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26.1.13

Grace Bumbry na Ópera de Viena

Em Viena pode-se ir à Ópera todas as noites por três ou quatro euros. Oitenta minutos antes do início das récitas começa a venda dos lugares de pé, situados ao fundo da plateia, no balcão e na galeria. Porém, não se assuste o leitor: os Stehplätze estão munidos de suportes à altura dos cotovelos, pelo que o problema maior poderá não ser virem a doer-lhe as cruzes, mas, sim, começar a sentir as pernas derreadas. Alguns clientes habituais da Staatsoper é o que fazem, assim como turistas acidentais que debandam à primeira oportunidade, após terem recheado as máquinas fotográficas com as suas caras à frente das vistas do interior da Ópera de Viena.
Foi assim que me surgiu a oportunidade rara de ver A Dama de Espadas de Tchaikovsky. Rara porque a ópera não é frequentemente apresentada, e raríssima porque a Condessa era Grace Bumbry. Marina Poplavskaya já fora substituída (por motivo de doença) por Hasmik Papian no papel de Lisa e Neil Shicoff também foi substituído na récita de 19 de Janeiro por Marian Talaba. Tratava-se da reposição da encenação que se vê lá em baixo, de Vera Nemirova, mas agora com a estreia do nosso conhecido maestro Marko Letonja na Ópera de Viena.

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A presença e a voz de Grace Bumbry valeram a noite. Não há como negar que as suas entradas em cena ofuscavam todos à sua volta e faziam-nos esquecer que a produção não era bonita e tinha pouco interesse. Foi ela quem recebeu os maiores aplausos da noite. Muitos dos que lá estavam, quando forem velhinhos, poderão dizer que ainda ouviram Grace Bumbry ao vivo.



"Pique Dame" (em Bildergalerie há mais.)

25.1.13

Nabucco em Viena

Se não gostam de música, por que é que encenam Ópera?
Esta é a questão que me tem ocupado os dias. E ainda: se encontrarem por aí um tal de Günter Krämer, dêem-lhe uns açoites por mim. Posso estar a chover um bocadinho no molhado, que o tema dos encenadores já devia ter dado o que tinha a dar, contudo o que aquele senhor fez não se faz. Mesmo dando de barato que as actualizações são um dado adquirido e que é cada vez mais difícil fugir delas, até na ainda há pouco tempo conservadora Ópera de Viena, se se roubar a "Nabucco" o carácter histórico-bíblico, deixa de haver "Nabucco". Pior ainda quando se corta a repetição das cabaletas de Abigaille e de Nabucco. Se o que se vê não faz sentido, também a música e os cantores saem prejudicados pela vontade ditatorial do tal senhor. Quando estamos preparados para que Elisabete Matos repita o seu resplendente Salgo già del trono aurato, vem o corte. Não é justo. E isto acontece porquê? Porque, apesar de se tratar de uma reposição, a produção original saiu assim da cabeça do senhor que manda.

Dito isto, o elenco foi como segue:

Jesús López-Cobos | Maestro
Andrzej Dobber | Nabucco
Elisabete Matos | Abigaille
Michele Pertusi | Zaccaria
Dimitrios Flemotomos | Ismaele
Monika Bohinec | Fenena
Simina Ivan | Anna
Janusz Monarcha | Oberpriester des Baal
Jinxu Xiahou | Abdallo

Apesar de nem todos os cantores terem estado à altura do que se espera de um "Nabucco" na Ópera de Viena, houve a orquestra, houve López-Cobos, o excelente Zaccaria de Pertusi e a brilhante estreia de Elisabete Matos na Wiener Staatsoper. No final das récitas lá estavam os admiradores à espera dos autógrafos, expressando o desejo de que Elisabete Matos regresse a Viena, alguns empunhando fotografias impressas a partir de imagens como esta (para a próxima tentarei não me esquecer de cobrar os direitos de autor).

