Mostrar mensagens com a etiqueta Mahler. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Mahler. Mostrar todas as mensagens

7.4.14

A 2ª de Mahler

Joana Carneiro (©)

É só para dizer que tivemos direito a uma Ressurreição extraordinária. A obra, absolutamente esmagadora, foi magnificamente dirigida por Joana Carneiro. A Orquestra Sinfónica Portuguesa, o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e as solistas Dora Rodrigues e María José Montiel estiveram em plena sintonia com a música de Mahler. Foi lindo de ver e no final o público explodiu aplaudindo de pé.



No entanto, o que aconteceu ontem no CCB é i-na-cei-tá-vel. Durante uns bons quinze minutos após o início do concerto, foram entrando e sendo sentadas dezenas de pessoas na plateia, acompanhadas pelo cochichar do pessoal de sala. Não adianta pedir muito claramente aos espectadores que desliguem os telemóveis em vez de os deixarem no silêncio porque os ecrãs e as vibrações perturbam os artistas e o restante público, e logo a seguir destruir a audição de metade de um andamento. Não foi a primeira vez que isto aconteceu no CCB. Parece tratar-se de um problema crónico lá para os lados de Belém.


5.4.14

Ressurreição

Amanhã há Mahler no CCB.


Com Dora Rodrigues (soprano), María José Montiel (meio-soprano), o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direção de Joana Carneiro.

13.1.12

Mahler com marimba

Antes da invenção dos telemóveis, o medo de actores, músicos e cantores era de ter uma branca ou falhar uma nota. Agora, antes de pisarem o palco, pedem aos santinhos que lembrem os espectadores de desligar convenientemente os seus apêndices de comunicação. Um telemóvel pode perturbador um artista ao ponto de ter de interromper a actuação. Foi o que fez o maestro Alan Gilbert há dias, durante um concerto com a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque no Avery Fisher Hall.

Soavam os compassos finais da Nona de Mahler quando se ouviu, sem cessar, vindo de uma das filas da frente, o toque de um iPhone. Parou tudo, o maestro pediu ao dono do telemóvel que o desligasse e, após longos momentos, retomou o concerto. O caso deu que falar e o dono do dito telemóvel já foi entrevistado pelo New York Times e contou como pediu desculpa ao maestro pelo sucedido.

Aqui fica um apelo ao leitor: quando estiver num teatro ou numa sala de concertos (ou no cinema), se não sabe como desligar os alarmes do seu telemóvel, peça ajuda ao vizinho do lado com a devida antecedência. Ou faça como certos que eu conheço: retire a bateria do telefone, não vá o diabo tecê-las e fazê-lo passar por uma vergonha destas:

13.11.11

Sozinho no Outono


Der Einsame im Herbst (Parte II de "Das Lied von der Erde")

Herbstnebel wallen bläulich überm See;
vom Reif bezogen stehen alle Gräser;
man meint', ein Künstler habe Staub vom Jade
über die feinen Blüten ausgestreut.

Der süße Duft der Blumen ist verflogen;
ein kalter Wind beugt ihre Stengel nieder.
Bald werden die verwelkten, goldnen Blätter
der Lotosblüten auf dem Wasser zieh'n.

Mein Herz ist müde.
Meine kleine Lampe erlosch mit Knistern;
es gemahnt mich an den Schlaf.
Ich komm zu dir, traute Ruhestätte!
Ja, gib mir Ruh, ich hab Erquickung not!

Ich weine viel in meinen Einsamkeiten.
Der Herbst in meinem Herzen währt zu lange.
Sonne der Liebe, willst du nie mehr scheinen,
um meine bittern Tränen mild aufzutrocknen?
 
A névoa azulada de Outono flutua sobre o lago;
cobrindo de geada cada lâmina de relva;
dir-se-ia que um artista espalhou pó de jade
sobre as delicadas florações.

O doce perfume das flores desvaneceu-se;
um vento frio curva as suas hastes.
Em breve, as murchas folhas douradas
das flores de lótus, partirão nas águas.

O meu coração está cansado.
A minha pequena lâmpada extinguiu-se com um estalo;
convencendo-me a dormir.
Venho até ti, caro lugar de repouso!
Sim, dá-me descanso, necessito de conforto!

Choro muito na minha solidão.
O Outono prolonga-se demasiado no meu coração.
Sol do amor, não voltarás tu a brilhar,
e as minhas lágrimas amargas ternamente secar?

(Tradução de Ofélia Ribeiro, num programa de sala da Gulbenkian)

16.3.10

Parabéns, Christa Ludwig


Christa Ludwig nasceu em Berlim a 16 de Março de 1928. A melhor homenagem que podemos fazer-lhe é ouvi-la. Na Sinfonia nº 3 de Mahler, com Bernstein e a Orquestra Filarmónica de Viena, e como Klytämnestra, ao lado da Elektra de Gwyneth Jones (papéis que não chegaram a cantar juntas no Teatro Nacional de São Carlos, no início dos anos 1990 - já nessa época o teatro andava azarado).




