A ópera "Don Carlos" foi estreada em Paris em 1867, com libretto em Francês, baseado no romance "Dom Carlos, Infante de Espanha", de Schiller. Mais tarde, Verdi fez alguns cortes para a estreia em Milão, já com a tradução do libretto em Italiano, sendo esta, "Don Carlo", a versão representada com mais frequência.
O Infante era filho de Filipe II de Espanha e de Maria Manuela de Portugal (filha de Dom João III e de Catarina de Áustria). Os seus progenitores eram primos por todos os lados: Filipe II era filho do Imperador Carlos V e de Isabel de Portugal, irmã de Dom João III, o avô materno de Dom Carlos. Parece muito complicado, mas não é. Veja-se a sua árvore genealógica aqui.
Com um grau de consanguinidade tão elevado, alguma coisa havia de correr mal e Dom Carlos teve uma vida bastante infeliz. A sua mãe morreu poucos dias depois de o dar à luz e ele era uma pessoa fisicamente debilitada, que, além disso, sofria de perturbações mentais. Morreu com apenas vinte e três anos, em 1568, talvez de morte natural, ou, quem sabe, envenenado.
Nada disto impediu que Schiller romanceasse a sua história nem que Verdi criasse uma personagem que pouco corresponderá ao verdadeiro Dom Carlos. E tudo isto vem a propósito de uma gravação que encontrei do dueto de Dom Carlos com o seu amigo Rodrigo, Marquês de Posa:
O Infante confessa ao amigo que ama "Elisabetta" (Élisabeth de Valois), sua madrasta, que tinha sido sua noiva antes de casar com o Rei. Rodrigo tenta convencer Dom Carlos a partir com ele para a Flandres; têm de ajudar o povo flamengo a libertar-se do jugo de Filipe II (e da sua Inquisição). Ambos cantam juras de fidelidade:
O Infante era filho de Filipe II de Espanha e de Maria Manuela de Portugal (filha de Dom João III e de Catarina de Áustria). Os seus progenitores eram primos por todos os lados: Filipe II era filho do Imperador Carlos V e de Isabel de Portugal, irmã de Dom João III, o avô materno de Dom Carlos. Parece muito complicado, mas não é. Veja-se a sua árvore genealógica aqui.
Com um grau de consanguinidade tão elevado, alguma coisa havia de correr mal e Dom Carlos teve uma vida bastante infeliz. A sua mãe morreu poucos dias depois de o dar à luz e ele era uma pessoa fisicamente debilitada, que, além disso, sofria de perturbações mentais. Morreu com apenas vinte e três anos, em 1568, talvez de morte natural, ou, quem sabe, envenenado.
Nada disto impediu que Schiller romanceasse a sua história nem que Verdi criasse uma personagem que pouco corresponderá ao verdadeiro Dom Carlos. E tudo isto vem a propósito de uma gravação que encontrei do dueto de Dom Carlos com o seu amigo Rodrigo, Marquês de Posa:
O Infante confessa ao amigo que ama "Elisabetta" (Élisabeth de Valois), sua madrasta, que tinha sido sua noiva antes de casar com o Rei. Rodrigo tenta convencer Dom Carlos a partir com ele para a Flandres; têm de ajudar o povo flamengo a libertar-se do jugo de Filipe II (e da sua Inquisição). Ambos cantam juras de fidelidade:
Deus, que nos infundiste na alma
O amor e a esperança,
Acende-nos no coração
O desejo de liberdade.
Juramos viver juntos
E morrer juntos.
Na terra e no céu
Encontraremos a tua bondade.
Viveremos juntos e morreremos juntos.
Será o último suspiro,
Será um grito: Liberdade!
RODRIGO
È lui! Desso! L'Infante!
DON CARLO
O mio Rodrigo!
O mio Rodrigo!
RODRIGO
Altezza!
Altezza!
DON CARLO
Sei tu ch'io stringo al seno?
Sei tu ch'io stringo al seno?
RODRIGO
O mio prence... Signor!
O mio prence... Signor!
DON CARLO
È il ciel che a me t'invia nel mio dolor,
Angiol consolator!
È il ciel che a me t'invia nel mio dolor,
Angiol consolator!
RODRIGO
O amato prence!
L'ora suonò; te chiama il popolo fiammingo!
Soccorrer tu lo dêi; ti fa suo salvator!
Ma che vid'io! Quale pallor, qual pena!...
Un lampo di dolor sul ciglio tuo balena!
Muto sei tu!... Sospiri! Hai tristo il cor!
Carlo mio, con me, dividi il tuo pianto, il tuo dolor.
O amato prence!
L'ora suonò; te chiama il popolo fiammingo!
Soccorrer tu lo dêi; ti fa suo salvator!