"Nabucco" na Ópera de Viena (Bildergalerie)

6.3.12

Sonetto XXIV

O Rapto de Ganímedes, d'après Michelangelo, no Kunsthistorisches Museum de Viena
(O desenho original, oferecido por Michelangelo a Tommaso de’ Cavalieri, perdeu-se,
mas a Royal Collection mantém uma cópia)


Pintor, escultor, poeta, arquitecto, engenheiro, Michelangelo Buonarroti nasceu a 6 de Março de 1475. Toda a gente conhece o David e a Capela Sistina, no entanto os seus poemas são menos populares.
Benjamin Britten terminou a composição de Sete Sonetos de Michelangelo em 1940, para Peter Pears, quando ambos viviam em Nova Iorque. Jonas Kaufmann também já os cantou.
O Soneto XXIV (Spirto ben nato) é o último do ciclo e traduz muito bem a sensualidade e a intensidade emocional dos "poemas de amor" de Michelangelo, tal como um outro dedicado a Tommaso de’ Cavalieri que termina assim:
Se vint’ e pres’ i’ debb’esser beato,
Maraviglia non è se, nud’ e solo,
Resto prigion d’un Cavalier armato.
Se, derrotado e cativo, sou afortunado,
Não é estranho que, indefeso e só,
Fique refém de um Cavaleiro armado.



Spirto ben nato, in cui si specchia e vede
Nelle tue belle membra oneste e care
Quante natura e 'l ciel tra no' può fare,
Quand'a null'altra suo bell'opra cede;
Spirto leggiadro, in cui si spera e crede
Dentro, come di fuor nel viso appare,
Amor, pietà, mercè, cose sì rare,
Che ma’furn’in beltà con tanta fede;
L’amor mi prende e la beltà mi lega;
La pietà, la mercè con dolci sguardi
Ferma speranz’al cor par che ne doni.
Qual uso o qual governo al mondo niega,
Qual crudeltà per tempo, o qual più tardi,
C’a sì bel viso morte non perdoni?

Noble spirit, in whom is reflected,
And in whose beautiful limbs, honest and dear, one can see
All that nature and heaven can achieve within us,
Excelling any other work of beauty;
Graceful spirit, within whom one hopes and believes
Dwell - as they outwardly appear in your face -
Love, pity, mercy, things so rare
And never found in beauty so truly;
Love takes me captive, and beauty binds me;
Pity and mercy with sweet glances
Fill my heart with strong hope.
What law or power in the world,
What cruelty of this time or of a time to come,
Could keep Death from sparing such a lovely face?

(Tradução para Inglês encontrada no YouTube)

24.11.10

Don Carlo


Infante Don Carlos
(1564) por Alonso Sánchez Coello
Kunsthistorisches Museum (Viena)

O tema Don Carlos já aqui respondeu várias vezes à chamada e hoje resolveu reaparecer.
Verdi compôs a ópera "Don Carlos" originalmente com cinco actos e libreto em Francês, a partir do poema de Schiller, mas ainda durante os ensaios para a estreia em Paris (1867) viu-se obrigado a fazer cortes na partitura. Actualmente, com dois intervalos, uma récita ainda é coisa para durar umas magníficas quatro horas e meia bem contadas.


Monumento a Schiller em Viena

Um dos trechos sacrificados foi Qui me rendra ce mort?, que Filipe II cantaria depois da morte de Rodrigo. Essa melodia foi mais tarde reciclada pelo compositor, que a adaptou ao Lacrimosa do seu Requiem.


Ao longo de quase duas décadas sucederam-se alterações à partitura de "Don Carlos". Para Itália Verdi apresentou uma versão em quatro actos, já em Italiano, nascendo assim "Don Carlo", e ainda uma outra com cinco actos. Por esta e por outras razões - não existe uma versão definitiva -, há quem considere "Don Carlo" uma ópera com muitas imperfeições.
Em 1996 Paris e Londres puderam assistir ao "Don Carlos" mais próximo daquilo que Verdi inicialmente idealizou: um "Don Carlos" quase wagneriano. Nessa produção de Luc Bondy, apresentada no Théâtre du Châtelet e depois em Covent Garden, foram utilizados vários fragmentos entretanto encontrados em arquivos. Um exemplo é Qui me rendra ce mort?, que José van Dam interpretou como se ouve e vê aí em cima.
Roberto Alagna, que se estreou no papel de Don Carlos nessa produção memorável, repetindo-o em Londres, não voltou a cantá-lo até à passada segunda-feira, em Nova Iorque, desta vez em Italiano (crítica em The New York Times). No próximo dia 11 de Dezembro ele estará simultaneamente no Met e na Avenida de Berna e os bilhetes estão quase esgotados.
Simon Keenlyside interpretou em Londres (2009) a personagem de Rodrigo, Marquês de Posa, na nova produção de Nicholas Hytner que agora está em Nova Iorque. Também ele virá à Gulbenkian.
 

