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25.7.14

Mais logo, na RTP 2

O concerto/homenagem a Elisabete Matos, que teve lugar no passado sábado no Festival ao Largo, vai ser transmitido hoje na RTP 2, às 23:06, após um documentário sobre a cantora.

No concerto da véspera, que quase chegou a não acontecer devido a uma chuvinha que, quando viu que ninguém arredava pé, decidiu desistir, foi assim:


20.12.13

In bocca al lupo

Daqui a poucas horas Elisabete Matos sobe novamente ao palco do Met de Nova Iorque para cantar um dos seus papéis de eleição: Tosca. Toi toi toi.

Recordemos, neste pequeno excerto do II acto, como ela o cantou no Teatro de São Carlos. A encenação era de Robert Carsen.


20.4.10

Avanti a Dio!

"Tosca" (imagem da Welsh National Opera)

Não sei se é verdade ou lenda, mas contaram-me que uma vez, na cena final de "Tosca", quando a cantora Floria Tosca se suicidava atirando-se das muralhas do Castel Sant'Angelo, a rede (imaginemos que era uma rede que a amparava atrás do cenário) resolveu propulsioná-la de novo para cima, proporcionando ao público um motivo para boas gargalhadas. A ser verdade, a cena terá sido digna de um filme de Charlot.
Quando chega o momento em que ela promete a justiça final, o encontro com Scarpia diante de Deus, temo sempre duas coisas: que a cena da rede elástica se repita ou que a heroína se magoe ao cair. Foi o que aconteceu a Elisabete Matos, no início de Março, na quinta récita em Cardiff. Caiu mal, magoou-se na coluna e a contractura obrigou-a a algum tempo de repouso e à ajuda da fisioterapia.

Cena final de "Tosca", com Malfitano e Domingo cantando ao vivo nos locais e às horas a que decorre a acção (1992):

Felizmente, Elisabete Matos recuperou muito bem e encontra-se agora na última semana de ensaios para a sua estreia como Lady Macbeth, em Estrasburgo (Opéra National du Rhin), no dia 25 de Abril.


2.2.10

Vai Fermosa e Bem Segura

Depois de Nápoles (2003) e Sevilha (2008), foi Madrid que pôde ouver Elisabete Matos interpretando Senta. Recordo agora as palavras que Jorge Rodrigues escreveu aqui a propósito da sua Tosca em Lisboa, já que a História insiste na repetição:

(...)
Havia um senão, enorme, em toda esta felicidade – Elisabete Matos continuava a não cantar em São Carlos um papel a sério; isto é, um daqueles papeis maiores que são oferecidos às divas (poucas pessoas há que merecem este tratamento, mas Elisabete Matos merece-o! – porque divas são as deusas que nos transportam emocionalmente para outras esferas). Um daqueles papeis que pela sua complexidade vocal e dramática só podem ser efectivamente defendidos por quem tenha um material vocal excepcionalíssimo e um material emocional que se traduz em representação de arromba. Embora os cantasse regularmente em palcos como os do Scala, do San Carlo de Nápoles, do La Fenice, etc., etc., etc. (...) Estava a repetir-se aquela merdosa atitude que é comum no nosso país – quem sobressai pela qualidade, zás, é logo atacado. E, invariavelmente, por gente miserável. É que quando me deslocava a Espanha e falava, por exemplo, com o Director do Teatro Real, lá vinha ele com a mesma conversa – “Elisabeta es nuestra!”. Obviamente, eu ficava orgulhoso, mas não deixava de pensar no estuporado país que permitia isto – ainda bem, por outro lado, que Elisabete foi para um país onde as coisas se levam a sério.
(...)

Não dispondo de nenhum registo sonoro ou videográfico que nos mostre como a voz de Elisabete Matos encheu o Teatro Real nas recentes récitas de Madrid - bem o desejaria, pois tanto a sua voz como a personagem se apresentam agora com outra maturidade e segurança -, aqui deixo um excerto de uma gravação de "Der Fliegende Holländer" no Teatro di San Carlo (Nápoles, 2003), quando Elisabete cantava o papel pela primeira vez.