7.3.10

A Compensação da Insistência

A lotação da Sala Suggia estava esgotada havia, pelo menos, vários dias. Sábado, 6 de Março, a Orquestra Nacional do Porto (ONP), o Coro Gulbenkian, Lisa Milne e Birgit Remmert, todos dirigidos por Christoph König, iam tocar e cantar a Sinfonia nº 2, "Ressurreição", de Mahler. A Áustria é o país tema na temporada de 2010 e a orquestra tem um projecto ambicioso: a apresentação integral das sinfonias de Gustav Mahler, a prolongar-se por 2011.

Inquirindo na bilheteira se por acaso alguém teria desistido, a resposta era negativa. Nada. Muito bem, tente-se mais tarde. E mais tarde provou-se que há pessoas boas: faltavam poucos minutos para as 6 da tarde e alguém apareceu com uns milagrosos bilhetes de que não necessitava.

A casa veio a baixo. Deu gosto ver o jovem maestro titular da ONP a dirigi-la com energia e decisão e ouvir a resposta vigorosa dos músicos. De Birgit Remmert só esperava um pouco mais de volume na voz. Lá para as últimas filas o seu Urlicht soou a pouco.

O Sermão de Santo António aos Peixes ("Des Antonius von Padua Fischpredigt"), composto por Mahler na mesma época, serviu de base ao terceiro andamento, Scherzo, da Ressurreição.



Dietrich Fischer-Dieskau com Wolfgang Sawallisch





O
Scherzo, seguido de Urlicht, pela Orquestra Sinfónica de Londres, com Leonard Bernstein e Janet Baker

16.8.08

Festivais de Verão no ARTE

O canal ARTE mostra-nos reportagens, entrevistas e alguns concertos (na íntegra) dos festivais deste Verão.

O encenador Stéphane Braunschweig fala da sua produção
de "Siegfried" em Aix-en-Provence:




Valery Gergiev e Hélène Grimaud no Festival de Verbier:


UBS Verbier Festival Orchestra
Valery Gergiev direction
Kristina Kapustynska mezzo-soprano
Hélène Grimaud piano

Shchedrin
La tzigane Grusha, aria pour mezzo-soprano et orchestre extraite de l’opéra «Le Pèlerin enchanté»

Ravel
Concerto pour piano et orchestre en Sol majeur

Mahler
Symphonie N° 5 en ut dièse mineur

12.6.08

Sermão de Santo António aos Peixes

"Des Antonius von Padua Fischpredigt"
Thomas Hampson (barítono) e Wolfram Rieger (piano)

(jeffro887)

(Ouça aqui a interpretação de Elisabeth Schwarzkopf)

Antonius zur Predigt
Die Kirche find't ledig.
Er geht zu den Flüssen
und predigt den Fischen!
Sie schlag'n mit den Schwänzen,
Im Sonnenschein glänzen.

Die Karpfen mit Rogen
Sind all' hierher zogen,
Hab'n d'Mäuler aufrissen,
Sich Zuhör'ns beflissen.
Kein Predigt niemalen
Den Fischen so g'fallen!

Spitzgoschete Hechte,
Die immerzu fechten,
Sind eilends herschwommen,
Zu hören den Frommen!

Auch jene Phantasten,
Die immerzu fasten:
Die Stockfisch' ich meine,
Zur Predigt erscheinen.
Kein Predigt niemalen
Den Stockfisch' so g'fallen!

Gut Aale und Hausen,
Die vornehme schmausen,
Die selbst sich bequemen,
Die Predigt vernehmen!

Auch Krebse, Schildkroten,
Sonst langsame Boten,
Steigen eilig vom Grund,
Zu hören diesen Mund.
Kein Predigt niemalen
den Krebsen so g'fallen.

Fisch' große, Fisch' kleine,
Vornehm und gemeine,
Erheben die Köpfe
Wie verständ'ge Geschöpfe,
Auf Gottes Begehren
Die Predigt anhören.

Die Predigt geendet,
Ein jeder sich wendet,
Die Hechte bleiben Diebe,
Die Aale viel lieben.
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.

Die Krebs' geh'n zurücke,
Die Stockfisch' bleib'n dicke,
Die Karpfen viel fressen,
die Predigt vergessen!
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.


António, para o sermão,
Encontra a igreja vazia.
Vai para o rio
E prega aos peixes!
Todos dão à cauda,
Brilhando ao Sol.

As carpas, em cardume,
Vieram todas à uma.
Estão de boca aberta
A escutar com atenção.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos peixes!

Os lúcios, de boca em bico,
Sempre a guerrear,
Nadaram velozes
Para ouvir o Santo!

Mesmo criaturas fantásticas,
Sempre de dieta,
Quero dizer, os bacalhaus,
Apareceram ao sermão.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos bacalhaus!

Belas enguias e esturjões,
Que vão às festas finas,
Acomodam-se
Para ouvir o sermão.

Também caranguejos e tartarugas,
Lentos, de costume,
Sobem depressa do fundo
Para ouvir esta boca.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos caranguejos!

