6.6.07
Ode à Primavera - Winterstürme
No primeiro acto de "A Valquíria", Siegmund e Sieglinde, gémeos sem o saberem, conhecem-se e apaixonam-se. Wagner recorreu à mitologia nórdica para compor "O Anel do Nibelungo" e fez, aqui, uma alegoria aos amores proibidos. A Primavera liberta o Amor, seu irmão, tal como Siegmund liberta Sieglinde, presa a um marido aterrorizador.
O libreto original é de Richard Wagner.
A produção é de Patrice Chéreau (1976, Bayreuth), Peter Hofmann e Jeannine Altmeyer são os gémeos e Pierre Boulez dirige.
O libreto original é de Richard Wagner.
A produção é de Patrice Chéreau (1976, Bayreuth), Peter Hofmann e Jeannine Altmeyer são os gémeos e Pierre Boulez dirige.
Siegmund:
Winterstürme wichen dem Wonnemond,
in mildem Lichte leuchtet der Lenz;
auf linden Lüften leicht und lieblich,
Wunder webend er sich wiegt;
durch Wald und Auen weht sein Atem,
weit geöffnet lacht sein Aug'.
Aus sel'ger Vöglein Sange süss er tönt,
holde Düfte haucht er aus;
seinem warmen Blut entblühen wonnige Blumen,
Keim und Spross entspringt seiner Kraft.
Mit zarter Waffen Zier bezwingt er die Welt;
Winter und Sturm wichen der starken Wehr:
wohl musste den tapfern Streichen
die strenge Türe auch weichen,
die trotzig und starr uns trennte von ihm.
Zu seiner Schwester schwang er sich her;
die Liebe lockte den Lenz:
in unsrem Busen barg sie sich tief;
nun lacht sie selig dem Licht.
Die bräutliche Schwester befreite der Bruder;
zertrümmert liegt, was je sie getrennt;
jauchzend grüsst sich das junge Paar:
vereint sind Liebe und Lenz!
Sieglinde:
Du bist der Lenz, nach dem ich verlangte
in frostigen Winters Frist.
Dich grüsste mein Herz mit heiligem Grau'n,
als dein Blick zuerst mir erblühte.
Fremdes nur sah ich von je, freundlos war mir das Nahe;
als hätt' ich nie es gekannt, war, was immer mir kam.
Doch dich kannt' ich deutlich und klar:
als mein Auge dich sah, warst du mein Eigen;
was im Busen ich barg, was ich bin,
hell wie der Tag taucht' es mir auf,
wie tönender Schall schlug's an mein Ohr,
als in frostig öder Fremde zuerst ich den Freund ersah.
Siegmund:
As tempestades do Inverno cederam ao mês de Maio,
a Primavera brilha com luz suave.
Embalada pela brisa, leve e graciosa,
ela tece os seus milagres.
O seu sopro corre por florestas e prados,
os olhos sorriem bem abertos.
Soa docemente no canto dos pássaros,
exalando um perfume fresco.
Do seu sangue quente nascem flores maravilhosas,
botões e rebentos brotam pelo seu poder.
Domina o mundo com a arma da beleza.
O Inverno e a tempestade cedem ao seu ataque;
também a porta que teimosamente nos separava dela
não resistiu aos seus golpes corajosos.
Para o irmão ela veio correndo,
o Amor chamou a Primavera.
Ele, que andava escondido dentro de nós,
agora ri, feliz perante a luz.
A irmã e noiva libertou o irmão,
ruiu tudo o que os separava.
O jovem casal saúda-se em êxtase,
estão unidos o Amor e a Primavera!
Sieglinde:
Tu és a Primavera, que eu tanto desejava
no tempo das geadas.
O meu coração saudou-te, com um tremor divino,
quando o teu olhar me tocou.
Vivia rodeada de estranhos, sem amigos,
como se não conhecesse nada.
Mas, a ti, reconheci-te claramente:
quando os meus olhos te viram, soube que eras meu.
Tudo o que escondia dentro de mim, tudo o que sou,
tonou-se límpido como o dia,
soou-me no ouvido como um trovão,
quando vi pela primeira vez um amigo
neste sítio inóspito e gelado.
(...)
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