Richard Wagner por Lorenz Gedon (1880-83), na Alte Nationalgalerie, Berlim
Segundo o Los Angeles Times, a Sociedade Wagneriana de Israel (cuja existência eu desconhecia) vai organizar um simpósio dedicado a Wagner, Toscanini e ao líder sionista Theodor Herzl na Universidade de Tel Aviv. No âmbito do evento terá lugar um concerto em que cem músicos tocarão excertos do Anel e de outras óperas de Richard Wagner.
Pode também folhear o programa para ficar a saber tudo mais detalhadamente, por exemplo, o que os Filarmónicos de Berlim e Sir Simon Rattle estão a preparar para tocar no dia 23 de Novembro, o que será isso das Drama Queens de Joyce DiDonato, que Carlos Cardoso cantará o papel de tenor em Romeu e Julieta de Berlioz, e por aí fora.
O ARTE e o ARTE Live Web vão dar-nos "Giulio Cesare in Egitto", de Handel, amanhã (27 de Maio), a partir do Festival de Pentecostes de Salzburgo. A transmissão será quase em directo e começará às 19h40, poucas horas após o início da récita.
O elenco está cheio de estrelas: Andreas Scholl, Cecilia Bartoli, Anne Sofie von Otter e Philippe Jaroussky; e a encenação promete ser suficientemente disparatada para garantir um sucesso estrondoso.
O tema escolhido para o Festival de Jardins de Ponte de Lima deste ano parece-me muito bem. É só arranjar um tempinho p'ra ir lá. Abre já amanhã e fica até 31 de Outubro.
A Fundação Calouste Gulbenkian convida-nos a assistir, no dia 28 de Maio, à apresentação da próxima temporada. Mitsuko Uchida será uma das atracções em 2012/13.
Richard Wagner por Franz von Lenbach (antes de 1895), na Alte Nationalgalerie, Berlim
Wilhelm Richard Wagner nasceu em Leipzig há exactamente 199 anos. Para comemorar o aniversário lembrei-me das sessões da célebre gravação do Anel por Sir Georg Solti, com a presença de, entre outros, Birgit Nilsson, Fischer-Dieskau e Wolfgang Windgassen.
Aqui ficam dois excertos e, a seguir, para quem lhe tomar o gosto, o documentário "The Golden Ring" completo, em sete bocados. Foi em Viena, em 1964.
Através da Helena cheguei ao excerto de um documentário que nos mostra Fischer-Dieskau cantando e falando sobre Bach e Britten,
o qual me levou a um outro vídeo em que ele canta Welt, ade, ich bin dein müde (Mundo, adeus, estou cansado de ti). O Bach de Fischer-Dieskau, tão fora de moda, maravilhoso.
A morte de Dietrich Fischer-Dieskau, há muito temida, aconteceu. Para mim foi o mais completo cantor da segunda metade do século XX, e consequentemente um dos mais importantes da história. Estou, absolutamente, de luto.
A sua voz de um poder imenso e de uma maleabilidade única, o seu preciosíssimo rigor musical e a absoluta entrega dramática e emocional foram postos ao serviço de um repertório absolutamente avassalador – de Monteverdi a Schnittke, com todo o Bach, todo o Mozart, todo o Wagner, todo o Strauss, muitíssimo Verdi e tantos, tantos italianos, no que diz respeito a ópera e a repertório sinfónico de concerto. Quanto ao universo do “lied” e da “mélodie” é verdadeiramente assombrosa a quantidade de obras que interpretou e imediatamente guindou a leituras modelares.
A sua morte é tanto mais inaceitável porque ele era o cantor imortal – a sua voz coexistiu, de facto, com as de Flagstad, Nilsson, Schwarzkopf, Seefried, Ludwig, Stich-Randall, Rysanek, Callas, Tebaldi, Di Stefano, Corelli, Bergonzi, Bastianini, Wunderlich, Domingo, Kraus, Pavarotti… e, no meio destes, conseguiu reinar durante décadas. Que tempos! Que gloriosos tempos!
Dúvidas? Ouça-se Fischer-Dieskau no “Wandrers Nachtlied I” de Schubert – na gravação com Jörg Demus! – e no Monólogo de Amfortas na gravação dirigida por Solti.
