11.3.08

E o Sol brilhou

aos bocadinhos.




Rosa banksiae

E Amanhã o Sol Voltará a Brilhar

Malcolm Martineau

Magdalena Kozená teve a acompanhá-la o pianista que um cantor pode desejar. Malcolm Martineau está sempre atento, na linha de Geoffrey Parsons e Graham Johnson. O público da Gulbenkian já o conhece muito bem.

Kozená aliou à inteligência da sua interpretação uma voz que pareceu mais quente e cheia que em recitais e concertos anteriores. Foi sedutora nas melodias requintadas de Debussy e mostrou sentido teatral nas canções de Poulenc. A Mahler faltou a alma, ou seja, faltou-me a orquestra, e Kozená não é uma grande mahleriana, apesar de ter emocionado na última das canções de Rückert: "Ich bin der Welt abhanden gekommen" ("Estou perdido para o mundo"). Do reportório alemão, foi melhor o grupo de canções de Strauss, com belas interpretações de "Ruhe, meine Seele" e "Morgen". Depois de um dia de chuva que Londres passou em Lisboa, foi-nos garantido que amanhã o Sol voltará a brilhar, como diz o poema de John Henry Mackay ("Und morgen wird die Sonne wieder scheinen"). E no final da canção, depois de "sobre nós cair o silêncio da felicidade", ficaram no ar os acordes saboreados por Malcolm Martineau.