20.12.13

In bocca al lupo

Daqui a poucas horas Elisabete Matos sobe novamente ao palco do Met de Nova Iorque para cantar um dos seus papéis de eleição: Tosca. Toi toi toi.

Recordemos, neste pequeno excerto do II acto, como ela o cantou no Teatro de São Carlos. A encenação era de Robert Carsen.


15.12.13

melographia portugueza


Ontem foi lançado mais um CD, o quinto, da gravação integral da obra para tecla de Carlos Seixas por José Carlos Araújo. Um disco que podemos já considerar como histórico. Para o fazer, foi utilizado o pianoforte de Henrique van Casteel, de 1763, que se encontra no Museu da Música (estação de metro de Alto dos Moinhos). Cremilde Rosado Fernandes já o tinha usado para uma gravação, há cinquenta anos, e José Carlos Araújo voltou a tocá-lo recentemente num recital no Museu da Música, quando pudemos ouvir a sonoridade específica do instrumento, cuja fragilidade se pressente também neste disco em que José Carlos toca primorosamente, com dedos de veludo. Recordemos a curta reportagem do Público a propósito desse recital.

O pianoforte de Van Casteel merece ser visto. Diz-nos o livrinho que acompanha o disco:
Com um tampo harmónico de conífera, armação de nogueira e cepo de castanho folheado a jacarandá, este instrumento é, à semelhança do modelo de Cristofori, inteiramente encordoado em latão, o que lhe confere um timbre quente e claro. A deslocação do mecanismo para o lado possibilita o recurso ao registo una corda, em que soa apenas uma das filas de cordas, enquanto a segunda vibra por simpatia. (...)

O disco contém, entre várias sonatas belíssimas, a magnífica K. 15, em Dó menor, aqui interpretada por José Carlos Araújo ao cravo:


Para percebermos o que é o timbre do pianoforte de Van Casteel, ouçamos a Sonata K. 30:


No recital de ontem, José Carlos Araújo tocou o cravo Antunes e, com ele, estiveram a violinista Raquel Cravino e o violoncelista Nuno M. Cardoso, que usou um instrumento que pertenceu à colecção do rei D. Luís, construído por Joaquim José Galrão em 1769. O trio interpretou sonatas em versões reconstituídas para violino ou violoncelo e baixo contínuo. Espera-se também a gravação de um CD pelos três músicos, integrado no projecto discográfico melographia portugueza, utilizando o violino e o violoncelo de Galrão.

José Carlos Araújo (cravo Antunes) e Nuno M. Cardoso (violoncelo Galrão)
(Do Facebook de José Carlos Araújo)

Os discos de José Carlos Araújo, se não os encontrar numa discoteca perto de si, estão à venda na loja do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa (MPMP).

7.12.13

La Traviata no Scala

Diana Damrau e Piotr Beczala durante um ensaio (© Corriere della Sera)

Hoje, como sempre a 7 de Dezembro, é dia de inauguração da nova temporada do Teatro alla Scala e a ópera escolhida para o efeito foi "La Traviata", nem menos. Diana Damrau e Piotr Beczala serão Violetta e Alfredo. Mara Zampieri também lá estará, como Annina. O maestro será Daniele Gatti e a encenação é de Dmitri Tcherniakov. Comemora-se ainda o bicentenário de Verdi e celebra-se Santo Ambrósio. Que ele nos valha.

A transmissão, em diferido, começa pelas 19h49!

(Adenda: Fica disponível, para quem não viu, durante vinte e oito dias.)

25.11.13

Noites em São Carlos

Já abriu a nova exposição Noites em São Carlos, a visitar até ao próximo dia 23 de Dezembro. A exposição anterior, em Agosto de 2012, recebeu cerca de oito mil visitantes. Desta vez, os temas são os bicentenários de Verdi e de Wagner, os 120 anos do nascimento de Almada Negreiros e os 150 anos do barítono Maurício Bensaúde.
Há ainda um núcleo dedicado ao tenor António de Andrade, cujo espólio composto por fotografias e objectos pessoais foi recentemente doado ao Teatro de São Carlos.

Algumas peças em destaque:

Maqueta para a ópera Inês de Castro, de Ruy Coelho (Almada Negreiros, 1943)

Maqueta para a ópera Parsifal, de Richard Wagner (Peter Bissegger, 1973)

Poderemos ver cenários e peças de guarda-roupa de Rigoletto (da encenação de Gino Bechi, em que participaram, ao longo das várias apresentações em São Carlos, cantores como Alfredo Kraus, Fernando Teixeira, Piero Cappuccilli, Renato Bruson, Elvira Ferreira, Ileana Cotrubas, Elisete Bayan, ou Carlos Fonseca) e de diversas óperas de Wagner.

