31.1.08

O Apolo da Opéra Garnier

Até meados do séc. XIX, Paris era uma cidade com características medievais, de ruas estreitas e pouco apropriadas ao que se queria apresentar ao mundo como uma grande capital. O imperador Napoleão III encarregou, então, Haussmann do novo projecto urbanístico que viria a transformar Paris numa cidade moderna. Surgiram as avenidas e os grands boulevards, parques e condutas de esgotos. Eram necessários espaços amplos que permitissem a circulação de pessoas e ar e condições sanitárias que evitassem novos surtos de cólera.


(Monumento a Charles Garnier)

Charles Garnier foi o arquitecto escolhido para a construção do teatro de ópera, cujo eclectismo dominou o gosto burguês do Segundo Império até ao início do séc. XX (o gosto "Beaux-Arts de Paris"). Napoleão III pediu também a Haussmann que abrisse uma avenida a ligar o palácio das Tulherias à Ópera, o que causou a demolição de um bairro. A avenue de l'Opéra foi ponto de discórdia entre Garnier e o urbanista: o arquitecto não queria que se plantassem árvores que viriam a esconder a magnitude da sua obra. E assim se fez.

Até à construção da Ópera da Bastilha, esta era a Opéra de Paris. Passou depois a ser conhecida como Opéra Garnier (ou Palais Garnier). Neste templo das artes, lá bem no topo, Apolo domina com a sua lira, acompanhado pela Poesia e pela Música.





A partir de 4 de Fevereiro, é uma outra lira que se pode ver e ouvir na Opéra. Pina Bausch encenou e coreografou "Orfeu e Eurídice", de Gluck (ver um excerto).