"La Rondine", de Puccini, vai ter estreia em Portugal, no Teatro Nacional de São Carlos, na próxima quinta-feira, dia 17 de Maio, com Dora Rodrigues no papel de Magda.
Adenda: Informa-nos Hugo Santos que "La Rondine" teve estreia em Portugal no Teatro da Trindade, na temporada de 1970, com Zuleica Saque no papel de Magda.
Wladimir Kaminer anda a conhecer o Alentejo, na companhia da Helena Araújo, e amanhã (5 de Maio) estará na Feira do Livro de Lisboa, na Praça Laranja, às 19h00, para apresentar "Viagem a Tralalá". O livro foi traduzido pela própria Helena e, obviamente, promete. A edição é da Tinta-da-china, integrada na Colecção de Literatura de Viagens dirigida por Carlos Vaz Marques.
A quem quiser conhecer melhor o autor e as histórias à volta da tradução do livro, aconselha-se uma visita ao 2 Dedos de Conversa, onde a Helena nos dá algumas pistas. A Berlinda.org tem uma entrevista ao autor e uma outra à sua tradutora e o Ípsilon publicou uma crónica de Wladimir Kaminer sobre a sua primeira vez em Lisboa.
E amanhã à noite, na Pensão Amor, ali ao Cais do Sodré, há Russendisko, uma festa que é uma especialidade de Kaminer. A não perder.
Saúda, por mim, Abû Bakr,
Os queridos lugares de Silves
E diz-me se deles a saudade
É tão grande quanto a minha.
Saúda o Palácio das Varandas,
Da parte de quem nunca as esqueceu.
Morada de leões e de gazelas
Salas e sombras onde eu
Doce refúgio encontrava
Entre ancas opulentas
E tão estreitas cinturas.
Moças níveas e morenas
Atravessavam-me a alma
Como brancas espadas
Como lanças escuras.
Ai quantas noites fiquei,
Lá no remanso do rio,
Preso nos jogos do amor
Com a da pulseira curva,
Igual aos meandros da água
Enquanto o tempo passava...
E me servia de vinho:
O vinho do seu olhar,
Às vezes o do seu copo,
E outras vezes o da boca.
Tangia-me o alaúde
E eis que eu estremecia
Como se estivesse ouvindo
Tendões de colos cortados.
Mas se retirava o manto,
Grácil detalhe mostrando,
Era ramo de salgueiro
Que abria o seu botão
Para ostentar a flor.
Al-Mu'tamid (adaptação a partir de várias versões de Adalberto Alves)
Nos anos 1930 e 1940, um organismo comummente conhecido como Monumentos Nacionais reconstruía tão bem castelos medievais que eles até ficavam a parecer antigos e verdadeiros. Actualmente, requalifica-se e esteriliza-se, como em Alcobaça, Guimarães e Silves. A ASAE dos monumentos e dos centros históricos limpa-os, deslava-os, bota-lhes candeeiros bem bonitos, modernos e originais.
O interior do castelo era um jardim com árvores antigas, que foram cortadas para dar espaço a uma requalificação que levou anos a fazer-se. Quando as obras terminaram, o castelo teve direito a inauguração com a presença do senhor presidente da república. Ei-lo lá, acompanhado pela sua senhora.
Uma coisa correu bem: foram escavadas e postas a descoberto as ruínas do palácio almóada. Contudo, não teria sido necessário arrancar as pimenteiras-bastardas e os jacarandás que por lá abundavam. Nos seus lugares estão agora umas árvores jovens, em forma de pomar, numa espécie de recriação de um jardim árabe com cursos de água secos e pequenos lagos e fontes que não funcionam. Segundo consegui apurar, a água deveria estar em permanente circulação, não se tivesse dado o caso de a construção ter ficado defeituosa.
A cisterna da Moura não tem encanto nenhum. Foi "museologizada". Descemos as escadas para entrar nela e encontramos paredes e colunas cobertas de painéis informativos e fotografias que nos impedem de a ver e a despem de mistério.
Há por lá também uma cafetaria com uma grande esplanada, mas encerrada.
Queridos Monumentos Nacionais, voltai, que estais perdoados.
No Youtube: um vídeo dá uma ideia do desconsolo e um outro mostra imagens da inauguração do castelo requalificado.