A exposição pode ser visitada todos os dias, excepto à quarta-feira, entre as 10h e as 18h, com visitas guiadas de meia em meia hora.
As entradas custam 5€ por pessoa; crianças até aos cinco anos de idade têm entrada livre; os menores de 18 anos, maiores de 65 anos e os grupos com mais de 15 pessoas beneficiam de desconto (bilhete: 3€).

(Imagens do Centro Histórico do TNSC)

22.11.13

Para o dia de Santa Cecília


O recente recital de Maria João Pires e António Meneses na Salle Pleyel, em Paris. Em linha durante os próximos 179 dias.

15.11.13

As Asas do Besouro

John Singer Sargent, Ellen Terry como Lady Macbeth (1889)
(Tate Gallery)
A Tate Gallery possui um quadro de John Singer Sargent que retrata a actriz Ellen Terry com um vestido em tons de verde, decorado com mil asas de besouro. É o vestido que ela usara no palco como Lady Macbeth e que ainda existe e foi recentemente a restaurar. Mil e trezentas horas e cinquenta mil libras depois, o vestido regressa a Smallhythe Place, a casa quinhentista onde Ellen Terry viveu e morreu, em 1928.

O Daily Mail conta a história

8.11.13

A Turandot de Pequim

Especialmente para quem não facebooka.
Eis algumas fotografias da "Turandot" de Elisabete Matos em Pequim no passado mês de Outubro, publicadas pelo National Centre for the Performing Arts. Vladimir Galouzine como Calaf e Yao Hong como Liù.







7.11.13

Aniversário #2

(©)

E parabéns à Grande Dame Gwyneth Jones, que nasceu há 77 anos numa terrinha no País de Gales chamada Pontnewynydd. Sem mais palavras.




Aniversário #1

(©)

Porque hoje é dia 7 de Novembro comemora-se o aniversário da estupenda Dame Joan Sutherland. Faria hoje 87 anos.
Na noite de 24 de Abril de 74 cantava "La Traviata" no Coliseu dos Recreios, com Alfredo Kraus, após as récitas no Teatro de São Carlos. Há quem as recorde. Para mim, ela será sempre a Lucia do Liceu, a sua última, quando já contava 62 anos.


Anos antes, e contando com o humor inglês, era assim:


5.11.13

Crónica Londrina (por Jorge Rodrigues)

Much Ado About Nothing


Cá te envio, Paulo, mais um relato de uma viagem teatral relâmpago a Londres, desta feita para ver Vanessa Redgrave e James Earl Jones como protagonistas de uma divertida (mas, como sempre em Shakespeare, também abissal) guerra de amores – a peça “Much Ado About Nothing”,  que está em cena no Old Vic numa encenação de Mark Rylance.
Redgrave e Earl Jones  estão a representar pela primeira vez estes papeis e estão, simultaneamente, a estrear-se no Old Vic, que é um dos mais míticos palcos londrinos, aquele onde existe, segundo Laurence Olivier, “a mais poderosa relação actor / público do mundo”.
A produção nasceu do desejo dos dois actores de representarem juntos esta peça, e Mark Rylance (antigo director do Teatro Globe) assume que foi precisamente esse desejo o motor da sua encenação: “Esta produção nasceu da ideia de ter Beatrice e Benedick interpretados por James Earl Jones  e por Vanessa Redgrave. Eles foram não apenas a origem da inspiração, como permaneceram uma inspiração contínua durante os ensaios”. Creio não haver memória de estes dois papéis terem sido representados por um par de intérpretes tão avançados na idade, mas é essa precisamente a grande e comovente lição a tirar desta visão: Amor omnia vincit, até as barreiras do tempo. Isso terá, não duvido, causado estranheza a alguns poucos, mas  a maioria dos ingleses (talvez o povo que mais respire teatro no mundo) não é provinciana, e sabe bem que vale sempre a pena ir ao teatro para ver grandes actores. A recepção do público no final, aliás, foi a prova disso - aquilo parecia um concerto rock de contentamento!
E que prazer quase infantil foi para mim ouvir num teatro a “voz do Darth Vader” verbalizando versos confiados a Benedick, o apaixonado. E que contentamento, poder ouvir a voz de Vanessa Redgrave, que está no meu corpo incrustada devido ao cinema, impor-se sonoríssima na sala do Old Vic. 
A acção nesta encenação decorre em Inglaterra no Outono de 1944, numa casa de campo e numa aldeia próximos de uma base militar norte-americana. Claire van Kampen, responsável pela escolha musical, deu-nos um ambiente sonoro de Anos 40. Como a própria explica no programa, “a rádio abriu a porta para um novo som na Inglaterra da guerra, o que levou a uma fusão cultural que ecoa nesta produção”.
Os “ricos” são por vezes perdulários, e os londrinos, para além destes dois monstros sagrados, têm nesta produção um naipe de outros actores que fariam a inveja de qualquer teatro do mundo. Referirei apenas a soberba criação de Peter Wight num impagável Dogberry, e as de Beth Coole (Hero) e de Lloyd Everitt (Claudio) – e não refiro mais nomes porque esta produção foi pensada e construída para Redgrave e Earl Jones.
Nem sei, nem me interessa, o que disse a crítica (que não li, juro!, como sempre faço). Teatro, teatro, teatro – é o que se tem quando em palco se movimentam actores destes. O resto é conversa. O Old Vic continua cheio a abarrotar há semanas e para arranjar bilhetes há que penar.

