Em Viena pode-se ir à Ópera todas as noites por três ou quatro euros. Oitenta minutos antes do início das récitas começa a venda dos lugares de pé, situados ao fundo da plateia, no balcão e na galeria. Porém, não se assuste o leitor: os Stehplätze estão munidos de suportes à altura dos cotovelos, pelo que o problema maior poderá não ser virem a doer-lhe as cruzes, mas, sim, começar a sentir as pernas derreadas. Alguns clientes habituais da Staatsoper é o que fazem, assim como turistas acidentais que debandam à primeira oportunidade, após terem recheado as máquinas fotográficas com as suas caras à frente das vistas do interior da Ópera de Viena.
Foi assim que me surgiu a oportunidade rara de ver A Dama de Espadas de Tchaikovsky. Rara porque a ópera não é frequentemente apresentada, e raríssima porque a Condessa era Grace Bumbry. Marina Poplavskaya já fora substituída (por motivo de doença) por Hasmik Papian no papel de Lisa e Neil Shicoff também foi substituído na récita de 19 de Janeiro por Marian Talaba. Tratava-se da reposição da encenação que se vê lá em baixo, de Vera Nemirova, mas agora com a estreia do nosso conhecido maestro Marko Letonja na Ópera de Viena.
![]() |
© |
A presença e a voz de Grace Bumbry valeram a noite. Não há como negar que as suas entradas em cena ofuscavam todos à sua volta e faziam-nos esquecer que a produção não era bonita e tinha pouco interesse. Foi ela quem recebeu os maiores aplausos da noite. Muitos dos que lá estavam, quando forem velhinhos, poderão dizer que ainda ouviram Grace Bumbry ao vivo.
![]() |
"Pique Dame" (em Bildergalerie há mais.) |
Bela ideia, essa dos bilhetes.
ResponderEliminarE estou a ver que também tiveste o teu momento histórico. :)
:-) Tive.
EliminarGrace Bumbry também é uma lenda viva.
Eliminar