19.3.09

A força que o destino tem

Os gostos musicais dos taxistas, como os de toda a gente, variam. De manhã, até dá jeito saber o que se passou no Mundo, se o Sporting ganhou ou foi eliminado, se chove ou venta, quais são as artérias de Lisboa e do Porto que estão à beira da embolia. Ao longo do dia encontramos os que obrigam os passageiros a co-ouvir cassetes de fados do António Mourão e de outras vozes da rádio de antigamente e também os que apreciam música substituta de Prozac, como a que descobri aqui e aconselho a quem estiver um bocado em baixo. Poupa-se na conta da farmácia.
Mais raro é apanhar um táxi ao fim da tarde e fazer uma viagem confortável a escutar Brahms. A viagem torna-se tão curta que, se não fosse o taxímetro a marcar, pediríamos ao simpático motorista que nos levasse pelo menos até Cascais, pela Marginal, fizesse lá a inversão de marcha e nos conduzisse finalmente a casa. E se uns dias mais tarde voltamos a apanhar um táxi e o mesmo motorista está a ouvir "La Forza del Destino"?
—É para ir ao Algarve e voltar, por favor.


(Onegin65)