Como já te disse, as idas a Londres são sempre oportunidade de, para além do teatro, se visitarem as magníficas exposições que a capital inglesa sempre propõe. Desta feita lá vi uma exposição temporária (“Facing the Modern – The Portrait in Vienna 1900”), patente na National Gallery, dedicada à Viena de que nos fala Stefan Zweig e que desapareceu na I Grande Guerra - a Viena de Freud, Mahler, etc.  Assim, ali estavam, para meu maravilhamento, quadros de Klimt, Kokoschka, Gerstl, Koller, Schiele, até Arnold Schoenberg. Mas não vamos falar disso aqui. Deixo-te apenas a reprodução do quadro magnífico de Schiele, talvez o que mais me marcou em toda a exposição. E já que de pintura estou a falar, confesso-te que fiquei pregado ao chão (isto já na Tate Modern) com um magnífico quadro da “nossa” Vieira da Silva, que me maravilhou depois de eu ter visto as salas Rothko e Gerhard Richter, o que não é dizer pouco!

Egon Schiele, Retrato de Albert Paris von Gütersloh

Tal como não mais esquecerei o verso d’O Sonho de Uma Noite de Verão que ouvi por Judi Dench há cerca de dois anos, e de que te falei aqui (“What angel wakes me from my flowery bed?”), também agora ficaram impressos em mim para sempre três versos de um dos diálogos entre Beatrice e Benedick na I Cena do IV Acto:

Bea: I love you with so much of my heart, that none is left to protest.
Ben: Come, bid me do anything for thee.
Bea: Kill Claudio
(Acto IV, Cena I)

O “Kill Claudio” foi impagável!

Jorge Rodrigues

4.11.13

A Filha do Regimento

Hoje chega "La Fille du Régiment" ao Teatro de São Carlos, com reaparições a 6, 8 e 10 de Novembro. A ópera cómica de Donizetti estreou em Paris em 1840 e no Real Teatro de São Carlos no ano seguinte, na versão italiana que entretanto fora apresentada em Milão.

A acção passa-se nas montanhas do Tirol, em 1800, após a batalha que deu vitória a Napoleão sobre os Austríacos em Marengo. Marie, órfã adoptada pelos soldados do regimento quando era criança, apaixona-se pelo jovem tirolês Tonio, que, feito prisioneiro, se alista no exército para poder casar com ela. Contudo, a marquesa de Berkenfield vem pedir protecção ao sargento Sulpice e este recorda que era esse o nome que encontrara junto da criança adoptada pelo regimento. A marquesa assume que Marie é sua sobrinha e leva-a consigo para lhe dar a devida educação no palácio. A aula de canto, com a própria marquesa ao piano, é uma das cenas mais divertidas da ópera.
Tonio vem pedir a mão de Marie à marquesa mas ela diz-lhe que está a ser preparado o casamento de Marie com o filho da duquesa de Krackenthorp. No entanto, o casamento não chega a concretizar-se porque o regimento irrompe pelas salas do palácio para resgatar Marie e a verdade é revelada: ela é afinal filha ilegítima da marquesa. Para que o final seja feliz, a marquesa consente que Marie case com Tonio e dão-se vivas à França.





