apreciam a frescura matinal dos ares do Guincho.
27.4.08
25.4.08
23.4.08
Narcisos gordinhos
(jeffro887)
Falstaff:
Alice é mia!
Va, vecchio John, va, va per la tua via.
Questa tua vecchia carne
ancora spreme
Qualche dolcezza a te.
Tutte le donne ammutinate insieme
Si dannano per me!
Buon corpo di Sir John,
Ch'io nutro e sazio,
Va, ti ringrazio.
21.4.08
Petição pela Linha do Tua VIVA
Porque as árvores não sabem nadar e porque o vale do Tua tem encantos que podem perder-se para sempre se for construída lá uma barragem, também assinei esta petição.
20.4.08
Primaveras Livres
Hoje, Domingo, almoço num restaurante em Lisboa. Famílias. Um miúdo pega num guarda-chuva e começa a brincar como se ele fosse uma espingarda. Alguém diz que aquela brincadeira é feia, que não se deve dar tiros. A mãe contrapõe: "Deixa-o estar. É natural, então! Ele é rapaz." Ainda há mães assim.*
* (Aqui fica, para as mães que não conhecem Lluís Llach.)
Lluís Llach: "Abril 74"
Lluís Llach com Josep Carreras: "Abril 74"
(jasabet)
Abril 74
Companys, si sabeu on dorm la lluna blanca,
digueu-li que la vull
però no puc anar a estimar-la,
que encara hi ha combat.
Companys, si coneixeu el cau de la sirena,
allà enmig de la mar,
jo l'aniria a veure,
però encara hi ha combat.
I si un trist atzar m'atura i caic a terra,
porteu tots els meus cants
i un ram de flors vermelles
a qui tant he estimat,
si guanyem el combat.
Companys, si enyoreu (busqueu) les primaveres lliures,
amb vosaltres vull anar,
que per poder-les viure
jo me n'he fet soldat.
I si un trist atzar m'atura i caic a terra,
porteu tots els meus cants
i un ram de flors vermelles
a qui tant he estimat,
quan guanyem el combat.
Lluís Llach
Companheiros, se sabeis onde dorme a lua branca,
dizei-lhe que a quero
mas não posso ir amá-la,
porque ainda há combate.
Companheiros, se conheceis o canto da sereia,
lá no meio do mar,
eu iria vê-la,
mas ainda há combate.
E se um triste azar me atinge e caio por terra...
levai todos os meus cantos
e um ramo de flores vermelhas
a quem tanto amei,
se ganharmos o combate.
Companheiros, se procurais as primaveras livres,
convosco eu quero ir,
que para as poder viver
me fiz soldado.
E se um triste azar me atinge e caio por terra...
levai todos os meus cantos
e um ramo de flores vermelhas
a quem tanto amei,
quando ganharmos o combate.
16.4.08
13.4.08
Flores Com Sol No Meio
Digo: Esteva!
Não se cultiva a esteva, é planta brava.
Em latim, chama-se Cistus laudaniferum.
A flor é branca, amarela ao centro
e vaporosa, corra ou não a brisa...
As veredas estão cheias de esteva,
quando pela estrada passo, de automóvel.
Nos campos é vulgar, se abandonados.
Tem um cheiro pungente, masculino, urgente,
que lhe confere ardores afrodisíacos
e nada há de mais fascinante
do que um rol de esteva alentejana.
De resto, há muita esteva, lá não faltam
outras estevas menos agressivas,
como a esteva de flor cor de púrpura,
em tudo uma esteva feminina.
Digo: Esteva!
Sob o sol ardente, pétalas de neve
e uma abelha ao centro
e folhas verde-escuro, túrgidas de láudano.
Se queres subir ao céu,
põe o pé na esteva, a mão no sargaço:
Ala que é palhaço!
Ruy Cinatti
(Deixado aqui pela Rosa.)
12.4.08
Cocleária-menor
Na área de paisagem protegida do Parque Natural de Sintra-Cascais, bem perto dos miosótis-da-praia, encontrámos também a cocleária-menor. Tal como eles, esta espécie desponta em solo arenoso. É um endemismo lusitano, classificado como vulnerável.
