Se há árias que falam dos males do coração, Ah! mio cor! é das que mais impressionam. A feiticeira Alcina, ao sentir-se traída e abandonada por Ruggiero, fica a cantar uma meia dúzia de versos durante uns bons dez minutos. Esta era uma das especialidades de Handel: compor longas árias com uma melodia inspirada, oferecendo aos cantores a hipótese de brilharem com as variações na repetição do tema.
Em 1999, a Erato editou "Alcina", com uma gravação efectuada na Ópera de Paris (Palais Garnier) e as interpretações de Renée Fleming, Susan Graham e Natalie Dessay nos principais papéis. A orquestra Les Arts Florissants foi dirigida pelo seu maestro, William Christie.
Foi editado, já em Agosto, o novo disco de Magdalena Kozená, inteiramente dedicado a árias de Handel: "Alcina", "Giulio Cesare in Egitto", "Theodora", "Ariodante", entre outras obras. A voz luminosa, cristalina, de Kozená atravessa um período de esplendor, que pode ser testemunhado no seu site (Deutsche Grammophon). Um dos muitos momentos altos do disco é precisamente a ária Ah! mio cor!, de "Alcina".
Ah! mio cor!
Ah! mio cor! schernito sei!
Stelle! Dei! Nume d'amore!
Traditore! T'amo tanto;
Puoi lasciarmi sola in pianto,
Oh Dei! perché?
Ma, che fa gemendo Alcina?
Son regina, è tempo ancora:
Resti, o mora, peni sempre,
o torni a me.
Magdalena Kozená canta Ah! mio cor!
(Crindoro)