(Fotos © Alfredo Rocha / Teatro Nacional de São Carlos)
Marie Cristiana Oliveira
Tonio Alessandro Luciano
Sulpice Luís Rodrigues
Marquesa de Berkenfield Patrícia Quinta
Hortensius João Oliveira
Duquesa de Krackenthorp Paula Fonseca
Notário Philippe Leroux
Oficial Frederico Santiago
Camponês Carlos Silva

Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Maestro titular: Giovanni Andreoli

Orquestra Sinfónica Portuguesa

Direcção Musical Rui Pinheiro
Encenação Mário Redondo
Cenografia Luís Santos
Figurinos Maria Gonzaga
Desenho de luz Paulo Sabino

19.10.13

Raummusik

A Filarmonia de Berlim está a celebrar os cinquenta anos de existência (abriu a 15 de Outubro de 1963) e amanhã, Domingo, terá lugar um concerto comemorativo com transmissão gratuita via Digital Concert Hall. Para ouver, quem puder, às nossas 7 da tarde.
It is well known that the nature of musical space has had, and still has, great importance for many composers of the 20th and 21st century – György Ligeti for one commented that he had always sought to “suggest space”. The Berliner Philharmoniker, conducted by Sir Simon Rattle, dedicate this gala concert celebrating the 50th anniversary of the Philharmonie to the theme of “space music”, including a new work written specifically for the occasion by Wolfgang Rihm. Access to the live broadcast is free!

As early as the 16th century, composers of the Venetian School created highly diverse “space music” based on the principle of polychoral writing, exploiting the two opposing organ galleries of San Marco, as is impressively documented by the works of Giovanni Gabrieli. Ralph Vaughan Williams’s Fantasia on a Theme by Thomas Tallis also creates the impression for the listener of near and distant music, with the music that seems to come from afar representing a long past chapter in music history.

Similarly shrouded sounds are provided by the first movement of Beethoven’s Sonata quasi una fantasia op. 27 No. 2, known as the Moonlight Sonata, performed by Mitsuko Uchida, while György Kurtág’s spatial composition ...quasi una fantasia... played by the students of the Orchestra Academy together with the pianist, also requires spatially distributed instrument groups in addition to the piano. Hector Berlioz was yet another composer who knew how to use remote instruments skillfully and create imaginary spatial scenes. His monumental Grande Symphonie funèbre et triomphale op. 15 concludes this concert to celebrate the architect Hans Scharoun’s most significant creation.

O edifício projectado por Hans Scharoun é deslumbrante e tem servido de modelo inspirador para novas salas de concerto como as Filarmonias de Hamburgo (Herzog & de Meuron) e de Paris (Jean Nouvel), ambas em construção.




Um dos "retratos de família" de Martin Liebscher encontra-se no foyer. É uma colagem digital a partir de mais de mil imagens do artista, fotografado nas poses mais improváveis.



(Imagem retirada do site de Martin Liebscher)
Parabéns, Berlim.

17.10.13

"Ação de voluntariado em Sintra para a erradicação de espécies infestantes"

A Parques de Sintra informa:


9 de Novembro

-  Eliminação de espécies infestantes na Tapada de Monserrate
-  Proteger as espécies autóctones da Serra de Sintra
-  Dia do Magusto: oferta de castanhas e água-pé aos voluntários


A Parques de Sintra abre hoje as inscrições para todos os que queiram colaborar, durante a manhã do dia 9 de Novembro, numa campanha de voluntariado para controlo de espécies arbóreas infestantes na Tapada de Monserrate, como é o caso das famosas Acácias.


As equipas da empresa trabalham durante todo o ano na erradicação destas espécies, que prejudicam o desenvolvimento das autóctones mas este tipo de iniciativas, com muitos participantes, traduzem-se num valioso contributo pelo volume de trabalho que é possível realizar num curto espaço de tempo. Esta é uma boa altura para este tipo de trabalhos, dado que o solo começa a estar molhado e o arranque é mais fácil.


As espécies infestantes (introduzidas como ornamentais no século XIX) são muito difíceis de erradicar, apresentando-se como uma forte ameaça não só para a flora como também para a fauna da Serra de Sintra. Devido ao seu rápido crescimento dominam as espécies autóctones, prejudicando o desenvolvimento de árvores como o Carvalho Português, , o Carvalho Alvarinho, o Sobreiro e os Medronheiros, entre outros. No que respeita à vida animal são de particular perigo para alguns tipos de aves, como é o caso da Águia-de-Bonelli, dado que formam habitats cerrados pouco adequados para garantir acesso a alimento, e também para espécies como o Lagarto de Água, uma vez que as infestantes não permitem o crescimento da vegetação ao longo das margens das ribeiras e linhas de água, onde estes animais nidificam e procuram abrigo.

Nesta ação de voluntariado, organizada no âmbito do projeto BIO+Sintra, o arranque de infestantes (Acácias, Pitosporos e Áquias) será manual (pedindo-se aos participantes que tragam luvas), dado que as espécies são ainda jovens e esta é a forma mais eficaz. Após terem sido arrancadas serão acumuladas e recolhidas pelas equipas da Parques de Sintra.