Pode ler o argumento da ópera, resumido por Margarida Lisboa, no sítio da Antena 2.
A última vez que se viu "Don Carlo" em Lisboa parece ter sido em 1977. Do elenco faziam parte Mara Zampieri (Tu che le vanità, no Coliseu dos Recreios, com o característico acompanhamento), Cesare Siepi, Viorica Cortez e Elsa Saque. Já era tempo de se pensar nele a sério outra vez.

ADENDA: Um cheirinho do dueto (FB) de Don Carlo e Rodrigo (Alagna e Keenyside) no Met e um outro do dueto de Carlo com Elisabetta:

30.3.10

Paixão

Oportunidade para ir à Gulbenkian, hoje ou amanhã, e assistir à Paixão Segundo São Mateus, de Bach. A bilheteira online diz-nos que este evento se encontra esgotado, mas nunca se sabe.

Alegoria da Salvação, posterior a 1543, de Wolf Huber
(Kunsthistorisches Museum, Viena)


27.3.10

Ankeruhr

Mais logo os relógios serão adiantados sessenta minutos, roubando uma hora à nossa noite. Felizmente amanhã é Domingo, porque à uma já serão duas e às duas já serão três e às duas por três já é de manhã.

Em Viena, ao meio-dia, doze figuras da História da cidade desfilam neste relógio e, de hora a hora, cada uma dá lugar à seguinte, sendo Marco Aurélio o primeiro da fila, à uma hora, e Joseph Haydn o último, às doze. Fico curioso por saber como será feita a passagem do testemunho esta noite, quando às 00h00 os Austríacos mudarem a hora e Haydn tiver de dar uma corridinha para que o imperador romano entre sem atrasos.

Ankeruhr - Viena

Não vá Haydn pensar que estamos zangados, ou pior, que queremos livrar-nos dele, ouçamo-lo aqui pelas mãos de Rostropovich, que hoje faria anos.

25.3.09

Decapitados

Esta Salomé foi pintada por Lucas Cranach, o Velho, e está no Museu Nacional de Arte Antiga, por sinal, muito bem acompanhada.
Quando vejo a cabeça de João Baptista numa bandeja de prata sinto um calafrio, só de pensar no sangue esguichando do pescoço acabado de degolar, como se vê num quadro de Gregório Lopes pendurado numa igreja em Tomar. Por paixão, vingança, capricho, eu sei lá, Salomé dançou para exigir a cabeça de Jochanaan a Herodes.



Lucas Cranach parece ter gostado do tema e pintou também a cabeça de Holofernes nas mãos de Judite. As razões desta eram outras e ela não mandou recado: pegou na espada e foi ao campo do adversário decapitá-lo.

Judite e Holofernes
Kunsthistorisches Museum, Viena (foto minha)




Jochanaan - Bryn Terfel
Salome - Catherine Malfitano



"Salome", de Richard Straus, estreia brevemente no Teatro de São Carlos. A acção tem lugar num parque infantil rodeado de prédios.

13.3.09

Paixão

Nunca tinha falado aqui do meu violinista preferido, o que me parece agora uma grande falha. Mas Yehudi Menuhin aparece em boa hora, dando-nos notas de Bach, da "Paixão Segundo São Mateus", acompanhando uma cantora que me era totalmente desconhecida até há alguns minutos: Eula Beal.