10.4.08
Miosótis
Foi perto do Convento de Santa Cruz dos Capuchos, na Serra de Sintra lavada de chuva e vento e já com os primeiros raios da bonança, que fomos encontrar estes miosótis. Também nós ficámos imóveis, com receio de os pisarmos.
Mais perto do mar procurámos os miosótis-da-praia, que não são miosótis, mas sim "abanos". Com um nome científico tão bonito, a Omphalodes kuzinskyanae corre sérios riscos de desaparecer do mapa dos endemismos lusitanos, devido às construções que surgiram em determinadas zonas da nossa costa. Esta planta de pequeninas flores é endémica de rochedos e areias marítimas entre o Cabo da Roca e o Estoril.
9.4.08
O Ataque dos Chorões
A frágil Lobularia maritima lá vai resistindo, o melhor que pode, um tufo aqui e outro ali, rodeados sempre pelo invencível chorão.
8.4.08
Zefiro torna
Para os antigos gregos, Zéfiro era o vento do Oeste, que fecundava as éguas lusitanas e lhes tornava os potros velozes. Por estes dias, o vento parece vir de todos os lados e em nada se assemelha à brisa benfazeja, favorável, mensageira da Primavera. A flora, que Zéfiro deveria agora afagar, anda num rodopio pelos ares.
Zéfiro e Flora, de William-Adolphe Bouguereau (1875)
Mas, para os mesmos gregos, Zéfiro era ainda uma das partes de um triângulo amoroso. O belo e atlético Jacinto, por quem Zéfiro estava apaixonado, era amado também por Apolo, que descurava todas as suas outras actividades para estar junto dele. Um dia, Apolo lançou o disco o mais alto que pôde para impressionar Jacinto. Este correu para o apanhar, mas o ciumento Zéfiro desviou-o com um sopro e o disco atingiu o jovem mortalmente. Apolo, desolado, tentou reanimá-lo, mas já nada havia a fazer. Inconsolável, não o deixou partir, transformando-o numa flor.
A Morte de Jacinto, de G. B. Tiepolo (1752/3), no Museo Thyssen-Bornemisza
Está bom de ver que esta história fornece temática mais que suficiente para interessar artistas de vários quadrantes, mas, por razões que me ultrapassam, as artes performativas andaram durante muito tempo presas a um conservadorismo que pintores e escultores enviaram para outras bandas. Quando Mozart compôs a ópera Apollo et Hyacinthus, aos onze anos de idade, o enredo foi "ligeiramente" alterado pelo libretista (o padre Rufinus Widl): Apolo e Zéfiro passaram a desejar Melia, irmã de Jacinto.
Para o bucólico Monteverdi, Zéfiro permanece uma brisa suave que acaricia os prados e as flores.
Para o bucólico Monteverdi, Zéfiro permanece uma brisa suave que acaricia os prados e as flores.
Zefiro torna
Zefiro torna, e di soavi accenti
l’aer fa grato e’l pié discioglie a l’onde,
e, mormorando tra le verdi fronde,
fa danzar al bel suon su’l prato i fiori.
Inghirlandato il crin Fillide e Clori
note temprando amor care e gioconde;
e da monti e da valli ime e profonde
raddoppian l’armonia gli antri canori.
Sorge più vaga in ciel l’aurora, e’l sole,
sparge più luci d’or; più puro argento
fregia di Teti il bel ceruleo manto.
Sol io, per selve abbandonate e sole,
l’ardor di due begli occhi e’l mio tormento,
come vuol mia ventura, hor piango, hor canto.
Ottavio Rinuccini/Claudio Monteverdi
7.4.08
"Cistus amarrotadus"
"E ela, que tinha trabalhado com tanto afinco, disse, bocejando:
— Ah! ainda estou meia a dormir... peço desculpa. Venho toda despenteada...
O principezinho não pôde nesse momento conter a sua admiração:
— Como é bela!
— Não é verdade? — respondeu a flor em voz baixa —. E nasci ao mesmo tempo que o sol..."
6.4.08
Don Carlos, Infante de Espanha - Schiller na Cornucópia
Recriação poética de Frederico Lourenço
Encenação Luis Miguel Cintra
Cenário e figurinos Cristina Reis
Desenho de luz Daniel Worm D’Assumpção
Distribuição
Duarte Guimarães, José Manuel Mendes, Luís Lucas, Luís Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, Márcia Breia, Nuno Casanovas, Nuno Lopes, Rita Durão, Rita Loureiro, Sofia Marques e Vítor de Andrade.