A ação de voluntariado está aberta a todos os que pretendam ajudar a controlar as espécies invasoras na Serra de Sintra (mediante inscrição prévia) e a restituir-lhe a capacidade de desenvolvimento das espécies autóctones. Os voluntários serão acompanhados por técnicos, na sua maioria biólogos que, durante todo o ano, estão presentes nas ações do Projeto BIO+Sintra, conduzido pela Parques de Sintra e cofinanciado pela Comissão Europeia.

A inscrição prévia é obrigatória e a receção dos participantes está marcada para as 9h00 na Quintinha de Monserrate, formando-se equipas de trabalho que seguirão posteriormente para vários talhões da Tapada de Monserrate.

A iniciativa terminará ao final da manhã com a celebração do Magusto, ou seja, com castanhas e água-pé, enquanto os participantes têm também a oportunidade de visitar as instalações da Quintinha de Monserrate, nomeadamente as áreas hortícolas, linha de água e os animais que ali habitam (burro, égua, ovelhas, coelhos, galinhas, entre outros).

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A Quintinha de Monserrate é uma quinta pedagógica, situada a menos de três quilómetros do centro histórico de Sintra, em que se recria o tradicional e o pitoresco da região com a finalidade de dar a conhecer a herança cultural local. Em tempos foi a Quinta que abastecia o Palácio de Monserrate, propriedade de que é adjacente. Com uma área de cerca de dois hectares, árvores autóctones e uma linha de água, a Quintinha oferece condições notáveis para a recriação de uma pequena exploração agrícola, com áreas destinadas a diferentes tipos de plantações e animais.

Ação de Voluntariado para Erradicação de Infestantes
Tapada de Monserrate (encontro na Quintinha de Monserrate)
9 de novembro, 9h – 13h30
Gratuito mediante inscrição prévia obrigatória (npa@parquesdesintra.pt)

Programa:

9h00 – Receção dos Voluntários
9h30 – Deslocação até aos talhões de trabalho
10h00 – Erradicação de infestantes
12h00 – Regresso à Quintinha de Monserrate
12h30 – Magusto

Inscrições e informações para o público:
+351 21 923 73 00 ou npa@parquesdesintra.pt

10.10.13

Verdi - 200 Anos

Giuseppe Verdi (fonte)

No dia de hoje, há duzentos anos, nascia Giuseppe Fortunino Francesco Verdi. Parabéns ao Mestre.

Elisabete Matos em concerto com a Orquestra Nacional do Porto, sob a direcção de Marc Tardue, no dia 13 de Janeiro de 2001 (Coliseu do Porto): Ritorna vincitor.



E com a mesma orquestra, também no Coliseu do Porto, a 26 de Outubro de 2002. Desta vez, a direcção coube a Giuliano Carella: Pace, pace, mio Dio.

8.10.13

Il Cappello di Paglia di Firenze no TNSC

Amanhã, 9 de Outubro, estreia no Teatro de São Carlos "Il Cappello di Paglia di Firenze". Trata-se de uma opera buffa de Nino Rota, que terminou a composição em 1955, e é a reposição da encenação de Fernando Gomes que os Fanáticos viram em 2011.

Nino Rota, mais conhecido como compositor de música para filmes de Fellini, fez com O Chapéu de Palha uma ópera à maneira antiga, piscando o olho a Mozart e a Rossini, mas também com uma referência a Wagner. Os acordes que acompanham a cena da tempestade afloram a Cavalgada das Valquírias.

O enredo é simples: no dia do casamento de Fadinard, o seu cavalo comeu o chapéu de palha de Anaide, que se encontrava com o amante, Emilio. Fadinard vê-se obrigado a partir em busca de um chapéu igual para que o marido de Anaide não desconfie da traição. A partir daí, assiste-se a uma sucessão de cenas cómicas e mal-entendidos que Fernando Gomes soube pôr em cena com muita graça. Tudo acaba bem.

João Merino, Dora Rodrigues e Marco Alves dos Santos

Mário João Alves e Ana Franco

Luís Rodrigues, Lara Martins, Mário João Alves, José Fardilha e Carlos Guilherme
Coro do TNSC


A direcção musical é de João Paulo Santos e o elenco é exclusivamente português:

Fadinard, jovem abastado
Mário João Alves

Nonancourt, agricultor
José Fardilha

Beaupertuis
Luís Rodrigues

Elena, filha de Nonancourt
Lara Martins

Anaide, mulher de Beaupertuis
Dora Rodrigues

A Baronesa de Champigny
Maria Luísa de Freitas

Vézinet, o tio surdo
Carlos Guilherme

Emilio, o oficial
João Merino

Felice, mordomo de Fadinard
Marco Alves dos Santos

A modista
Ana Franco

Achille di Rosalba
João Sebastião

Um guarda
José Lourenço

Um cabo da guarda
André Baleiro

Minardi, o violinista famoso
Alberto Lobo da Silva

Récitas a 9, 10 e 14 de outubro às 20h00 e a 13 de outubro às 16h00.
Fotos do TNSC

Patrice Chéreau, 1944-2013

Ferruccio Furlanetto

Patrice Chéreau (© Libération)
De Chéreau, fica-me acima de tudo o mítico Anel de 1976/80 em Bayreuth e a Isolde de Waltraud Meier em Milão, mas também a extraordinária encenação que fez para a peça I am the Wind, que o Festival de Almada em boa hora mostrou. A busca da essência contra o espalhafato circense.
Chéreau faleceu ontem em Paris, vítima de cancro.




