25.11.13

Noites em São Carlos

Já abriu a nova exposição Noites em São Carlos, a visitar até ao próximo dia 23 de Dezembro. A exposição anterior, em Agosto de 2012, recebeu cerca de oito mil visitantes. Desta vez, os temas são os bicentenários de Verdi e de Wagner, os 120 anos do nascimento de Almada Negreiros e os 150 anos do barítono Maurício Bensaúde.
Há ainda um núcleo dedicado ao tenor António de Andrade, cujo espólio composto por fotografias e objectos pessoais foi recentemente doado ao Teatro de São Carlos.

Algumas peças em destaque:

Maqueta para a ópera Inês de Castro, de Ruy Coelho (Almada Negreiros, 1943)

Maqueta para a ópera Parsifal, de Richard Wagner (Peter Bissegger, 1973)

Poderemos ver cenários e peças de guarda-roupa de Rigoletto (da encenação de Gino Bechi, em que participaram, ao longo das várias apresentações em São Carlos, cantores como Alfredo Kraus, Fernando Teixeira, Piero Cappuccilli, Renato Bruson, Elvira Ferreira, Ileana Cotrubas, Elisete Bayan, ou Carlos Fonseca) e de diversas óperas de Wagner.

A exposição pode ser visitada todos os dias, excepto à quarta-feira, entre as 10h e as 18h, com visitas guiadas de meia em meia hora.
As entradas custam 5€ por pessoa; crianças até aos cinco anos de idade têm entrada livre; os menores de 18 anos, maiores de 65 anos e os grupos com mais de 15 pessoas beneficiam de desconto (bilhete: 3€).

(Imagens do Centro Histórico do TNSC)

22.11.13

Para o dia de Santa Cecília


O recente recital de Maria João Pires e António Meneses na Salle Pleyel, em Paris. Em linha durante os próximos 179 dias.

15.11.13

As Asas do Besouro

John Singer Sargent, Ellen Terry como Lady Macbeth (1889)
(Tate Gallery)
A Tate Gallery possui um quadro de John Singer Sargent que retrata a actriz Ellen Terry com um vestido em tons de verde, decorado com mil asas de besouro. É o vestido que ela usara no palco como Lady Macbeth e que ainda existe e foi recentemente a restaurar. Mil e trezentas horas e cinquenta mil libras depois, o vestido regressa a Smallhythe Place, a casa quinhentista onde Ellen Terry viveu e morreu, em 1928.

O Daily Mail conta a história

8.11.13

A Turandot de Pequim

Especialmente para quem não facebooka.
Eis algumas fotografias da "Turandot" de Elisabete Matos em Pequim no passado mês de Outubro, publicadas pelo National Centre for the Performing Arts. Vladimir Galouzine como Calaf e Yao Hong como Liù.







7.11.13

Aniversário #2

(©)

E parabéns à Grande Dame Gwyneth Jones, que nasceu há 77 anos numa terrinha no País de Gales chamada Pontnewynydd. Sem mais palavras.




Aniversário #1

(©)

Porque hoje é dia 7 de Novembro comemora-se o aniversário da estupenda Dame Joan Sutherland. Faria hoje 87 anos.
Na noite de 24 de Abril de 74 cantava "La Traviata" no Coliseu dos Recreios, com Alfredo Kraus, após as récitas no Teatro de São Carlos. Há quem as recorde. Para mim, ela será sempre a Lucia do Liceu, a sua última, quando já contava 62 anos.


Anos antes, e contando com o humor inglês, era assim:


5.11.13

Crónica Londrina (por Jorge Rodrigues)

Much Ado About Nothing


Cá te envio, Paulo, mais um relato de uma viagem teatral relâmpago a Londres, desta feita para ver Vanessa Redgrave e James Earl Jones como protagonistas de uma divertida (mas, como sempre em Shakespeare, também abissal) guerra de amores – a peça “Much Ado About Nothing”,  que está em cena no Old Vic numa encenação de Mark Rylance.
Redgrave e Earl Jones  estão a representar pela primeira vez estes papeis e estão, simultaneamente, a estrear-se no Old Vic, que é um dos mais míticos palcos londrinos, aquele onde existe, segundo Laurence Olivier, “a mais poderosa relação actor / público do mundo”.
A produção nasceu do desejo dos dois actores de representarem juntos esta peça, e Mark Rylance (antigo director do Teatro Globe) assume que foi precisamente esse desejo o motor da sua encenação: “Esta produção nasceu da ideia de ter Beatrice e Benedick interpretados por James Earl Jones  e por Vanessa Redgrave. Eles foram não apenas a origem da inspiração, como permaneceram uma inspiração contínua durante os ensaios”. Creio não haver memória de estes dois papéis terem sido representados por um par de intérpretes tão avançados na idade, mas é essa precisamente a grande e comovente lição a tirar desta visão: Amor omnia vincit, até as barreiras do tempo. Isso terá, não duvido, causado estranheza a alguns poucos, mas  a maioria dos ingleses (talvez o povo que mais respire teatro no mundo) não é provinciana, e sabe bem que vale sempre a pena ir ao teatro para ver grandes actores. A recepção do público no final, aliás, foi a prova disso - aquilo parecia um concerto rock de contentamento!
E que prazer quase infantil foi para mim ouvir num teatro a “voz do Darth Vader” verbalizando versos confiados a Benedick, o apaixonado. E que contentamento, poder ouvir a voz de Vanessa Redgrave, que está no meu corpo incrustada devido ao cinema, impor-se sonoríssima na sala do Old Vic. 
A acção nesta encenação decorre em Inglaterra no Outono de 1944, numa casa de campo e numa aldeia próximos de uma base militar norte-americana. Claire van Kampen, responsável pela escolha musical, deu-nos um ambiente sonoro de Anos 40. Como a própria explica no programa, “a rádio abriu a porta para um novo som na Inglaterra da guerra, o que levou a uma fusão cultural que ecoa nesta produção”.
Os “ricos” são por vezes perdulários, e os londrinos, para além destes dois monstros sagrados, têm nesta produção um naipe de outros actores que fariam a inveja de qualquer teatro do mundo. Referirei apenas a soberba criação de Peter Wight num impagável Dogberry, e as de Beth Coole (Hero) e de Lloyd Everitt (Claudio) – e não refiro mais nomes porque esta produção foi pensada e construída para Redgrave e Earl Jones.
Nem sei, nem me interessa, o que disse a crítica (que não li, juro!, como sempre faço). Teatro, teatro, teatro – é o que se tem quando em palco se movimentam actores destes. O resto é conversa. O Old Vic continua cheio a abarrotar há semanas e para arranjar bilhetes há que penar.

