

Os Portugueses andam cada vez mais constipados. Quando vamos a um concerto, ao teatro, à ópera, até mesmo à cinemateca ver um Murnau mudo, toda a gente tem imensa tosse.
Se estivermos a assistir a uma récita de Wagner, é nos momentos mais sublimes, os que grande parte do público acha aborrecidos, que ouvimos mais tosses. Quando Radu Lupu tocou Debussy na Gulbenkian, em Março, o festival de ruídos na plateia conseguiu destruir todo o clima criado pelo pianista. Claro, estava tudo à espera de Beethoven e, quando ele apareceu, o público lá acalmou.
Há alguns anos,
Angélique Ionatos cantou os seus temas de natureza intimista, os poemas de Odysseus Elytis e Safo de Mytilene, na Cuturgest. Estava um óptimo tempo de Primavera. A certa altura, perguntou por que razão estava tanta gente constipada e comentou: "
Et pourtant il fait beau".