22.8.11

Comunicado

Devido a problemas de ordem técnica na organização do Festival de Salzburgo, o elenco alternativo composto por Elisabete Matos e Sebastian Catana (Lady Macbeth e Macbeth) não teve acesso a ensaios de cena e de orquestra. Este grave problema levou o Festival, em consonância com o Maestro Ricardo Muti, a não querer expor os cantores acima citados a apresentarem-se nestas condições na sua récita do dia 12 de Agosto.
O Festival escreveu um comunicado elucidativo da situação no programa de mão da dita récita que se transcreve literalmente, cumprindo de qualquer modo com as condições contratuais, aceitando a partida imediata dos cantores, sem a exigência inerente da permanência dos mesmos até ao final do contrato, devido ao incómodo e desagrado provocados por esta delicada situação.

Aufgrund der sehr beschränkten Probenmöglichkeiten für die Doppelbesetzung wurde im Einvernehmen mit beiden Sängern von einem Vorstellungseinsatz Abstand genommen. Die Festspiele schätzen weiterhin die sängerischen und künstlerischen Qualitäten von Elisabete Matos und Sebastian Catana.

(É evidente a tristeza vivida pelos cantores por esta situação e assim mo expressou a própria Elisabete Matos.)

Viver Sem Tempos Mortos


© Funarte - Portal das Artes

Estou no Rio de Janeiro e decidi hoje ir ver Fernanda Montenegro representar no Teatro Dulcina a peça "Viver Sem Tempos Mortos".
A senhora está com 80 anos! Não que se pressinta isso em palco, mas sabe-se! Após sete anos sem fazer teatro esta grande actriz brasileira surgiu há uns tempos apresentando em todo o Brasil este monólogo em que personifica Simone de Beauvoir. Os textos são da própria escritora francesa, baseados nas cartas que ela escreveu a Sartre, e permite-nos uma apaixonante viagem pela vida dela, dos dois, e da França e do Mundo no século XX.
Eu sou daqueles que acham que estão no Brasil alguns dos maiores actores de língua portuguesa da actualidade, se não os melhores. Para mim não há quem se compare hoje, no teatro em língua portuguesa, quer a Marília Pera, quer a Fernanda Montenegro. Sei que isto arrepiará os cabelos de muita gente por aí, mas é a minha opinião. Eu respeito as outras, que respeitem a minha. E nem me interessam polémicas. Gostos não se discutem.
O que mais impressiona neste espectáculo é a sobriedade - aqui está patente aquilo que Lawrence Olivier dizia: basta um estrado, um bom actor e um bom texto para acontecer grande teatro. A encenação é de Felipe Hirsch. Há apenas uma cadeira no centro do palco; Fernanda Montenegro entra, senta-se nela, começa a falar, e depois são 50 minutos de monólogo. E acontece teatro! Não há gritaria, não há olhos muito abertos, não há vozes roucas, não há exageros, nada. Há grande teatro.
Há uns anos esta grande actriz esteve no Conservatório Nacional de Lisboa para um encontro com estudantes e professores. Estava lá meia dúzia de gatos pingados, a maior parte deles ligados à música e não ao teatro...
Pois...

Jorge Rodrigues