CAMOENS:
Giuoco di rea fortuna,
povero Camoens! D'Alcazar sul piano.
Per morto abbandonato,
poscia in crudele schiavitù ridotto,
rotti i tuoi ceppi alfine,
fia pur vero che il cielo impietosito
riveder ti conceda il patrio lido?
O Lisbona, alfin ti miro,
riedo alfine, o patria, a te!
L'aura tua ch'io sento e spiro
vita nuova infonde in me!
Scordo l'ansie e l'aspra guerra
che il destro mi fe' soffrir.
Ti riveggo, o sacra terra,
or può farmi il ciel morir!
Pur languente in suol straniero,
senza speme di mercé,
era il cor del prigioniero,
dolce patria, ognor con te!
Da ópera Dom Sebastião, Rei de Portugal, de Donizetti.
(Libreto)
É sempre um prazer rever Renato Bruson. Obrigado Paulo.
ResponderEliminarConcordo, FanaticoUm. Um grande barítono.
ResponderEliminarJá agora, talvez não fosse má ideia programar o "Don Sebastiano" em Lisboa num futuro próximo.
Bravo.
ResponderEliminarTenho esta ópera, que é bem comprida (3CDs) há já mais de dez ou quinze anos cantada por Enzo Mascherini, no Camões, Gianni Poggi, Fedora Barbieri e Giulio Neri. É uma pura efabulação da verdade histórica, mas mais vale efabulações do que nada. É como A Africana de Meyerbeer.
ResponderEliminarAinda bem que alguém resolveu fantasiar, Raul. Haverá melhor efabulação que a história de Don Carlos contada por Verdi?
ResponderEliminarSim, mas com o "perigo" de tornar sinistro um dos melhores reis europeus: Filipe II. Como dizia o outro "já branquearam o Henrique VIII" e o vencedor de Leparto que pôs os Turcos em ordem continua um beato, um sanguinário e um fanático". Verdi foi no jogo dos ingleses e reavivou essa imagem do grande Rei. Mas a História é feita pelos ingleses.
ResponderEliminarRaul,
ResponderEliminarHá que saber filtrar, tal como quando lemos um romance histórico. É claro que podemos ser influenciados pelas ideias do autor se gostarmos muito dele. De qualquer modo, a imagem negativa que "Don Carlo" passa de Filipe II baseia-se no seu fanatismo religioso (verídico; pergunte-se a Holandeses e Flamengos o que pensam dele), e no entanto o libreto mostra-nos como ele estava de mãos e pés atados perante o poder do Santo Ofício. "Dunque il trono piegar dovrà sempre all'altare!" é talvez a frase-chave que nos explica a dilaceração do Rei. Além de toda a cena entre Filipe II e o Grande Inquisidor ser portentosa, um dos melhores momentos que Verdi escreveu.
Sei isso tudo sobre o suposto "fanatismo" deste grande rei. Até que ponto isso tudo será verdade ou antes um meio de legitimar as acções da coroa. Continuo a insistir que a mãozinha inglesa contribui muito para a imagem da figura histórica. É muito inglês. Quanto ao desabafo do monarca no final de um dos momentos mais gloriosos da musica verdiana, também temos de ver a fronteira entre o poder do Rei e o poder inquestionável da Igreja ou a estratégia do Rei no seu aproveitamento da Igreja em uso próprio. É de lembrar o tempo que demorou Dom João III para trazer a Inquisição para Portugal, pois o Papa via bem que o interesse de andar a perseguir judeus e não só tinha muito mais que ver com factores financeiros e de aumento do Tesouro Real via confiscação.
ResponderEliminarVoltando aos ingleses, ainda recentemente no segundo filme sobre a Isabel I com a Cate Blanchett, onde é focada a Invencível Armada no seu caminho às costas inglesas, nós vemos os barcos espanhóis já quase em fogo, mas, indiferentes ao perigo, mas com os seus homens a rezarem piadosamente como fanáticos que são. Verdi através da sua obra-prima deu uma "machadada" muito grande para uma certa má imagem de Filipe II. O seu governo como Filipe I de Portugal foi dos melhores. Os sucessores e que só fizeram porcaria. Aliás a decadência da Espanha começa pouco após o reinado de Filipe II. E como disse no outro comentário, Filipe II é quem deteve os Turcos em Lepanto da sua presença no Mediterrâneo. Esforço que os nossos comtemporâneos parecem ignorar, contanto com a ajudinha da Inglaterra.
Os Ingleses têm uma visão muito própria da História, concordo. E também concordo com o Raul quanto à grandeza do reinado de Filipe II, que a nossa própria História tentou ofuscar com os seus ideais nacionalistas e independentistas.
ResponderEliminarMas voltando à efabulação em "Don Carlo", a personagem mais fantasiada será o Infante.
Sem dúvida nenhuma. Verdi seguirá Schiller, suponho, pois nunca li a peça. Mas ao que parece era uso na época. Uma das mulheres de Dom Manuael I (não me lembro o nome) estava prometida ao filho, Dom João III. Mas na maior parte das vezes casavam sem se conhecerem, daí que tanto fazia com o pai como com o filho, e, no caso de Filipe II o homem tinha uns 47 anos mais ou menos e não tinha a idade do dono da Playboy :).
ResponderEliminarVerdi seguiu quase à risca a peça de Schiller, que também não li mas já vi representada.
ResponderEliminarConsta que o então futuro Dom João III não ficou muito agradado pelo facto de o pai lhe ter roubado a noiva. No fundo, o Dom Carlos de Schiller/Verdi teria óptima aplicação no caso português (no que respeita à história de amor). Bastava mudar os nomes das personagens e um ou outro detalhe. O maior seria a figura do Grande Inquisidor.