Joseph Tichatschek (Tannhäuser) e Wilhelmine Schröder-Devrient (Venus) (na estreia em 1845) (Wikipedia) |
Ontem pudemos ouvir um grande "Tannhäuser". Houve alguns desacertos na orquestra, como se mais um tempinho de ensaio tivesse dado jeito, mas o coro esteve em grande forma e a Gulbenkian trouxe a Lisboa dois cantores de primeira água:
- Johan Botha já era conhecido do público do Grande Auditório e dele se diz que é o melhor Tannhäuser da actualidade. Cantou sem qualquer espécie de dificuldade o papel do trovador caído em desgraça. Esteve sublime no III acto, quando narrou, transbordando emoção, os acontecimentos da peregrinação a Roma. (Aqui canta In fernem Land, de "Lohengrin")
- Falk Struckmann (Landgraf Hermann) distinguiu-se em personagens como Amfortas, Scarpia e Wotan. Hermann é uma figura importante em "Tannhäuser" e requer uma nobreza vocal como a de Struckmann. Contudo, trata-se de um papel pequeno para quem gostaria de o ouvir mais. Vejamo-lo na cena final de "Das Rheingold", em Barcelona, na encenação de Harry Kupfer e com a direcção musical do mesmo Bertrand de Billy que ontem segurava a batuta.
Ao pé destas duas grandes vozes, a de Manuela Uhl (Venus) soou-me pouco interessante e sedutora e a de Melanie Diener (Elisabeth) pareceu-me estar abaixo do que se espera para aquele papel, principalmente quando o Heldentenor é Botha.
Outro contraste infeliz foi a presença de Job Tomé como Wolfram. O seu grande momento, O du, mein holder Abendstern, perdeu-se na sala.
Nada a dizer em relação aos pequenos papéis, e uma nota muito positiva para Ana Maria Pinto (Jovem Pastor).