25.9.09

Melodia Interrompida

"Interrupted Melody" é um filme de 1955 que narra a vida da cantora australiana Marjorie Lawrence, a primeira Brünnhilde1 a lançar-se com o seu cavalo Grane para as chamas na cena final de "Götterdämmerung", tal como Wagner escreveu no libreto. Foi no Met de Nova Iorque, em 1936.

(Martha Crawford-Cantarini dobrando Eleanor Parker)


A partir de 1941, a poliomielite obrigou-a a interromper a sua carreira, mas Marjorie Lawrence ainda regressaria aos palcos, interpretando as personagens de Venus, Isolde e outras, sentada numa cadeira ou reclinada numa plataforma especialmente desenhada para ela pelo marido.



Eleanor Parker interpretou a personagem da cantora e obteve uma nomeação para o Óscar de melhor actriz. Para "Interrupted Melody", foi Eileen Farrell quem deu a voz a Marjorie Lawrence. Consta que ela criticou no filme a falta de rigor e fidelidade à sua vida. Eu nunca o vi.
E o trailer:




24.9.09

A Tosca do Met


George Gagnidze, como Scarpia, e Karita Mattila, como Tosca

O Ópera e Demais Interesses já tinha falado da abertura da temporada do Met, com Karita Mattila e Marcello Álvarez nos papeis de Floria Tosca e Mario Cavaradossi. Consta que o público não gostou da encenação de Luc Bondy, certamente bem mais despojada de apetrechos decorativos que a  anterior "Tosca" de Franco Zeffirelli, e apupou. Permito-me imaginar o que aconteceria a Graham Vick, Calixto Bieito e afins, se eles apresentassem as suas produções em Nova Iorque.

[A propósito de Graham Vick, estreia já no próximo dia 9 de Outubro, no Teatro de São Carlos, o seu "Crepúsculo dos Deuses".]

Aqui em baixo, não se vê, mas ouve-se como foi o início do dueto de Tosca com Cavaradossi ainda há poucos dias no Met:
-Mario! Mario! Mario!
-Son qui.

(Operalou)

16.9.09

Dia de Callas


(ver aqui)

Maria Callas foi encontrada sem vida há 32 anos, no dia 16 de Setembro de 1977, no seu apartamento da Avenue Georges Mandel.

15.9.09

O Jardim do Marquês

Os jardins do palácio do Marquês de Pombal1, em Oeiras, reúnem condições para estarem incluídos no clube dos mais interessantes jardins históricos da zona de Lisboa: um palácio de veraneio da segunda metade do século XVIII, construído pelo húngaro Carlos Mardel (um dos arquitectos do Aqueduto das Águas Livres e da Baixa Pombalina), e cerca de quatro hectares de área verde atravessados por um canal outrora navegável.
Tudo estaria bem se o jardim não aparentasse ser objecto de uma grande falta de cuidado: a vegetação bravia cobre o leito do canal; o Jardim da Água, com a Fonte das Quatro Estações, está seco; o Jardim das Plantas Aquáticas parece abandonado; contentores coloridos para separação do lixo, quais instalações artísticas, exibem-se no meio dos relvados ou em outros pontos estratégicos.

1 - Foi este palácio que albergou a colecção de arte de Calouste Gulbenkian antes da construção do Museu Gulbenkian.

Araucárias - Palácio Pombal - Oeiras
O Jardim das Flores e o Terraço das Araucárias

Ler mais:
Wikipédia
Câmara Municipal de Oeiras
Guia da Cidade

8.9.09

Árvores de Portugal


Árvores de Portugal é um novo blogue da associação com o mesmo nome, conta com a participação de vários autores e tem como objectivo a divulgação do nosso património arbóreo. Visite-o, se gosta de árvores, e saiba aqui como colaborar, enviando notícias ou partilhando fotografias. Eu também lá estou e em óptima companhia.

Em Casa de Jorge de Sena

(Este texto foi enviado por Jorge Rodrigues, co-autor do programa "Esferas" da CSB Rádio.)

EM CASA DE JORGE DE SENA

Em fins de Maio pedi a Mécia de Sena que me desse uma longa entrevista para, com a mesma, alicerçar a “Semana Jorge de Sena” que o programa ESFERAS da CSB Rádio vai transmitir a partir de 28 de Setembro. Depois do seu simpático assentimento tratei de tudo: viagem, leituras, e tudo aquilo que é necessário para uma viagem destas – inclusive, declarar à Emigração dos EUA que nunca fui comunista, terrorista, e outras calamidades tais. Por coincidência espantosa recebi, dias depois de tudo combinado, uma carta de Mécia de Sena informando-me que Portugal finalmente iria receber os restos mortais do escritor. O seu a seu dono: a ideia partiu do actual Ministro da Cultura.

Isso não me coibiu de partir, obviamente, e, assim, cheguei a Santa Barbara, Califórnia, perto de Los Angeles, e estou desde então hospedado naquela que foi a última morada do escritor, onde a viúva ainda habita. E em Santa Barbara, na sua Universidade, o último local onde leccionou, Jorge de Sena é uma figura mítica. Continua a ser!