Peixes grandes, peixes pequenos,
Nobres ou vulgares,
Erguem a cabeça
Como seres inteligentes,
Por vontade de Deus,
Para ouvir o sermão.

O sermão terminou,
Cada um vai à sua vida.
Os lúcios continuam ladrões,
As enguias fazem amor.
O sermão agradou,
Continuam como eram!

Os caranguejos recuam,
Os bacalhaus continuam gordos,
As carpas alarvam,
O sermão está esquecido.
O sermão agradou,
Continuam como eram!

12.6.07

Santo António

Hoje é dia de marchas, de sardinhas e de majaricos. De folia, portanto.




















(Santo António Pregando aos Peixes, de Veronese, cerca de 1580, na Galleria Borghese, Roma)






















Des Knaben Wunderhorn
(A Trompa Mágica do Rapaz) é uma antologia de poemas em dialecto, compilados por Clemens Brentano e Achim von Arnim, a partir da qual Mahler (1860-1911), normalmente mais para o sério, compôs várias canções bem-dispostas. Uma delas é Des Antonius von Padua Fischpredigt (Sermão de António de Pádua aos Peixes), aqui em baixo na versão original para voz e piano, composta em 1893. A gravação é de 1966, com a voz de Elisabeth Schwarzkopf, acompanhada ao piano por Geoffrey Parsons.



Antonius zur Predigt
Die Kirche find't ledig.
Er geht zu den Flüssen
und predigt den Fischen!
Sie schlag'n mit den Schwänzen,
Im Sonnenschein glänzen.

Die Karpfen mit Rogen
Sind all' hierher zogen,
Hab'n d'Mäuler aufrissen,
Sich Zuhör'ns beflissen.
Kein Predigt niemalen
Den Fischen so g'fallen!

Spitzgoschete Hechte,
Die immerzu fechten,
Sind eilends herschwommen,
Zu hören den Frommen!

Auch jene Phantasten,
Die immerzu fasten:
Die Stockfisch' ich meine,
Zur Predigt erscheinen.
Kein Predigt niemalen
Den Stockfisch' so g'fallen!

Gut Aale und Hausen,
Die vornehme schmausen,
Die selbst sich bequemen,
Die Predigt vernehmen!

Auch Krebse, Schildkroten,
Sonst langsame Boten,
Steigen eilig vom Grund,
Zu hören diesen Mund.
Kein Predigt niemalen
den Krebsen so g'fallen.

Fisch' große, Fisch' kleine,
Vornehm und gemeine,
Erheben die Köpfe
Wie verständ'ge Geschöpfe,
Auf Gottes Begehren
Die Predigt anhören.

Die Predigt geendet,
Ein jeder sich wendet,
Die Hechte bleiben Diebe,
Die Aale viel lieben.
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.

Die Krebs' geh'n zurücke,
Die Stockfisch' bleib'n dicke,
Die Karpfen viel fressen,
die Predigt vergessen!
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.

António, para o sermão,
Encontra a igreja vazia.
Vai para o rio
E prega aos peixes!
Todos dão à cauda,
Brilhando ao Sol.

As carpas, em cardume,
Vieram todas à uma.
Estão de boca aberta
A escutar com atenção.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos peixes!

Os lúcios, de boca em bico,
Sempre a guerrear,
Nadaram velozes
Para ouvir o Santo!

Mesmo criaturas fantásticas,
Sempre de dieta,
Quero dizer, os bacalhaus,
Apareceram ao sermão.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos bacalhaus!

Belas enguias e esturjões,
Que vão às festas finas,
Acomodam-se
Para ouvir o sermão.

Também caranguejos e tartarugas,
Lentos, de costume,
Sobem depressa do fundo
Para ouvir esta boca.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos caranguejos!

Peixes grandes, peixes pequenos,
Nobres ou vulgares,
Erguem a cabeça
Como seres inteligentes,
Por vontade de Deus,
Para ouvir o sermão.

O sermão terminou,
Cada um vai à sua vida.
Os lúcios continuam ladrões,
As enguias fazem amor.
O sermão agradou,
Continuam como eram!

Os caranguejos recuam,
Os bacalhaus continuam gordos,
As carpas alarvam,
O sermão está esquecido.
O sermão agradou,
Continuam como eram!

23.5.07

Mahler - Anne Sofie von Otter

Excerto da Sinfonia nº 2 de Mahler, dirigida por Simon Rattle.

Urlicht (Luz Primordial)
O Röschen rot!
Der Mensch liegt in größter Not!
Der Mensch liegt in größter Pein!
Je lieber möcht ich im Himmel sein.
Da kam ich auf einen breiten Weg:
Da kam ein Engelein und wollt’ mich abweisen.
Ach nein! Ich ließ mich nicht abweisen!
Ich bin von Gott und will wieder zu Gott!
Der liebe Gott wird mir ein Lichtchen geben,
Wird leuchten mir bis in das ewig selig Leben!
Friedrich Gottlieb Klopstock