Ma che vid'io! Quale pallor, qual pena!...
Un lampo di dolor sul ciglio tuo balena!
Muto sei tu!... Sospiri! Hai tristo il cor!
Carlo mio, con me, dividi il tuo pianto, il tuo dolor.
DON CARLO
Mio salvator, mio fratel, mio fedele,
Lascia ch'io pianga in seno a te!
Mio salvator, mio fratel, mio fedele,
Lascia ch'io pianga in seno a te!
RODRIGO
Versami in cor il tuo strazio crudele,
L'anima tua non sia chiusa per me!
Parla!
Versami in cor il tuo strazio crudele,
L'anima tua non sia chiusa per me!
Parla!
DON CARLO
Lo vuoi tu? La mia sventura apprendi,
E qual orrendo stral il mio cor trapassò!
Amo d'un colpevole amor... Elisabetta!
Lo vuoi tu? La mia sventura apprendi,
E qual orrendo stral il mio cor trapassò!
Amo d'un colpevole amor... Elisabetta!
RODRIGO
Tua madre! Giusto ciel!
Tua madre! Giusto ciel!
DON CARLO
Qual pallor! Lo sguardo chini al suol!
Tristo me! Tu stesso, mio Rodrigo,
T'allontani da me?
Qual pallor! Lo sguardo chini al suol!
Tristo me! Tu stesso, mio Rodrigo,
T'allontani da me?
RODRIGO
No, Rodrigo ancor t'ama! Io tel posso giurar.
Tu soffri? Già per me l'universo dispar!
No, Rodrigo ancor t'ama! Io tel posso giurar.
Tu soffri? Già per me l'universo dispar!
DON CARLO
O mio Rodrigo!
O mio Rodrigo!
RODRIGO
Mio prence!
Questo arcano dal Re non fu sorpreso ancora?
Mio prence!
Questo arcano dal Re non fu sorpreso ancora?
DON CARLO
No.
No.
RODRIGO
Ottien dunque da lui di partir per la Fiandra.
Taccia il tuo cor, degna di te
Opra farai, apprendi omai
In mezzo a gente oppressa a divenir un Re!
Ottien dunque da lui di partir per la Fiandra.
Taccia il tuo cor, degna di te
Opra farai, apprendi omai
In mezzo a gente oppressa a divenir un Re!
DON CARLO
Ti seguirò, fratello.
Ti seguirò, fratello.
RODRIGO
Ascolta! Le porte dell' asil s'apron già; qui verranno
Filippo e la Regina.
Ascolta! Le porte dell' asil s'apron già; qui verranno
Filippo e la Regina.
DON CARLO
Elisabetta!
Elisabetta!
RODRIGO
Rinfranca accanto a me lo spirto che vacilla!
Serena ancora la stella tua nei cieli brilla.
Domanda al ciel dei forti la virtù!
Rinfranca accanto a me lo spirto che vacilla!
Serena ancora la stella tua nei cieli brilla.
Domanda al ciel dei forti la virtù!
DON CARLO E RODRIGO
Dio, che nell'alma infondere
Amor volesti e speme,
Desio nel core accendere
Tu dêi di libertà.
Giuriamo insiem di vivere
E di morire insieme;
In terra, in ciel congiungere
Ci può la tua bontà.
Vivremo insiem e morremo insiem!Dio, che nell'alma infondere
Amor volesti e speme,
Desio nel core accendere
Tu dêi di libertà.
Giuriamo insiem di vivere
E di morire insieme;
In terra, in ciel congiungere
Ci può la tua bontà.
Sarà l'estremo anelito,
Sarà un grido: Libertà!
Don Carlo - Carlo Bergonzi, tenor
Rodrigo - Piero Cappuccilli, barítono
(1970)
Ver também Don Carlos, Infante de Espanha - Schiller na Cornucópia
Sentimentos de �pera ;)
ResponderEliminarOu talvez n�o...
(Ando h� dias para ver a Salom� com calma... ainda n�o � hoje)
Beijo
(e um sorriso para o Outono triste!)
Opa, quadradinhos!
ResponderEliminarConheço muito pouco desta ópera. Mas as árias aqui reproduzidas soam-me muito bem. Aliás, Verdi soa, regra geral, muito bem.
ResponderEliminarObrigada pela introdução a esta obra.
Bjs.
Obrigado, Jardineira. Mas o Outono está estival.
ResponderEliminarCigarra, o Don Carlo é das óperas mais interessantes de Verdi. Vai além da historieta e entra no campo da política, dos valores da liberdade contra a opressão pelos poderosos. E eu prefiro a versão original em Francês, completa. Com a tradução para Italiano, Verdi teve de cortar aqui e ali, aligeirando um bocadinho, até para não ferir susceptibilidades.
Maravilhoso!!!!
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