1.2.09

"Pollione", de Bellini


Saí da Gulbenkian com a sensação de ter ouvido pouco Bellini. O mesmo Lawrence Foster que tão bem captou o espírito straussiano de "Elektra" deu-nos uma leitura certinha, mas fria, de "Norma".

Do lado dos cantores, concordo que a entrada de Silvana Dussmann foi desastrosa. A coloratura em Ah! Bello a me ritorna saiu tão descontrolada que me encolhi na cadeira, assustado, e temi pelo resto da prestação da senhora. No entanto, o canto de Botha foi tão belo que talvez a tenha ajudado a desemperrar para o II acto e ela aí melhorou, vocal e dramaticamente, apesar de não ter deslumbrado quem é apaixonado pela Norma de Callas ou de Caballé. Mas isso é todo um outro universo.

Johan Botha, que eu tinha por cantor pouco interessante, foi um magnífico Pollione e a sua voz encheu o Grande Auditório sem pedir licença. Foi ele quem proporcionou mais prazer aos nossos ouvidos, nomeadamente no dueto com a Adalgisa de Heidi Brunner.