14.12.07

O "Ring" de Keilberth


Um monumento.
Gravado em Bayreuth em 1955, ficou guardado numa gaveta até ser editado pela Testament em 2006. Foi utilizada a melhor tecnologia da época para registar "Der Ring des Nibelungen" em som estereofónico e o resultado é verdadeiramente extraordinário. Joseph Keilberth dirigia o coro e a orquestra do Festival de Bayreuth. Astrid Varnay e Wolfgang Windgassen eram Brünnhilde e Siegfried. Os gémeos Sieglinde e Siegmund eram Gré Brouwenstijn e Ramón Vinay. Hans Hotter cantava o deus Wotan.

A edição é muito cuidada e vem ilustrada com fotografias da encenação de Wieland Wagner, neto do compositor e responsável pela renovação de Bayreuth no período pós-guerra. (Também já saiu a versão económica.)

Eis uma pequena amostra: a Morte de Siegfried e a marcha fúnebre que se lhe segue. Perto do final de "Götterdämmerung" (Crepúsculo dos Deuses), Siegfried é morto por Hagen, cumprindo-se mais uma vez a maldição do anel. Siegfried recorda o momento em que acordou Brünnhilde com um beijo e despede-se da vida. A marcha fúnebre é um desfile dos principais motivos musicais "condutores" (Leitmotive) da tetralogia.


SIEGFRIED

Brünnhilde! Heilige Braut!
Wach' auf! Öffne dein Auge!
Wer verschloss dich wieder in Schlaf?
Wer band dich in Schlummer so bang?
Der Wecker kam; er küsst dich wach,
und aber, der Braut bricht er die Bande:
da lacht ihm Brünnhildes Lust!
Ach! Dieses Auge, ewig nun offen!
Ach, dieses Atems wonniges Wehen!
Süsses Vergehen,
seliges Grauen.
Brünnhild' bietet mir Gruss!

SIEGFRIED

Brünnhilde! Noiva sagrada!
Acorda! Abre os teus olhos!
Quem te forçou de novo a dormir?
Quem te encerrou neste sono assustador?
Chegou o que te vai acordar, com um beijo,
e libertar a noiva dos grilhões.
A alegria de Brünnhilde sorri-lhe!
Ah! Estes olhos, agora abertos para sempre!
Ah! Esta respiração maravilhosa!
Feliz agonia,
Doce Sofrimento.
Brünnhilde saúda-me!