5.10.13

As Crises e os Cortes


Também na Alemanha. Há dias, cerca de cem orquestras alemãs estiveram em greve e os Filarmónicos de Berlim também vieram para a rua.



Fica aqui um excerto do comunicado que a Helena generosamente traduziu (para ler na íntegra):
Tem de voltar a haver financiamentos satisfatórios para o teatro e as orquestras na Alemanha. Se a base das orquestras alemãs continua a desmoronar-se, também as orquestras mais famosas devem temer pelo seu futuro. O nosso protesto solidário e público dirige-se contra esta situação, ao lado de todas as orquestras alemãs de música clássica. Em coro com os nossos colegas, os membros da Orquestra Filarmónica de Berlim dizem: "basta!". Esta é a nossa exigência a todos os políticos com responsabilidades nesta área: manter a nossa paisagem de orquestras com as suas características únicas!

1.10.13

Relembrando


José Carlos Araújo faz-nos uma visita guiada ao pianoforte de Henrique van Casteel, construído há duzentos e cinquenta anos, no qual tocará mais logo, às 18h00, no Museu da Música, ali na estação de metro de Alto dos Moinhos. Veja a reportagem do Público.

Adenda: Foi um privilégio ouvir José Carlos Araújo tocar aquele instrumento, tão frágil, com uma sonoridade tão própria. Cada sonata de Carlos Seixas torna-se numa obra-prima, numa peça de delicada filigrana. Além de Seixas, ouvimos Domenico Scarlatti, Francisco Xavier Baptista e João de Sousa Carvalho.

30.9.13

Papagenos

(©)

A Flauta Mágica nasceu há precisamente 222 anos no Theater auf der Wieden, que existia no que era então um subúrbio de Viena, muito perto da actual Wiener Staatsoper. Emanuel Schikaneder, que dirigia o Teatro, escreveu o libreto e interpretou o papel de Papageno.

A Flauta encantou Ingmar Bergman e os seus Papagenos continuam deliciosos.


26.9.13

Nomeações

Paolo Pinamonti no Teatro de São Carlos (© Público)

Há poucas semanas soube-se que o pianista Adriano Jordão tinha sido nomeado vogal da OPART, "com responsabilidade directa nos pelouros artísticos", em substituição do maestro César Viana. Mais recentemente, soube-se que Joana Carneiro tinha sido nomeada maestrina titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa e que Paolo Pinamonti assume as funções de "consultor artístico encarregado da programação".
Segundo o Público, a Secretaria de Estado da Cultura informa que "a programação do primeiro semestre de 2014 será apresentada no fim de Novembro" e que se pretende "retomar as apresentações das temporadas completas a partir da temporada de Setembro 2014/Julho 2015". Cá estaremos para ver. Assim sobre algum dinheiro do magro orçamento e tudo isto não passe de mais uma incorrecção factual.

Para já, Pinamonti não deverá deixar a direcção artística do Teatro da Zarzuela e Joana Carneiro manterá os seus cargos e funções junto da Orquestra Gulbenkian.
O crítico Augusto M. Seabra diz, num artigo onde também podemos ler algumas opiniões de Rui Vieira Nery e de Alexandre Delgado, que sem a resolução de vários problemas estruturais, "as recentes nomeações são uma semi-solução que arrisca ser completamente inconsequente".

Não que nos sirva de consolo, mas Madrid e Barcelona também não andam muito bem. O Teatro Real despediu Gerard Mortier e substituiu-o por Joan Matabosch (deixando o Liceu sem director artístico), mas acabou por criar o cargo de consultor artístico para re-empregar o Barão Mortier e tudo terminar em paz.

