28.2.12

Flora-On

Outro assunto: A Sociedade Portuguesa de Botânica informa que o portal Flora-On já está está aberto ao público! Dá muito jeito. Por exemplo, se quisermos identificar uma flor amarela, perguntamos-lhe por "flores amarelas" e ele dá-nos uma mão-cheia de resultados.


Charme tardo-socialista

Vista de Berlim-Leste a partir de uma torre de Potsdamerplatz

A praça mais feia de Berlim é, naturalmente, Alexanderplatz. Há quem diga que nela se encontra o mais puro spätsozialistischer Charme. Os edifícios que a contornam foram construídos por volta de 1970 e a sua traça corresponde marcadamente ao gosto da ex-RDA. O Alex, como a praça é chamada pelos Berlinenses, era o coração de Berlim-Leste (faça o Fototour e carregue em nächstes Bild para ver as imagens).

Fomos ao encontro de Carlos Bica num espaço dedicado às artes situado na antiga Casa da Hungria, o HBC, bem perto de Alexanderplatz, e que é mais uma relíquia da arquitectura de interiores tardo-socialista. Entra-se e tem-se a sensação de que ainda existe muro. É um mimo na Szene cultural berlinense.
Ouvimos um pouco da criação musical de novos compositores alemães. Carlos Bica é um dos elementos do Move String Quartet, onde toca com a violoncelista e compositora Susanne Paul, membro da Composers' Orchestra Berlin. Esta orquestra foi fundada em 2010 e é composta por músicos/compositores que se movem entre o jazz, a música clássica, a música popular, a improvisação.
There is no fixed line-up: the composers can select instruments from the pool, to develop a brand-new and innovative orchestral repertoire with stylistic influences ranging from classical to jazz and from folk to free…. the music written for this band has no exclusion zones.
Não posso dizer que tenhamos ficado encantados com tudo o que ouvimos, mas gostámos da experiência, do contrabaixo de Carlos Bica e da atmosfera criada pelas obras de Susanne Paul (ouça, por exemplo, Lamento e Desorientango). 

Também gostámos do charme tardo-socialista, claro.

25.2.12

Viagens na Minha Terra


Irene Lima regressa ao Foyer Aberto com João Paulo Santos, desta vez para interpretarem obras de Gabriel Fauré, Olivier Messiaen, a Página Esquecida de Fernando Lopes-Graça e a Sonata de Luís de Freitas Branco, cujo II andamento já aqui tinha entrado. Hoje podemos ouvir o III, estagiando para o próximo dia 27 de Fevereiro, às 6 da tarde.

   Luís de Freitas Branco: Sonata para Violoncelo e Piano - Muito moderado

19.2.12

Jonas Kaufmann e Helmut Deutsch na Philharmonie


O programa começou com canções de Liszt, que nos pareceram um bocadito aborrecidas e serviram para nos irmos habituando a uma coisa nova: ouvir uma voz naquela sala enorme, pensada para a grande orquestra. A acústica ideal para a Filarmónica é menos simpática para a voz num recital de canto e piano, como também acha Andreas Göbel (kulturradio). Mas Kaufmann e Deutsch souberam muito bem como resolver esse problema. Se a voz não enchia a sala, o seu belo timbre e a interpretação esplendorosa nas canções de Mahler e, na segunda parte, de Duparc e Strauss compensaram largamente o desajuste que sentimos no início.

A Helena conta mais alguns detalhes, como os ataques de tosse que quase destruíram um dos momentos mais belos do recital: Ich bin der Welt abhanden gekommen. Pensei até que Jonas ia seguir o exemplo dado uma vez por Jon Vickers.






No final, o público da Filarmonia rejubilava e aplaudia sem cessar e Jonas estava visivelmente satisfeito e imparável. Encores foram oito. Oito! E o público ia descendo e aproximando-se dele, ficando a ouvê-lo de pé ou de cócoras junto ao palco. Berlim.

Tivemos ainda a oportunidade de chegar perto do camarim de Jonas e de trocar três palavras com ele. Que tínhamos gostado muito, parabéns, e quando pensa ir a Lisboa? Ah, Lisboa... é uma cidade tão bonita. Já lá estive mas nunca cantei lá.

