Gabriela Canavilhas queria ver o caso do director artístico do Teatro Nacional de São Carlos resolvido durante o mês de Abril e assim foi. Dammann cessará funções no próximo dia 30 e o cargo será ocupado, a partir de 1 de Agosto, pelo maestro Martin André. Já em 1993, quando Pedro Santana Lopes era Secretário de Estado da Cultura, Martin André esteve quase a ser maestro titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa, mas terá sido "dispensado sem nenhuma justificação". Faço votos para que desta vez as coisas sejam levadas a sério. Welcome back, Maestro!
De la distribution de grand format vocal émerge incontestablement l’impressionnante Lady Macbeth de Elisabete Matos. Le format wagnérien de cette voix immense et extraordinairement puissante domine sans effort apparent les ensembles et convient aux excès de ce rôle – où Verdi souhaitait, rappelons-le, une « voix rauque, étouffée et caverneuse » – d’autant qu’elle sait alléger, se montre prolixe de nuances et même capable d’une certaine virtuosité, appogiatures et trilles du Brindisi compris. La scène de somnambulisme la pousse à quelques outrances des expressions « hallucinées » et se conclut sur un ré bémol plein et tenu mais qu’elle ne peut cependant parvenir à filer, comme le souhaitait le compositeur. Une prise de rôle très convaincante et d’emblée affinée.
Quelques accessoires troublent aussi le jeu, mais cela est vite oublié lorsque l’on se plonge dans l’interprétation offerte par Elisabete Matos, magistrale Lady Macbeth. Le duo qu’elle forme avec le rôle-titre, assuré par Bruno Caproni, est saisissant.
Adenda: Leia-se também o que escreveu o crítico André Tubeuf:
(...) Elisabete Matos (Lady, Portugaise) tout simplement une révélation [...] : de la voix en haut, en bas, avec partout de l’accent (et pas seulement du timbre), de l’expression et, largement mieux que le ré bémol (ici en force, et qui n’est intéressant et même opportun que s’il est donné en fil de voix), les trilles du Brindisi, opportuns dans ce passage ostensiblement décoratif, le seul de l’ouvrage (pour distraire du désarroi de Macbeth). Que c’est bon et réconfortant, un opéra où d’abord on chante, et où, au lieu de pointures supposées grandes et surpayées des saisons à l’avance, on nous donne la surprise du jour !
Não sei se é verdade ou lenda, mas contaram-me que uma vez, na cena final de "Tosca", quando a cantora Floria Tosca se suicidava atirando-se das muralhas do Castel Sant'Angelo, a rede (imaginemos que era uma rede que a amparava atrás do cenário) resolveu propulsioná-la de novo para cima, proporcionando ao público um motivo para boas gargalhadas. A ser verdade, a cena terá sido digna de um filme de Charlot.
Quando chega o momento em que ela promete a justiça final, o encontro com Scarpia diante de Deus, temo sempre duas coisas: que a cena da rede elástica se repita ou que a heroína se magoe ao cair. Foi o que aconteceu a Elisabete Matos, no início de Março, na quinta récita em Cardiff. Caiu mal, magoou-se na coluna e a contractura obrigou-a a algum tempo de repouso e à ajuda da fisioterapia.
Cena final de "Tosca", com Malfitano e Domingo cantando ao vivo nos locais e às horas a que decorre a acção (1992):
Felizmente, Elisabete Matos recuperou muito bem e encontra-se agora na última semana de ensaios para a sua estreia como Lady Macbeth, em Estrasburgo (Opéra National du Rhin), no dia 25 de Abril.
Andou a ICAR toda a vida a querer fazer passar a ideia de que os seus sacerdotes eram assexuais, voluntariamente celibatários e castos por opção - discutir a sexualidade de um padre era como discutir a dos anjos -, para agora ter de assumir publicamente que eles afinal são homens, logo, iguais às outras pessoas. Sentem desejos, talvez paixão, inveja, ciúme, enfim, tudo o que é natural que se sinta sendo humano. Ou seja: eles, membros do clero, estão acima de todos nós, mas, se convier, para salvar a honra do convento, deixam de estar, transformando-se em pessoas iguais a toda a gente.
Até aí, estamos de acordo: eles são iguais a toda a gente e deveriam ter direito, também, à sua vida sexual. Já não me parece tão normal que altos funcionários da dita instituição venham agora dar tudo por tudo, numa tentativa desesperada de ficar bem na fotografia, comparando o incomparável (a carta de um amigo judeu do pregador oficial do papa veio mesmo a calhar, o pior foi a afronta ser tão grave que desencadeou a onda de protestos que se viu), associando o que não é associável (a França já condenou as palavras do cardeal Bertone) ou trasladando o peso do pecado, carregado desde Eva pelas mulheres, para as crianças (o bispo de Tenerife terá declarado que hay menores que desean el abuso e si te descuidas te provocan em 2007, mas as suas palavras vieram agora novamente à baila). Como escreveu Fernanda Câncio, anything goes.
