A primeira vez que ouvi a Viagem de Inverno ao vivo foi no CCB, ainda ele era uma criança de colo, e cantou-a o tenor Peter Schreier. Se eu fosse uma pessoa organizada, saberia onde se tinha escondido o respectivo programa e agora diria qual foi a hora, o dia, o mês e o ano, e ainda, quem era o pianista que acompanhava Schreier. Enrubesço, mas não me é possível dar essa informação.
Recordo ainda a "Winterreise" de Matthias Goerne e uma outra, menos vulgar, que Nathalie Stutzmann cantou há uns anos na Gulbenkian (Goerne virá também cantá-la à Gulbenkian em Maio; queiram os deuses que até lá a população lisboeta se restabeleça das constipações de Janeiro) .
Rufus Müller
Ontem, novamente no CCB, pudemos assistir a uma belíssima interpretação de uma das obras máximas do Lied por Maria João Pires e Rufus Müller. Enquanto eu recordava a "Winterreise" estática, monolítica, tanto física como vocalmente, que Peter Schreier nos tinha dado no século passado, Rufus Müller trazia-nos uma visão muito mais arrebatadora e emocionante, sem cair no sentimentalismo. O bom gosto ganhou e o público rendeu-se.