O Teatro de São Carlos mostra, em curtos vídeos caseiros, excertos do concerto da passada Sexta-feira. A sala estava quase cheia, o que é sempre bom de ver. E óptimo foi ver a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos novamente muito bem dirigidos por Pedro Neves, que durante esta temporada visitará também a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.
Os solistas estiveram a condizer. Tanto Sara Braga Simões no Gloria, como os pianistas Daniel Cunha e Paulo Oliveira, ambos pupilos de Sequeira Costa.
Mais logo, o Teatro de São Carlos abre a temporada com três obras de Poulenc: Les Biches, Concerto para Dois Pianos em Ré Menor e Gloria. Canta Sara Braga Simões, tocam Paulo Oliveira e Daniel Cunha e Pedro Neves dirige.
Elisabete Matos volta a interpretar "La Voix Humaine" (Wiki), que Poulenc compôs a partir da peça de Jean Cocteau. Trata-se de um monólogo desesperado em que Ela, a Voz, fala ao telefone com o amante que a abandonou.
Jan Latham-Koenig fundou e foi director musical da Orquestra do Porto de 1989 a 1992. Por essa altura, dirigiu um "Lohengrin" memorável no Teatro de São Carlos (Waltraud Meier cantava o papel de Ortrud) e o concerto de Gwyneth Jones na Aula Magna, com a "sua" orquestra, que quem viu também não poderá esquecer. Depois, passou por vários teatros, como a Opéra National du Rhin, em Estrasburgo, onde conduziu estes "Dialogues des Carmélites", de Francis Poulenc (1899-1963).
A acção desta ópera decorre em Paris, no seio de uma comunidade de irmãs carmelitas, durante o período de terror da Revolução Francesa. Presas e condenadas ao cadafalso, na cena final vemo-las cair, uma após outra, enquanto entoam o "Salve Regina".
Poulenc foi educado na tradição católica romana, o que muito contribuiu para o número considerável de obras sacras que compôs, apesar de ter estado ligado a vários artistas e movimentos de vanguarda no início da sua carreira. Depois de ter sofrido a morte de vários amigos e de se debater numa luta interior constante entre as suas tendências sexuais e o profundo sentimento religioso, encontrou nos temas de carácter sacro uma das principais fontes de inspiração.