27.2.09

Parabéns, Miguel Loureiro!

Álvaro Correia como Juanita Castro

A "Juanita Castro" valeu-lhe uma menção especial da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. E dizia ele que "Juanita Castro é um espectáculo que poderia não ser feito". Eu bem vos avisei.

Miguel Loureiro

Ao longo do seu percurso como actor e encenador, sobretudo nos projectos que promoveu, Miguel Loureiro desenhou um território único, revelador de um imaginário exuberante mas depurado, sustentado por uma sólida e erudita linha de interrogações sobre o teatro e a performance. Em 2008, depois do estival Strange Fruit, a sua encenação de Juanita Castro, de Ronald Tavel (estreado como filme pela mão de Andy Warhol, em 1965), surgiu como uma inesperada pedra no charco no panorama performativo português. Reunindo actores e afectos em torno de um projecto sem outros recursos que os de uma logística básica e camaradagem profissional, Juanita não só firmou um extraordinário sinal da vitalidade do fazer teatral, tantas vezes abafado por ambições desmedidas ou fórmulas gastas, mas também constituiu uma brilhante e oportuna interpelação da história da performance e, consequentemente, do seu lugar nela. Por isto, este projecto mereceu uma menção especial do júri que assim se declara em total desacordo com a afirmação do encenador na folha de sala "Juanita Castro é um espectáculo que poderia não ser feito". Ainda bem que o fez.


P.S. Miguel, e o regresso da Juanita, não?

25.2.09

Inês de Castro


Lê-se no ípsilon que a partir de amanhã já poderemos ver ao vivo a "Súplica de Inês de Castro", de Vieira Portuense, no Museu Nacional de Arte Antiga.

20.2.09

Ovos de borracha

Fiquei de boca aberta. Pensei logo em MariCarmen e suas irmãs, que têm andado em grande labuta para que o Gintoino não tenha de comer ovos de borracha.

16.2.09

Carta a Elisabete

Cara Elisabete,

Hoje estou muito zangado. Não é consigo, claro. É com este fado amaldiçoado. No ano passado tive o grande prazer de a ver apaixonada e ciumenta, mostrando-me como se vive para a arte e para o amor e se pode enlouquecer a ponto de assassinar um homem horrendo num momento de fúria e desespero. Agora queria vê-la tentando seduzir João Baptista e exigindo a sua cabeça.

Parece que não verei. Poderia ir a Valência ouvir Turandot pronunciar que os enigmas são três e a morte é só uma. Poderia voltar a Valência para ouvir Cassandra profetizar a destruição de Tróia. E poderei ir a Madrid para a ouvir cantar a balada de Senta e tentar salvar um holandês errante. Pois se estes deuses não querem que cante em Lisboa, Lisboa há-de ir a Madrid.

Paulo


Elisabete Matos como Senta, O Navio Fantasma
Teatro di San Carlo, Nápoles, 2003


Elisabete Matos - Agenda
Teatro Nacional de São Carlos
Palau de Les Arts Reina Sofía - Turandot
Teatro Real

Nota: No seu site oficial, ainda podemos ler que Elisabete Matos canta as quatro primeiras récitas de "Salome", entre 26 de Março e 1 de Abril. O Teatro de São Carlos, também através do site oficial, informa que o papel de Salomé será partilhado por Elisabete Matos e Nancy Gustafson. Porém, ao final da tarde, a bilheteira já informava que todas as récitas serão cantadas pela soprano norte-americana.

Adenda: O site do Teatro Nacional de São Carlos confirma Nancy Gustafson em todas as récitas de "Salome".

14.2.09

Postal


Hoje ofereça-lhe um postalzinho, uma flor,
um pequeno poema que seja,
desde que fale de amor.
Não está inspirado? Eu também não.
Mas há quem esteja.

13.2.09

Estava-se mesmo a ver

Recebi por correio electrónico este comunicado de imprensa do Rumos Novos — Grupo Homossexual Católico:




Depois de muito esforço, consegui entender que há uma força que move os homossexuais católicos na luta pela integração numa comunidade que os rejeita. Essa força deve ser a mesma que leva homossexuais com ou sem credo a exigir que o Estado lhes conceda os mesmos direitos de que usufruem todos os outros cidadãos. Contudo, à administração da ICAR parece natural reabilitar um bispo que, por acaso, nega o holocausto, além de proferir outras barbaridades (bem pode Bento XVI querer fazer marcha-atrás), enquanto considera gravíssimo que duas pessoas do mesmo sexo se amem.
Por outro lado, estava-se mesmo a ver que as distritais mais conservadoras do Partido Socialista não iam achar graça à proposta de legalização do casamento homossexual avançada por Sócrates.

12.2.09

Ainda não assinou? É pelo Choupal.


Olhe que é importante. Querem construir-lhe este viaduto rodoviário em cima. Para mais informações, vá à Plataforma do Choupal. E assine a petição.

Ainda mais parabéns

Hoje é a vez de Darwin. Logo à noite há festa no Frágil a comemorar o bicentenário do seu nascimento.

E a Fundação Calouste Gulbenkian inaugura hoje a exposição "A Evolução de Darwin", que poderá visitar de 13 de Fevereiro a 24 de Maio. Diz o texto que apresenta a exposição (perdoai-me, criacionistas):
Com a Evolução, Darwin explica pela primeira vez, em pleno século XIX, a diversidade da vida na Terra. Testada pelos métodos da observação e da experimentação, a Evolução é hoje uma evidência científica, como o são a existência dos átomos ou o movimento da Terra em torno do Sol.