24.9.13

Para o Dia Internacional da Música

Pormenor do pianoforte de Henrique van Casteel
© Museu da Música
"É esta a sonoridade esplendorosa do pianoforte histórico construído em Lisboa por Henrique van Casteel em 1763 e conservado na colecção instrumental do Museu da Música (classificado como Tesouro Nacional), que inauguraremos, após uma importante intervenção e depois de cerca de 50 anos de silêncio, no próximo dia 1 de Outubro, celebrando a passagem de 250 anos sobre a sua construção e aproveitando para lançar o 3º CD da Integral Seixas. Esta gravação da sonata K. 37, em Mi menor, é do ensaio de hoje, ainda na oficina do Museu, de onde será amanhã transportado para a colecção permanente.
Um instrumento extremamente frágil e com um quarto de milénio, que, ainda assim, nos transporta até ao séc. XVIII num sopro através da música extraordinária de Carlos Seixas."
José Carlos Araújo

16.9.13

Ainda Poulenc

Pedro Neves
O Teatro de São Carlos mostra, em curtos vídeos caseiros, excertos do concerto da passada Sexta-feira. A sala estava quase cheia, o que é sempre bom de ver. E óptimo foi ver a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos novamente muito bem dirigidos por Pedro Neves, que durante esta temporada visitará também a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.
Os solistas estiveram a condizer. Tanto Sara Braga Simões no Gloria, como os pianistas Daniel Cunha e Paulo Oliveira, ambos pupilos de Sequeira Costa.





13.9.13

Poulenc na rentrée

Mais logo, o Teatro de São Carlos abre a temporada com três obras de Poulenc: Les Biches, Concerto para Dois Pianos em Ré Menor e Gloria. Canta Sara Braga Simões, tocam Paulo Oliveira e Daniel Cunha e Pedro Neves dirige.
O ensaio geral foi assim:


6.9.13

Parabéns, Elisabete!

Elisabete Matos comemora hoje mais um aniversário. Aqui fica o presente dela e para ela, que se encontra em Boston para mais uma celebração do bicentenário de Richard Wagner.

O presente é a gravação ao vivo dos Wesendonck-Lieder, interpretados por Elisabete Matos com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direcção de Milán Hórvath. Foi no dia 25 de Outubro de 2002 no Teatro Nacional de São Carlos.






5.9.13

Um convite de Jorge Rodrigues

TUDO A SAMBAR, DEPOIS DE TCHAIKOVSKY!

Paulo, creio que já me conheces bem, e saberás que não sou muito de grandes entusiasmos.
Tenho, no entanto, andado a passar estes últimos dias em grande alegria musical, pois deu-me para seguir as apresentações em Portugal da Orquestra Municipal de Campos - Mariuccia Iacovino, que foi fundada há 16 anos dentro dos moldes do “El Sistema” venezuelano, e que é hoje considerada o melhor exemplo de inclusão social através da música no Brasil. Basta dizer que mantém presentemente em actividade cerca de 1800 crianças dentro de um projecto intitulado “Orquestrando a Vida”, que inclui bandas, coros infantis e vários grupos orquestrais.
Esta Orquestra já se apresentou em importantes teatros da América do Sul e dos Estados Unidos da América (Carnegie Hall de Nova York), por vezes ao lado de intérpretes como Yo-Yo Ma, Lang Lang, Itzhak Perlman, que manifestaram enorme entusiasmo com o trabalho e a energia destes jovens provenientes de comunidades carentes. Em 2011 inaugurou as comemorações dos 102 anos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro realizando, sob a direcção do maestro Gustavo Dudamel, um concerto em homenagem ao maestro José Antonio Abreu, fundador do “El Sistema” e da Orquestra Simon Bolívar na Venezuela.
Esta digressão a Portugal assinala a estreia da Orquestra Municipal de Campos - Mariuccia Iacovino na Europa. Os seus músicos, sempre dirigidos pelo Maestro Luís Maurício Carneiro, estrearam-se na Europa em Amarante no dia 31 de Agosto. Foram no dia seguinte para o Palácio de Mateus, em Vila Real, seguiram para Coimbra no dia 2, e depois para a Figueira da Foz, onde actuaram a 3.
Lisboa teve oportunidade de os ver e ouvir hoje, 4 de Setembro, no Conservatório Nacional de Lisboa. No dia 6 tocam no Rossio de Azeitão, às 21 e 30, e despedem-se em Lisboa e do nosso país na sala do Teatro Nacional de São Carlos no dia 7 de Setembro às 18 e 30.
O esquema é simples e eficaz. Os concertos iniciam-se sempre com duas obras do repertório chamado erudito. Os músicos entram com uma postura solene, de smoking eles, de vestido escuro elas, e tocam então os “clássicos”, que podem ir de Mozart a Tchaikovsky. Depois irrompe o Brasil profundo, com as suas danças, os seus ritmos, a sua contagiante energia.
Estive presente nos concertos de Amarante, da Casa de Mateus e do Conservatório Nacional de Lisboa. Asseguro-te que ninguém ficou indiferente. No fim todos dançávamos o samba.
E lá estarei de novo em São Carlos no dia 7.
É um espectáculo divertidíssimo, que alia a boa música à desbunda total. Gostaria de te ver por lá.
Deixo-te algumas imagens captadas na Casa de Mateus, para poderes assistir à loucura.

