevem sobre Estaline ( de quem nem até não gosto...) com todo o rigor académico.
Comentário de Virgílio Marques, no Facebook (publicado aqui com a sua autorização):
ResponderEliminar"É bom que se saiba que este mentiroso oportunista e medíocre, e sua mulher, foram mais que 1 vez a Paris (a sua revolucionária esposa foi dizer poemas com outro declamador, em espectáculos no Oympia, organizados a convite do empresário por Amália). Veio o 25 de Abril passaram a ler a "verdade a que temos direito", a difamar Amália, mas nunca disseram que comeram algumas vezes às suas custas. Para nosso consolo, deles já ninguém fala nem sabem quem são e Amália continuará sempre."
Se já admirava Amália, como mulher, depois de ouvir isto ainda mais a admiro.
ResponderEliminarFabuloso!
Eu também
EliminarTenho de agradecer mil vezes esta gravação completa. Só conhecia um extracto, que não contava a gistória toda, parte do dialogo entre Pedro Jordão e Amália e não se percebia quem falava, alédm de Amália, claro. Também gostava de saber quem é o jornalista que narra a "história".
ResponderEliminarE ainda isto, para juntar a história:http://jornaldascortes.com/index.php?option=com_content&task=view&id=284&Itemid=46
ResponderEliminarObrigado pelo currículo do senhor Pedro Jordão.
EliminarQuanto ao jornalista, não sei quem era.
De nada, foi um prazer dar a conhecer a cara do artista interpelador, Alia´s, essa noticia do Jirnal de Cortes (que aqui não faz link, infelizmente) é reveladora da cabecinha do homem...
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