Como já te disse, as idas a Londres são sempre oportunidade de, para além do teatro, se visitarem as magníficas exposições que a capital inglesa sempre propõe. Desta feita lá vi uma exposição temporária (“Facing the Modern – The Portrait in Vienna 1900”), patente na National Gallery, dedicada à Viena de que nos fala Stefan Zweig e que desapareceu na I Grande Guerra - a Viena de Freud, Mahler, etc.  Assim, ali estavam, para meu maravilhamento, quadros de Klimt, Kokoschka, Gerstl, Koller, Schiele, até Arnold Schoenberg. Mas não vamos falar disso aqui. Deixo-te apenas a reprodução do quadro magnífico de Schiele, talvez o que mais me marcou em toda a exposição. E já que de pintura estou a falar, confesso-te que fiquei pregado ao chão (isto já na Tate Modern) com um magnífico quadro da “nossa” Vieira da Silva, que me maravilhou depois de eu ter visto as salas Rothko e Gerhard Richter, o que não é dizer pouco!

Egon Schiele, Retrato de Albert Paris von Gütersloh

Tal como não mais esquecerei o verso d’O Sonho de Uma Noite de Verão que ouvi por Judi Dench há cerca de dois anos, e de que te falei aqui (“What angel wakes me from my flowery bed?”), também agora ficaram impressos em mim para sempre três versos de um dos diálogos entre Beatrice e Benedick na I Cena do IV Acto:

Bea: I love you with so much of my heart, that none is left to protest.
Ben: Come, bid me do anything for thee.
Bea: Kill Claudio
(Acto IV, Cena I)

O “Kill Claudio” foi impagável!

Jorge Rodrigues

4.11.13

A Filha do Regimento

Hoje chega "La Fille du Régiment" ao Teatro de São Carlos, com reaparições a 6, 8 e 10 de Novembro. A ópera cómica de Donizetti estreou em Paris em 1840 e no Real Teatro de São Carlos no ano seguinte, na versão italiana que entretanto fora apresentada em Milão.

A acção passa-se nas montanhas do Tirol, em 1800, após a batalha que deu vitória a Napoleão sobre os Austríacos em Marengo. Marie, órfã adoptada pelos soldados do regimento quando era criança, apaixona-se pelo jovem tirolês Tonio, que, feito prisioneiro, se alista no exército para poder casar com ela. Contudo, a marquesa de Berkenfield vem pedir protecção ao sargento Sulpice e este recorda que era esse o nome que encontrara junto da criança adoptada pelo regimento. A marquesa assume que Marie é sua sobrinha e leva-a consigo para lhe dar a devida educação no palácio. A aula de canto, com a própria marquesa ao piano, é uma das cenas mais divertidas da ópera.
Tonio vem pedir a mão de Marie à marquesa mas ela diz-lhe que está a ser preparado o casamento de Marie com o filho da duquesa de Krackenthorp. No entanto, o casamento não chega a concretizar-se porque o regimento irrompe pelas salas do palácio para resgatar Marie e a verdade é revelada: ela é afinal filha ilegítima da marquesa. Para que o final seja feliz, a marquesa consente que Marie case com Tonio e dão-se vivas à França.





(Fotos © Alfredo Rocha / Teatro Nacional de São Carlos)
Marie Cristiana Oliveira
Tonio Alessandro Luciano
Sulpice Luís Rodrigues
Marquesa de Berkenfield Patrícia Quinta
Hortensius João Oliveira
Duquesa de Krackenthorp Paula Fonseca
Notário Philippe Leroux
Oficial Frederico Santiago
Camponês Carlos Silva

Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Maestro titular: Giovanni Andreoli

Orquestra Sinfónica Portuguesa

Direcção Musical Rui Pinheiro
Encenação Mário Redondo
Cenografia Luís Santos
Figurinos Maria Gonzaga
Desenho de luz Paulo Sabino