"Each human being has the eternal duty of transforming what is hard and brutal into a subtle and tender offering, what is crude into refinement, what is ugly into beauty, ignorance into knowledge, confrontation into collaboration, thereby rediscovering the child's dream of a creative reality incessantly renewed by death, the servant of life, and by life the servant of love".

(Menuhin's Dream - ver o filme!)


Erbarme dich
(versão em Inglês)

(operatribute)
Have mercy,
Lord, on me, regard my bitter weeping,
Look at me,
Heart and eyes both weep to Thee
Bitterly.


Coroação de Cristo, de Caravaggio, ca. 1603/4
(foto minha, original no Kunsthistorisches Museum, Viena
)

2.3.09

Stabat Mater

Não é por estarmos na Quaresma. É porque fui levado a passear pelas ruas de Lisboa ao som deste "Stabat Mater" de Pergolesi.

(sunriseblack)

Stabat Mater dolorosa
Juxta crucem lacrimosa
Dum pendebat filius.



Painel central do tríptico "A Crucificação",
de Rogier van der Weyden, ca. 1440
(foto minha, original no Kunsthistorisches Museum de Viena)

17.1.09

Alta Escola

Quando o Museu Nacional dos Coches for transplantado para a nova casa, o Real Picadeiro de Belém pode voltar a ser utilizado para espectáculos com os lusitanos da Escola Portuguesa de Arte Equestre. Em Viena, na Spanische Hofreitschule, a arte é dos lipizzanos.


Trabalho matinal no picadeiro da Spanische Hofreitschule

Lipizzano



Adenda :

Cavalos Portugueses - ligações para o Lusitano, o Sorraia e o Garrano

Sorraia Folheto Informativo - um sítio dedicado à preservação do Sorraia



13.1.09

Majolikahaus

Viena Dezembro 08 - 39

Há quem viva e jardine na Casa da Majólica, de Otto Wagner, um dos arquitectos ligados ao movimento da Secession de Viena. Este edifício encontra-se na Linke Wienzeile.


Ver mapa maior


Majolikahaus


Majolikahaus


Viena Dezembro 08 - 56


Viena Dezembro 08 - 54

5.1.09

O Esplendor do Barroco




A antiga Hofbibliothek (actualmente chamada Prunksaal) integra a Biblioteca Nacional Austríaca, em Viena, e foi mandada construir pelo cunhado de D. João V, o imperador Carlos VI. Os frescos foram pintados por Daniel Gran, terminados em 1730, e constituem um conjunto admirável de alegorias barrocas, passando pela Guerra e pela Paz, pelas divindades clássicas, pelas ciências e pelas Virtudes, culminando com a apoteose do imperador.

Slideshow

23.12.08

Especial Natal

Christkindlmarkt



Kohlmarkt

Graben

Virgem com o Menino e São José,
de Joos van Cleve, ca. 1530

Sagrada Família com Santa Ana e João Baptista,
de Bronzino, ca. 1540


(As fotos são minhas, os originais estão no Kunsthistorisches Museum Wien)

14.12.08

Secession

(magic5227)


"A cada tempo a sua arte, à arte a sua liberdade"

É o que se lê na fachada da galeria de exposições da Secession, movimento fundado por um grupo de artistas dissidentes da escola tradicionalista e conservadora que prevalecia antes em Viena. Entre os nomes mais importantes da Secession estão os de Gustav Klimt, Otto Wagner, Josef Hoffmann e Joseph Maria Olbrich (o arquitecto que construiu o edifício em 1898), mas Egon Schiele e Oskar Kokoschka também mantiveram relações com ela.





Em 1902 a Secession organizou uma exposição dedicada a Beethoven e Klimt pintou um ciclo mural inspirado na interpretação de Wagner sobre a nona sinfonia: o Beethovenfries. Podemos ler aqui o significado simbólico das várias figuras representadas no friso, desde o "desejo de felicidade" até ao "beijo para o mundo inteiro" da Ode à Alegria de Schiller.

Desejo de felicidade (imagem daqui)

Este beijo para o mundo inteiro (imagem daqui)