11.2.09

The pleasure, the privilege is mine

Há dias perguntaram-me qual era a minha canção de amor preferida. Hoje é esta. Deve ser por causa do double-decker bus que crrrashes into us.

(Patrick1963)

Mais parabéns



Hoje é o Garden of Philodemus. Faz dois aninhos.

(Mas olhem que este meu blogue não nasceu para isto.)


9.2.09

Esferas


O blogue da Associação Europa Viva informa que têm início hoje as emissões do programa "Esferas", da autoria de Ana Paula Lemos e Jorge Rodrigues. De segunda a sexta, das 18:00 às 20:00.

Para mais detalhes, vá aqui.


8.2.09

A Salomé de Mattila

As câmaras filmaram a Salomé de Karita Mattila no Met, em 2008, contudo há certas coisas que não se mostram em público. Já o sabemos e podemos supor que Janet Jackson jamais o esquecerá. Se a acção se passasse no Inverno gélido de Nova Iorque, possivelmente o realizador teria encontrado uma lareira em cena para mostrar. Mas isso é coisa impensável numa noite de luar mediterrânico e, à falta dela, procurou-se a expressão de Herodes.
(Sobre "Salome")

Dança dos Sete Véus:


Cena final:




6.2.09

Elīna Garanča

Ficam expressos os votos de um bom recital a quem for mais logo à Gulbenkian. É às 19:00 e ainda há bilhetes.

Aqui Elīna Garanča canta em português, embora possa não parecer: Bachianas Brasileiras No. 5 - Cantilena, de Heitor Villa-Lobos.

(Klassizismus)

A cruel saudade que ri e chora

5.2.09

Vitrine

A tarde pôs-se cinzenta e aguada mas terminou em cores. Dando a volta no Cais do Sodré para subir a rua do Alecrim, depara-se agora o transeunte com uma enorme "Vitrine" de Joana Vasconcelos que lembra as suas "Valquírias". Até me veio à memória o chapéu-de-chuva gigante imaginado pelo André no seu delírio hospitalar.







Diário de Joana Vasconcelos (Expresso)

Instalação de Joana Vasconcelos anima prédio em obras (Arte Pública)

O Paulo viu a lombriga numa tarde de sol

3.2.09

Catalpa bignonioides


Faltam uns quatro meses para elas voltarem a dar pipocas.

Nas Asas da Canção

Mendelssohn nasceu há duzentos anos.

Victoria de los Ángeles: Auf Flügeln des Gesanges

(c1wang)
Auf Flügeln des Gesanges

Auf Flügeln des Gesanges,
Herzliebchen, trag ich dich fort,
Fort nach den Fluren des Ganges,
Dort weiß ich den schönsten Ort.

Dort liegt ein rotblühender Garten
Im stillen Mondenschein;
Die Lotosblumen erwarten
Ihr trautes Schwesterlein.

Die Veilchen kichern und kosen,
Und schaun nach den Sternen empor;
Heimlich erzählen die Rosen
Sich duftende Märchen ins Ohr.

Es hüpfen herbei und lauschen
Die frommen, klugen Gazelln;
Und in der Ferne rauschen
Des heiligen Stromes Welln.

Dort wollen wir niedersinken
Unter dem Palmenbaum,
Und Liebe und Ruhe trinken,
Und träumen seligen Traum.

Heinrich Heine


On Wings of Song

On wings of song,
My love, I'll carry you away
To the fields of the Ganges,
Where I know the most beautiful place.

There lies a red-flowering garden,
In the serene moonlight,
The lotus-flowers await
Their beloved sister.

The violets giggle and cherish,
And look up at the stars,
The roses tell each other secretly
Their fragrant fairy-tales.

The gentle, bright gazelles
Pass and listen;
And in the distance murmur
The waves of the holy stream.

There we will lay down,
Under the palm-tree,
And drink of love and peacefulness
And dream our blessed dream.

(Trad: Marty Lucas)


Adenda: Aqui podemos ouvir excertos (tracklist) do novo disco da bela Anne-Sophie Mutter dedicado ao compositor. Estão lá o concerto para violino, com a orquestra do Gewandhaus de Leipzig e Kurt Masur, e música de câmara - com Lynn Harrell e André Previn -. Ide a video para um pedacinho do concerto.

1.2.09

"Pollione", de Bellini


Saí da Gulbenkian com a sensação de ter ouvido pouco Bellini. O mesmo Lawrence Foster que tão bem captou o espírito straussiano de "Elektra" deu-nos uma leitura certinha, mas fria, de "Norma".

Do lado dos cantores, concordo que a entrada de Silvana Dussmann foi desastrosa. A coloratura em Ah! Bello a me ritorna saiu tão descontrolada que me encolhi na cadeira, assustado, e temi pelo resto da prestação da senhora. No entanto, o canto de Botha foi tão belo que talvez a tenha ajudado a desemperrar para o II acto e ela aí melhorou, vocal e dramaticamente, apesar de não ter deslumbrado quem é apaixonado pela Norma de Callas ou de Caballé. Mas isso é todo um outro universo.

Johan Botha, que eu tinha por cantor pouco interessante, foi um magnífico Pollione e a sua voz encheu o Grande Auditório sem pedir licença. Foi ele quem proporcionou mais prazer aos nossos ouvidos, nomeadamente no dueto com a Adalgisa de Heidi Brunner.