Têm sido dias estranhos: por um lado, este período suscita a Mécia de Sena recordações, saudades, revolta pelo facto de só passados 30 anos estar a acontecer o regresso do escritor a Portugal; por outro, felicidade por isso finalmente se realizar. Claro que não vou aqui contar o que ela me tem dito (têm sido dias e dias de conversa, e isso ficará para o programa radiofónico), mas o que me é mais estranho é habitar o espaço do escritor: utilizar a mesa onde ele tomava as refeições, pegar nos livros dele, ter a sua biblioteca à minha disposição, manejar os seus objectos e papeis, ver as suas fotografias, ouvir os seus discos – sim, aqueles mesmo de que ele fala no seu livro “Arte de Música”! – e ter a sensação de que ele continua vivo, não em estatuto (obviamente que assim continuará), mas mesmo em carne e osso, como se ele fosse entrar por aquela porta agora mesmo.

A casa é uma biblioteca, com milhares e milhares, e milhares de volumes, e estou neste momento a escrever num dos quartos, aquele em que estão os livros de biografias e da literatura brasileira. Mécia de Sena deixou tudo organizado como estava (dos livros falo, e do seu local e arrumação), e, assim, há a secção de história, a secção de literatura francesa, a de literatura inglesa, e por aí fora. Mécia de Sena tem passado os últimos 30 anos a sistematicamente arrumar, catalogar, salvar tudo o que é documento e recordação. Portugal dever-lhe-á ter um acervo absolutamente impecável e organizado – estive, por exemplo, há pouco, com o programa de um “Don Carlo” que Sena ouviu em São Carlos, aquele com Christoff, Bergonzi, Cerquetti, Simionato... tremeram-me as mãos, mas é natural: imaginar que ele o segurou durante toda a récita, há já mais de 50 anos.

E há a Califórnia, há o sol, houve no passado dia 6 a tal lua que deixou a “noite inchada”, e há, da minha parte, uma intensa comoção. Isto é um texto à pressa; serve apenas para partilhar contigo, Paulo, a maravilha e a exaltação que têm sido para mim estes dias.

Recebe um abraço deste português “comovido a oeste”

Jorge

7.9.09

Só uma perguntinha

No local onde param os autocarros de turismo e se encontram as lojinhas de recordações e as esplanadas das roulottes, existem também duas ou três pequenas construções de pedra que conservam os detritos que os humanos deixam quando estão de visita à Torre de Belém. Em dias de grande afluência de público assiste-se frequentemente a este espectáculo: os contentores transformam-se em pirâmides transbordantes de latas, garrafas e sacos de plástico que os fortes ventos de fim de tarde levam esvoaçando até ao Tejo, como veríamos nesta imagem se ela fosse um filme.

Ora a perguntinha é: o que fazem ali aqueles contentorzinhos?


6.9.09

Gwyneth Jones - D'amor sull'ali rosee

Estava a ver uma entrevista de 1994 em que a magnífica Dame Gwyneth Jones conversava descontraidamente com o encenador August Everding sobre a sua carreira, maestros, encenadores, críticos e récitas. É em Alemão e não tem legendas, mas está ilustrada com alguns excertos preciosos de interpretações da cantora galesa.

E depois encontrei um vídeo que no-la mostra na sua estreia em Covent Garden, em 1964, como Leonora de "Il Trovatore", apanhada à pressa para substituir Leontyne Price. A encenação era de Visconti e Giulini dirigia a orquestra da Royal Opera House.

D'amor sull'ali rosee

(coloraturafan)

D'amor sull'ali rosee
Vanne, sospir dolente:
Del prigioniero misero
Conforta l'egra mente...
Com'aura di speranza
Aleggia in quella stanza:
Lo desta alle memorie,
Ai sogni dell'amor!
Ma deh! non dirgli, improvvido,
Le pene del mio cor!

3.9.09

O Parque de Águeda

O Parque Municipal de Alta Vila cresceu numa colina sobranceira ao rio Águeda e deve-se, segundo se lê numa placa à entrada do parque, ao espírito empreendedor do Dr. Eduardo Caldeira que, na segunda metade do século XIX, transformou um pequeno e escalvado planalto, localizado no centro de Águeda, num majestoso "oásis" povoado de árvores raras e exóticas e belos jardins com equipamentos de lazer. Mais tarde a quinta foi vendida e, posteriormente, adquirida pela Câmara Municipal de Águeda.
Lá podemos encontrar tílias grandiosas, um belo exemplar de cedro, palmeiras, o que me parece ser uma Thuja plicata1 e uma pequena floresta de bambus. Já o lago, os canteiros, os caminhos e as falsas ruínas de gosto romântico tardio mereciam estar mais bem cuidados. Nada a que não estejamos habituados, no entanto.

1 - Correcção: segundo Maria Carvalho, trata-se de um cipreste-do-Buçaco (Cupressus lusitanica).

Cedro
Cedro-do-Líbano

Thuja plicata?
Thuja plicata?
Cupressus lusitanica (segundo Maria Carvalho)

Bambus
Bambus
Bambuzal