No site de Jonas Kaufmann podemos visionar um pequeno documentário com excertos do programa do recital que tem vindo a ser apresentado em Nova Iorque, Viena, Graz e Berlim (Paris vem a seguir).

15.2.12

Berliner Allgemeine

Quando João Grosso era director artístico do D. Maria II, Georgette Dee cantou . Passados quase nove anos surge a possibilidade de voltar a assistir a um espectáculo dela, agora no seu elemento, o Berliner Ensemble. Convém dizer que este teatro (Theater am Schiffbauerdamm) abriu em 1892, como Neues Theater, e é um dos mais representativos de Berlim. Foi lá que Kurt Weill estreou a Ópera de Três Vinténs em 1928. A ele estão ligados nomes como Max Reinhardt, Bertolt Brecht, Lotte Lenya, Rosa Valetti, Heiner Müller, Ruth Berghaus, Klaus Maria Brandauer. É um teatro mítico, localizado junto à Friedrichstrasse, bem no coração da antiga metade oriental de Berlim.



(as fotos possíveis)

Georgette Dee não cantou Mann in meinen Armen, que tínhamos ouvido em Lisboa. Desta vez fez-se acompanhar ao piano por Terry Truck e cantou Schöne Lieder (canções bonitas) e contou pequenas histórias cheias de um humor picante reminiscente do Kabarett


De volta à Filarmonia, para dar contas do que por lá se passa: depois de termos ouvido a de Bruckner exactamente como o Digital Concert Hall no-la mostra aqui, ontem pudemos também verificar que Sir Simon Rattle dirigiu a sua orquestra num programa completamente diferente mas igualmente de cor. A Helena dá-nos mais detalhes.

13.2.12

Prodígios

Jesus-Christus-Kirche
Calhou a mim vir contar, muito rapidamente, o mais recente prodígio. Aconteceu ontem em Dahlem, um bairro muito agradável na zona Sudoeste de Berlim, com lagos, florestas e casas bonitas. É lá que se encontra a Igreja de Jesus Cristo, celebrizada por muitas gravações de Karajan, e não só, que a escolheu por ela oferecer uma acústica perfeita, graças ao altíssimo tecto de madeira e à cavidade entre ele e a cobertura. Pudemos comprová-lo: o coro da paróquia estava a ensaiar o padre-nosso e o som que produzia era sublime.

(Lembrei-me desta gravação da , embora não possa garantir que tenha sido feita na Jesus-Christus-Kirche)

11.2.12

O Céu Sobre Berlim

A Helena conta histórias maravilhosas sobre Berlim. Da Filarmonia à Berlinale, uma verdadeira overdose de prodígios. Até o céu de Berlim anda vestido de azul lavado.

9.2.12

A Filarmónica em Berlim

Um conselho: se pretender visitar Berlim, não se esqueça de consultar antes o calendário da Filarmónica. Ouvi-la na sua casa e ver Simon Rattle a dirigi-la pode mudar a sua vida. Para sempre.



6.2.12

Um sítio onde pousar a cabeça

Um documentário de Ricardo Espírito Santo dedicado a Manuel António Pina. A não perder, dia 11 de Fevereiro, na RTP 2, às 21h00.


Documentário Manuel António Pina from Terra Líquida Filmes.

Primeiro abre-se a porta
por dentro sobre a tela imatura onde previamente
se escreveram palavras antigas: o cão, o jardim impresente,
a mãe para sempre morta.

(...)

Manuel António Pina, Como se desenha uma casa

2.2.12

Scholl goes pop


O programa do próximo concerto de Andreas Scholl na Gulbenkian, no dia 7 de Fevereiro, baseia-se no seu novo disco, dedicado a cantatas de Bach, gravado com a Orquestra de Câmara de Basileia e a maestrina Julia Schröder.
Scholl deu os primeiros passos na música coral de Bach e, ao longo da sua carreira como solista, regressou a este compositor com regularidade.




Mas Andreas Scholl interessa-se também pela música pop e montou o seu próprio estúdio de gravação no celeiro, onde faz as suas brincadeiras.
No ano passado, uma companhia aérea perdeu a sua mala e não mostrou grande interesse em procurá-la. Vai daí, Andreas escreveu e compôs Adria Airways lost my suitcase (via The Telegraph).

Adria Airways mix MASTER by Friendship7 productions