12.6.07

Santo António

Hoje é dia de marchas, de sardinhas e de majaricos. De folia, portanto.




















(Santo António Pregando aos Peixes, de Veronese, cerca de 1580, na Galleria Borghese, Roma)






















Des Knaben Wunderhorn
(A Trompa Mágica do Rapaz) é uma antologia de poemas em dialecto, compilados por Clemens Brentano e Achim von Arnim, a partir da qual Mahler (1860-1911), normalmente mais para o sério, compôs várias canções bem-dispostas. Uma delas é Des Antonius von Padua Fischpredigt (Sermão de António de Pádua aos Peixes), aqui em baixo na versão original para voz e piano, composta em 1893. A gravação é de 1966, com a voz de Elisabeth Schwarzkopf, acompanhada ao piano por Geoffrey Parsons.



Antonius zur Predigt
Die Kirche find't ledig.
Er geht zu den Flüssen
und predigt den Fischen!
Sie schlag'n mit den Schwänzen,
Im Sonnenschein glänzen.

Die Karpfen mit Rogen
Sind all' hierher zogen,
Hab'n d'Mäuler aufrissen,
Sich Zuhör'ns beflissen.
Kein Predigt niemalen
Den Fischen so g'fallen!

Spitzgoschete Hechte,
Die immerzu fechten,
Sind eilends herschwommen,
Zu hören den Frommen!

Auch jene Phantasten,
Die immerzu fasten:
Die Stockfisch' ich meine,
Zur Predigt erscheinen.
Kein Predigt niemalen
Den Stockfisch' so g'fallen!

Gut Aale und Hausen,
Die vornehme schmausen,
Die selbst sich bequemen,
Die Predigt vernehmen!

Auch Krebse, Schildkroten,
Sonst langsame Boten,
Steigen eilig vom Grund,
Zu hören diesen Mund.
Kein Predigt niemalen
den Krebsen so g'fallen.

Fisch' große, Fisch' kleine,
Vornehm und gemeine,
Erheben die Köpfe
Wie verständ'ge Geschöpfe,
Auf Gottes Begehren
Die Predigt anhören.

Die Predigt geendet,
Ein jeder sich wendet,
Die Hechte bleiben Diebe,
Die Aale viel lieben.
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.

Die Krebs' geh'n zurücke,
Die Stockfisch' bleib'n dicke,
Die Karpfen viel fressen,
die Predigt vergessen!
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.

António, para o sermão,
Encontra a igreja vazia.
Vai para o rio
E prega aos peixes!
Todos dão à cauda,
Brilhando ao Sol.

As carpas, em cardume,
Vieram todas à uma.
Estão de boca aberta
A escutar com atenção.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos peixes!

Os lúcios, de boca em bico,
Sempre a guerrear,
Nadaram velozes
Para ouvir o Santo!

Mesmo criaturas fantásticas,
Sempre de dieta,
Quero dizer, os bacalhaus,
Apareceram ao sermão.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos bacalhaus!

Belas enguias e esturjões,
Que vão às festas finas,
Acomodam-se
Para ouvir o sermão.

Também caranguejos e tartarugas,
Lentos, de costume,
Sobem depressa do fundo
Para ouvir esta boca.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos caranguejos!

Peixes grandes, peixes pequenos,
Nobres ou vulgares,
Erguem a cabeça
Como seres inteligentes,
Por vontade de Deus,
Para ouvir o sermão.

O sermão terminou,
Cada um vai à sua vida.
Os lúcios continuam ladrões,
As enguias fazem amor.
O sermão agradou,
Continuam como eram!

Os caranguejos recuam,
Os bacalhaus continuam gordos,
As carpas alarvam,
O sermão está esquecido.
O sermão agradou,
Continuam como eram!