30.11.10

Peter Hofmann (1944-2010)

Em 1976, na produção de Patrice Chéreau para a comemoração do centenário d'O Anel do Nibelungo, em Bayreuth,  coube a Peter Hofmann o papel de Siegmund (em "Die Walküre"). Ainda em Bayreuth interpretou Parsifal, Lohengrin e Tristan, mas a sua carreira de tenor heróico não seria longa. Nos anos 1980/90, Peter Hofmann passou por vários géneros mais ligeiros, incluindo o rock e o teatro musical, e terminou oficialmente a carreira em 2004.
Os últimos anos da sua vida foram acompanhados pela doença de Parkinson, pela pobreza e pelas pensões sociais (segundo um artigo em Der Tagesspiegel de 2006). Faleceu na noite passada.





Mais logo

Hoje é o dia do III recital de Chopin por Artur Pizarro no CCB e eu tenho um bilhete para a Salinha Eduardo Prado Coelho, onde cabem uns trezentos e tal espectadores bem aconchegadinhos. Convém, porque as noites estão frescas. E porque Pizarro rapidamente esgota salas mas o CCB não lhe deu o Grande Auditório, onde muitos mais admiradores seus poderiam ouvi-lo ao vivo, a Antena 2 transmitirá o recital em directo, embora sem as cores. É às nove da noite e o programa é este:

PROGRAMA 
Variations brillantes, em Si bemol maior, sobre Je vends des scapulaires,
  op. 12
5 Mazurcas, op. 7
Valsa, em Sol bemol maior, op. 70 n.º 1
Nocturno, em Dó sustenido menor
4 Mazurcas, op. 6
3 Nocturnos, op. 9
Introdução e Rondo, op. 16
12 Estudos, op. 10 .

A Fantaisie-Impromptu, em Dó sustenido menor, op. 66, fica para o IV recital.

25.11.10

Lá vai dardo


A Helena, a Io e a Gi são umas queridas, em verdade vos digo. No momento da escolha do alvo a abater fizeram pontaria para aqui e agora valha-me Santa Irene, que qual São Sebastião me sinto, todo trespassadinho pelos dardos que aqui me chegam do palrador 2 Dedos de Conversa, do apaixonado Amor e Outros Desastres e do prazenteiro Garden of Philodemus. Todos eles blogues imprescindíveis e de visita diária, quer preguicem quer furem greves. Dardos portanto de volta para eles, em contra-ataque, com os devidos agradecimentos pela distinção e pela óptima companhia em que colocaram o valkirio.

Aqui fica o texto que acompanha o prémio:
O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que, em suma, demonstrem a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras e as suas palavras. Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.
E agora lanço eu um dardo ao Bandeira ao Vento. Embora ele já esteja furado, há-de caber-lhe mais um selo na colecção.
ADENDA: Posso lançar mais um dardinho? Então é para os Amigos do Botânico, que não se cansam de lutar por ele, e para relembrar a quem ainda não assinou a Petição em defesa da Missão do Jardim Botânico e da sua sustentabilidade ambiental (...) que já é tempo de o fazer.

24.11.10

Don Carlo


Infante Don Carlos
(1564) por Alonso Sánchez Coello
Kunsthistorisches Museum (Viena)

O tema Don Carlos já aqui respondeu várias vezes à chamada e hoje resolveu reaparecer.
Verdi compôs a ópera "Don Carlos" originalmente com cinco actos e libreto em Francês, a partir do poema de Schiller, mas ainda durante os ensaios para a estreia em Paris (1867) viu-se obrigado a fazer cortes na partitura. Actualmente, com dois intervalos, uma récita ainda é coisa para durar umas magníficas quatro horas e meia bem contadas.


Monumento a Schiller em Viena

Um dos trechos sacrificados foi Qui me rendra ce mort?, que Filipe II cantaria depois da morte de Rodrigo. Essa melodia foi mais tarde reciclada pelo compositor, que a adaptou ao Lacrimosa do seu Requiem.


