



Digo: Esteva!
Não se cultiva a esteva, é planta brava.
Em latim, chama-se Cistus laudaniferum.
A flor é branca, amarela ao centro
e vaporosa, corra ou não a brisa...
As veredas estão cheias de esteva,
quando pela estrada passo, de automóvel.
Nos campos é vulgar, se abandonados.
Tem um cheiro pungente, masculino, urgente,
que lhe confere ardores afrodisíacos
e nada há de mais fascinante
do que um rol de esteva alentejana.
De resto, há muita esteva, lá não faltam
outras estevas menos agressivas,
como a esteva de flor cor de púrpura,
em tudo uma esteva feminina.
Digo: Esteva!
Sob o sol ardente, pétalas de neve
e uma abelha ao centro
e folhas verde-escuro, túrgidas de láudano.
Se queres subir ao céu,
põe o pé na esteva, a mão no sargaço:
Ala que é palhaço!
Ruy Cinatti
(Deixado aqui pela Rosa.)