Jorge Rodrigues

31.7.13

Do Anel de Bayreuth

Terminou há poucas horas a apresentação do primeiro ciclo do novo Anel de Bayreuth, o esperado Anel do Bicentenário, com aplausos estrondosos para o maestro Kirill Petrenko e a Orquestra do Festival e uma pateada monumental (mas monumental mesmo: durou longos minutos) para a equipa do engendrador Frank Castorf.
Sabe-se que o sonho húmido de Castorf, habituado a cortar e alterar os textos dos autores clássicos que encena na Volksbühne, em Berlim, era fazer o mesmo à obra de Richard Wagner, heresia que nem as tontas que o contrataram, as meias-irmãs Katharina Wagner e Eva Wagner-Pasquier (bisnetas do compositor), permitiram.

Fiquemos com uma pequena ideia do que foi este Anel: a cena final de "Siegfried", em que Brünnhilde é acordada pelo seu herói, canta loas ao Sol e à Luz, ambos descobrem o amor, e tudo isto se passa enquanto tomam um copo numa esplanada em Alexanderplatz. Talvez a ideia de Castorf fosse chocar o público (olha a novidade!), já que, resumindo as críticas que li e ouvi num debate após a transmissão de hoje (via Bayerischer Rundfunk), não conta uma história nova e limita-se a mostrar imagens disparatadas para entreter visualmente o espectador, descurando o trabalho com os cantores e a essência da obra, exactamente o oposto do que fazia Patrice Chéreau há quase quarenta anos.

Catherine Foster e Lance Ryan como Brünnhilde e Siegfried (© Bayreuther Festspiele/Enrico Nawrath)

O Intermezzo tem mais imagens: "Das Rheingold", "Die Walküre", "Siegfried", "Götterdämmerung".


29.7.13

O Lago dos Cisnes

Filipa de Castro (Odette) e Carlos Pinillos (Príncipe Siegfried)

Ontem, O Lago dos Cisnes fechou, e em grande, a edição deste ano do Festival Ao Largo. Naturalmente, a "casa" estava cheia. Mulheres que são cisnes e que têm asas em vez de braços, deslizando sobre as águas ao som da maravilhosa música de Tchaikovsky, e uma história romântica como só ela são os ingredientes que fazem do Lago o expoente máximo do bailado clássico.

A Companhia Nacional de Bailado deu-nos uma versão muito bela da história de Odette e Siegfried, incarnados por Filipa de Castro e Carlos Pinillas, ambos em estado de graça e empatia perfeita. Filipa de Castro teve momentos sublimes, a nível técnico e interpretativo, tanto como Princesa Odette como no papel da pérfida Odile. No final, os aplausos foram verdadeiramente estrondosos e, na minha opinião, muito bem merecidos. Não apenas para os solistas principais mas para toda a CNB, que nos apresentou um espectáculo de grande qualidade. Nota alta também para os figurinos de José António Tenente.

Dominic Whitbrook

Fotos de Bruno Simão / TNSC

16.7.13

Nos Bosques Profundamente Silenciosos das Montanhas Trácias

Alice Medeiros e João Villas-Boas

A partir de Monteverdi, Virgílio e Ovídio, Miguel Loureiro criou um espectáculo muito simples e muito belo dedicado ao mito de Orfeu, num pequeno espaço junto ao mercado da Ribeira, em que o intimismo e a proximidade dos actores jogam a favor da eficácia. Com parcos meios, a cenografia resume-se a uma parede onde se abrem cinco óculos, nos quais surgem os rostos dos cinco actores (Inês Nogueira, Alice Medeiros, Gonçalo Ferreira de Almeida, João Villas-Boas e Miguel Loureiro) que dão voz e expressão ao texto.

Inês Nogueira

Luísa Brandão e Luís Castanheira cantam alguns trechos da favola in musica "Orfeo", de Monteverdi, acompanhados à espineta por João Aleixo.

Luís Castanheira, João Aleixo e Inês Nogueira

Nos bosques profundamente silenciosos das montanhas trácias,
Orfeu, ao tanger a sua lira melodiosa, arrastava as árvores,
Conduzia os animais selvagens da floresta.

Para ver e ouvir até 31 de Julho, na Rua da Ribeira Nova, 44. Com cuidado. Com prazer.


Informações (FB)
Reservas: 968 510 914 / 962 566 961