Antes da invenção dos telemóveis, o medo de actores, músicos e cantores era de ter uma branca ou falhar uma nota. Agora, antes de pisarem o palco, pedem aos santinhos que lembrem os espectadores de desligar convenientemente os seus apêndices de comunicação. Um telemóvel pode perturbador um artista ao ponto de ter de interromper a actuação. Foi o que fez o maestro Alan Gilbert há dias, durante um concerto com a Orquestra Filarmónica de Nova Iorque no Avery Fisher Hall.
Soavam os compassos finais da Nona de Mahler quando se ouviu, sem cessar, vindo de uma das filas da frente, o toque de um iPhone. Parou tudo, o maestro pediu ao dono do telemóvel que o desligasse e, após longos momentos, retomou o concerto. O caso deu que falar e o dono do dito telemóvel já foi entrevistado pelo New York Times e contou como pediu desculpa ao maestro pelo sucedido.
Aqui fica um apelo ao leitor: quando estiver num teatro ou numa sala de concertos (ou no cinema), se não sabe como desligar os alarmes do seu telemóvel, peça ajuda ao vizinho do lado com a devida antecedência. Ou faça como certos que eu conheço: retire a bateria do telefone, não vá o diabo tecê-las e fazê-lo passar por uma vergonha destas:
grande maestro.
ResponderEliminarE logo na nona do Mahler, hehehe.
ResponderEliminarMas onde é que se pode recomeçar aquele final?!
(eu aliviada por não me ter acontecido a mim...)
Infelizmente é mais comum do que parece...
ResponderEliminarSão uma praga maldita. Por mais que se avise, há sempre alguém que prevarica.
ResponderEliminarAté na igreja! Há tempos, na Missa de Corpo Presente do pai de uma adjunta do Colosso, que era o anterior Provedor de Justiça (imaginas a quantidade de caras famosas presentes) o telefone de uma senhora atrás de mim começou a tocar furiosamente. E ela não encontrava dentro da carteira. E aquilo não se calava. Mais respeito, por favor!
À entrada da Igreja de S. João de Deus há um aviso há mais de dez anos: «Deus ainda não comunica connosco por telemóvel. Deslique o seu.»
Não só, Paulo. Há o chocalho das pulseiras, o papel dos rebuçados, a tosse que escolhe os momentos mais subtis do adagio...
ResponderEliminarTenho como rigorosamente científica uma regra: de toda a sala, a pessoa mais ruidosa há-de sempre estar ao lado ou atrás de mim. Infalível.
Mas, enfim, a repressão só ataca quem tira, silenciosa e discretamente, uma fotozita, durante o apluso... :(
Deviam estar afixadas à porta regras deontológicas do bom frequentador de concertos, com as respectivas coimas. Chocalho devia dar Tarrafal, telemóvel deportação para a Coreia do Norte.
Li algures que o maestro terá recomeçado no início do último andamento mas não o pude comprovar.
ResponderEliminarAs pulseiras com os respectivos penduricalhos... Quando Lisboa foi capital europeia da cultura assisti a uma récita de Tristão e Isolda no CCB. Uma senhora sentada ao meu lado, quando percebeu que Isolda ia começar a morrer, decidiu abrir a carteira para arrumar a tralha e tirar as chaves do carro, voltou a fechar a carteira, compôs o cabelo e ajustou as malditas sete escravas e mais não sei quantas libras de ouro. Estava prontinha para ir à vida dela mal caísse o pano.
Infelizmente estamos condenados a este tipo de comportamentos! Muitas pessoas não percebem (ou não querem perceber) o enorme incómodo que causam aos artistas e aos outros membros do público. Só mesmo os maestros têm o poder de o pôr a nú, com medidas mais drásticas, como a que referiu. Mas será que, mesmo com elas, quem vai aos espectáculos apenas para se mostrar e ser visto alguma vez se modificará? Tenho muitas dúvidas.
ResponderEliminarTambém tenho cada vez mais dúvidas. Se me deixassem mandar, como costuma dizer a Helena, as salas de espectáculos teriam cartazes gigantes à porta a lembrar os espectadores que é proibido fazer barulhos que perturbem a actuação dos artistas e a audição dos restantes espectadores, como também propõe o Mário.
ResponderEliminarLogo na Nona e logo no final. Lei de Murphy aplicada e verificada ... Quando ao comentário do Mário é curioso que eu tenho a mesma impressão ... No que diz respeito ao incidente estive a ler o texto e aparentemente foi um erro devido à ignorância de uma característica dos IPhones (o alarme não utilizar a definição de perfil) ... Hoje em dia penso que o mais barato para esses ruídos tecnológicos seria um inibidor de sinal. Para os outros comportamentos infelizmente não há solução equivalente. Uns rebuçados para a tosse à entrada com uma papelito a dizer : usar em caso de necessidade? Mas lá está teríamos o ruído dos papeis ... Enfim acho que só se resolveria mesmo com formação antes dos concertos :-)
ResponderEliminarExcelente post, Paulo. As tosses desesperam-me, os telemóveis, felizmente mais raros, não entendo sequer, já que há sempre um aviso no inicio dos espectáculos a pedir as pessoas que os desliguem.
ResponderEliminarAcho a tua recomendação (se não souber desligar, peca ajuda) muito pertinente.
Um inibidor de sinal seria uma grande ideia. Lá por 95 e 96 em S. Carlos não havia rede, quem quisesse falar ao telefone teria de ir para o largo, no intervalo. Saudosos tempos.
ResponderEliminarMas devo dizer (logo eu, que sou uma apaixonada pelos Estados Unidos) que não há público mais selvático do que o americano. A barulheira exasperante de rebuçados, chocolates e nem sei que mais a serem desembrulhados durante récitas na Broadway é de enfurecer. Uma vez, a ver um magnífico Oklahoma com Hugh Jackman, eu e a japonesa ao meu lado já estávamos tão desvairadas com a comezaina de duas anormais atrás de nós que, no lindíssimo People Will Say We´re In Love nos voltámos ao mesmo tempo para trás (até parecíamos combinadas) e largámos um sonoro shiu!, acompanhado de olhares fulminantes. Não voltámos a ouvi-las até ao fim, foi remédio santo.
Há dias atrás uma senhora no cinema atendeu o telefone e começou uma conversa muito pessoal sobre a suas infidelidades ao marido e vida amorosa em geral! Só abandonou a sala depois de várias pessoas protestarem...
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