De 10 de Abril a 18 de Maio de 2008
Teatro do Bairro Alto, Lisboa
(...) Frederico Lourenço volta a trabalhar para a Cornucópia com um projecto de sua própria iniciativa: a sua versão do Don Carlos, um dos grandes textos do Teatro Romântico Alemão, mais conhecido pela ópera de Verdi que o utilizou como libreto. É um drama histórico exemplar que recria o reinado de Filipe II de Espanha como sociedade despótica e repressora dos valores da liberdade política e individual. O rei casa com Isabel de Valois, amada do jovem príncipe Don Carlos, herdeiro do trono. O amor do príncipe com aquela que se tornou sua madrasta torna-se impossível. Don Carlos e o seu amigo Rodrigo, marquês de Posa, querem impedir a repressão violenta da revolta na Flandres. São perseguidos como rebeldes pela Inquisição, presente em cena na figura todo poderosa do Grande Inquisidor. Rodrigo sacrifica-se por Don Carlos. (...)
Da ópera "Don Carlos" já falei aqui. Deixo agora o dueto do Infante com o amigo Rodrigo, cantado por Roberto Alagna e Thomas Hampson quando o Théâtre du Châtelet mostrou a versão (quase) integral do original em francês (Paris, 1996).
Dieu, tu semas dans nos âmes
Un rayon des mêmes flammes,
Le même amour exalté,
L'amour de la liberté!
Dieu, qui de nos coeurs sincères
As fait les coeurs de deux frères,
Accepte notre serment.
Nous mourrons en nous aimant!
5.4.08
Karajan
Nasceu há cem anos.
(Flores? Não. - No flowers for Karajan)
(www.karajan.org)
(www.karajan.co.uk)
(Karajan na wikipedia)
Excerto do 2º andamento da 9ª sinfonia de Bruckner, com a Orquestra Filarmónica de Berlim
(MahlerTitan)(Flores? Não. - No flowers for Karajan)
(www.karajan.org)
(www.karajan.co.uk)
(Karajan na wikipedia)
4.4.08
Cabeça de Víbora
É a chupa-mel, língua-de-vaca, soagem ou soagem-viperina, como consta na Flora Digital de Portugal.
Parecem línguas que saem da boca da víbora, ameaçando os que tentam aproximar-se dela; daí o nome comum Purple Viper's Bugloss, para os ingleses. Os franceses chamam vipérines às plantas do género Echium e, para os alemães, ele é o Natternkopf (cabeça de víbora).
Parecem línguas que saem da boca da víbora, ameaçando os que tentam aproximar-se dela; daí o nome comum Purple Viper's Bugloss, para os ingleses. Os franceses chamam vipérines às plantas do género Echium e, para os alemães, ele é o Natternkopf (cabeça de víbora).
3.4.08
2.4.08
O Espectro da Rosa
Na velha casa de Sintra continua tudo igual. Apenas uma cobertura de flores tenta dar-lhe um aspecto colorido e animado.
(jolicrasseux) Dame Janer Baker, 1972
Le spectre de la rose
Soulève ta paupière close
Qu’effleure un songe virginal.
Je suis le spectre d’une rose
Que tu portais hier au bal.
Tu me pris encore emperlée
Des pleurs d’argent de l’arrosoir,
Et parmi la fête étoilée
Tu me promenas tout le soir.
Ô toi, qui de ma mort fus cause,
Sans que tu puisses le chasser,
Toutes les nuits mon spectre rose
À ton chevet viendra danser.
Mais ne crains rien, je ne réclame
Ni messe ni De Profundis,
Ce léger parfum est mon âme
Et j’arrive du Paradis.
Mon destin fut digne d’envie,
Et pour avoir un sort si beau
Plus d’un aurait donné sa vie.
Car sur ton sein j’ai mon tombeau,
Et sur l’albâtre où je repose
Un poète avec un baiser
Écrivit : "Ci-gît une rose
Que tous les rois vont jalouser".
Théophile Gautier/Hector Berlioz
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