6.3.08

Alta tensão na Batalha

Entramos no Claustro Real do Mosteiro da Batalha e deparamo-nos com postes de alta tensão, ligados por uma mangueira que transporta água num circuito fechado a partir da fonte que se encontra junto do refeitório. Supostamente o motor bombeia a água de modo a que bolhas de ar passeiem pelo claustro, dentro do tubo, mas o efeito perde-se porque algo está a funcionar mal. Logo me pergunto se não há obras urgentes a levar a cabo no monumento, que possam ser subsidiadas pela EDP e proporcionar-lhe uma melhor publicidade que aquelas estruturas metálicas, que só nos trazem à memória o impacto que a produção e a distribuição de energia eléctrica causam na paisagem.

Mas a EDP é que sabe e resolveu patrocinar sete criações artísticas a instalar nas sete maravilhas de Portugal, entre 30 de Novembro de 2007 e 5 de Agosto de 2008. Na Batalha poderemos admirar a obra de Susana Anágua até 22 de Abril. As outras seis maravilhas receberão intervenções de Ângela Ferreira, Fernanda Fragateiro, Joana Vasconcelos, João Tabarra, Miguel Palma e Pedro Cabrita Reis. Desejo-lhes melhor sorte.



"A Cinética do Silêncio", 2007
Aço, mangueira cristal, água e bomba Hidráulica

O Claustro Real é analisado como espaço de geometria fechada que propõe uma relação limitada com o exterior. O silêncio e o movimento caracterizam a vivência do espaço.
A instalação é composta por estruturas metálicas e um circuito fechado de tubagens transparentes onde a água, interrompido por bolhas de ar, circula desde a nascente e volta à sua origem. A água é retirada da fonte que se situa na extremidade do claustro através de uma bomba/motor de água que bombeia toda a tubagem.
O circuito é suspenso por quatro estruturas metálicas, que pelo seu desenho lembram os postes de alta tensão que povoam a nossa paisagem natural e sustentam os cabos de circulação da energia eléctrica.

O bell’alma innamorata

No dia 3 de Março soube-se que Giuseppe di Stefano tinha morrido. Foi o companheiro de Callas em tantos palcos, e em tantas "Lucias" a ira dos mortais os separou. Que os deuses os juntem agora no céu da música.

Di Stefano como Edgardo di Ravenswood


EDGARDO:

Tu che a Dio spiegasti l’ali,
O bell’alma innamorata,
Ti rivolgi a me placata...
Teco ascenda il tuo fedel.
Ah se l’ira dei mortali
Fece a noi sì cruda guerra,
Se divisi fummo in terra,
Ne congiunga il Nume in ciel.
(trae rapidamente un pugnale
e se lo immerge nel cuore)
Io ti seguo...

Da ópera "Lucia di Lammermoor", de Donizetti, gravada ao vivo em Berlim, em 1955, com Callas e Karajan.