Ao longo de quase duas décadas sucederam-se alterações à partitura de "Don Carlos". Para Itália Verdi apresentou uma versão em quatro actos, já em Italiano, nascendo assim "Don Carlo", e ainda uma outra com cinco actos. Por esta e por outras razões - não existe uma versão definitiva -, há quem considere "Don Carlo" uma ópera com muitas imperfeições.
Em 1996 Paris e Londres puderam assistir ao "Don Carlos" mais próximo daquilo que Verdi inicialmente idealizou: um "Don Carlos" quase wagneriano. Nessa produção de Luc Bondy, apresentada no Théâtre du Châtelet e depois em Covent Garden, foram utilizados vários fragmentos entretanto encontrados em arquivos. Um exemplo é Qui me rendra ce mort?, que José van Dam interpretou como se ouve e vê aí em cima.
Roberto Alagna, que se estreou no papel de Don Carlos nessa produção memorável, repetindo-o em Londres, não voltou a cantá-lo até à passada segunda-feira, em Nova Iorque, desta vez em Italiano (crítica em The New York Times). No próximo dia 11 de Dezembro ele estará simultaneamente no Met e na Avenida de Berna e os bilhetes estão quase esgotados.
Simon Keenlyside interpretou em Londres (2009) a personagem de Rodrigo, Marquês de Posa, na nova produção de Nicholas Hytner que agora está em Nova Iorque. Também ele virá à Gulbenkian.
 

Pode ler o argumento da ópera, resumido por Margarida Lisboa, no sítio da Antena 2.
A última vez que se viu "Don Carlo" em Lisboa parece ter sido em 1977. Do elenco faziam parte Mara Zampieri (Tu che le vanità, no Coliseu dos Recreios, com o característico acompanhamento), Cesare Siepi, Viorica Cortez e Elsa Saque. Já era tempo de se pensar nele a sério outra vez.

ADENDA: Um cheirinho do dueto (FB) de Don Carlo e Rodrigo (Alagna e Keenyside) no Met e um outro do dueto de Carlo com Elisabetta:

16.11.10

Assinar pelo Jardim Botânico

A Plataforma em Defesa do Jardim Botânico de Lisboa* lançou a Petição em Defesa da Missão do Jardim Botânico e da sua sustentabilidade ambiental, social e económica a longo prazo. Revisão imediata do Plano de Pormenor do Parque Mayer, Jardim Botânico, Edifícios da Politécnica e Zona Envolvente.
Porque é importante, pode ler o texto, assinar a petição e divulgá-la. São precisas 4000 assinaturas.


*Associação Árvores de Portugal, APAP - Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas, Associação Lisboa Verde, Cidadãos pelo Capitólio, Fórum Cidadania Lx, Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades, Liga dos Amigos do Jardim Botânico, OPRURB-Ofícios do Património e da Reabilitação Urbana, Quercus-Núcleo de Lisboa

10.11.10

Leiloe-se.

Se o país fosse uma obra de Warhol, ou um vaso chinês do século XIV, ainda poderíamos leiloá-lo na Sotheby's, cujos clientes andam uns verdadeiros mãos-largas. Este vaso, que pertencia a um coleccionador português, tinha um valor estimado em 400 000 a 600 000 libras esterlinas mas o preço praticamente sextuplicou - mais de 2 600 000 libras.

Mais doce que as rosas

Andreas Scholl, que nasceu numa pequena cidade rodeada de vinhas e à beira do Reno - tudo isto há-de ter jogado a seu favor -, faz hoje anos. Herzlichen Glückwunsch!
Ide ouvê-lo.

Sweeter than roses

Sweeter than roses, or cool evening breeze
On a warm flowery shore, was the dear kiss,
First trembling made me freeze,
Then shot like fire all o'er.
What magic has victorious love!
For all I touch or see since that dear kiss,
I hourly prove, all is love to me.