E, ainda, um pedacinho do II acto de "Tosca" no Teatro de São Carlos (2008):



Para terminar, veja-se também como Àlex Rigola encenou o coro dos marinheiros deste Navio Fantasma (aquando da estreia da produção, no Gran Teatre del Liceu, Barcelona, 2007).

24.9.09

A Tosca do Met


George Gagnidze, como Scarpia, e Karita Mattila, como Tosca

O Ópera e Demais Interesses já tinha falado da abertura da temporada do Met, com Karita Mattila e Marcello Álvarez nos papeis de Floria Tosca e Mario Cavaradossi. Consta que o público não gostou da encenação de Luc Bondy, certamente bem mais despojada de apetrechos decorativos que a  anterior "Tosca" de Franco Zeffirelli, e apupou. Permito-me imaginar o que aconteceria a Graham Vick, Calixto Bieito e afins, se eles apresentassem as suas produções em Nova Iorque.

[A propósito de Graham Vick, estreia já no próximo dia 9 de Outubro, no Teatro de São Carlos, o seu "Crepúsculo dos Deuses".]

Aqui em baixo, não se vê, mas ouve-se como foi o início do dueto de Tosca com Cavaradossi ainda há poucos dias no Met:
-Mario! Mario! Mario!
-Son qui.

(Operalou)

14.8.08

Fake or real?


E se for tudo falso? O blogue de Nina Foresti denuncia diversas falsificações na discografia de Maria Callas, de factos da sua vida privada e da sua carreira artística e, também, de objectos que circulam em exposições que lhe são dedicadas, nomeadamente trajes e jóias de cena. Descubra as diferenças, comparando as fotos dos vestidos originais da "Traviata de Lisboa" e da "Tosca de Zeffirelli" com as dos que estão agora expostos no Museu da Electricidade.

8.7.08

Maria Callas - A Exposição de Lisboa

Ler a actualização

A Central Tejo (Museu da Electricidade) vai mostrar a exposição dedicada ao cinquentenário da Traviata de Lisboa, a partir de 12 de Julho e até 19 de Outubro de 2008.

Callas no camarim do Teatro de São Carlos, em 1958

A preparação desta mostra tinha sido abordada aqui mas, agora, já se conhecem alguns detalhes relativamente às peças que vamos poder ver ao vivo e a cores. Além dos vestidos de noite e das jóias de uso pessoal, destacam-se os trajes de cena*, como o da "Tosca" encenada por Franco Zeffirelli em Covent Garden, em 1964. Felizmente, o II acto foi filmado e é fundamental, pela intensidade dramática, por ter tanto teatro quando Floria Tosca planta o punhal no coração de Scarpia e profere "Questo è il bacio di Tosca". Pois é, o vestido que Callas usava naquele momento é este*:


*Era, de facto, mais ou menos como este. O site de Nina Foresti apresenta fotos de diversos trajes de cena usados por Callas e das suas cópias.

Il bacio di Tosca, Callas com Tito Gobbi
(34fgsfgsdtu48w7qtaqt)

Ainda segundo o site oficial da exposição, poderemos também admirar os adereços de cena do filme "Medea", de Pasolini, um colar da "Aida" do México (Mi bemol), de 1950, e a coroa desenhada por Christian Dior para a "Norma" da Ópera de Paris, em 1965.

Coroa de Norma, desenhada por Christian Dior


www.callas.it
Great Callas Exhibitions 2008 in Lisbon
The Callas Exhibition
Maria Callas - A Exposição de Lisboa

9.6.08

Il Bacio di Tosca

Antes da sua morte em 1902, Giuseppe Verdi fundou um lar para cantores e músicos retirados: a Casa Verdi, em Milão. O realizador suíço Daniel Schmid filmou o quotidiano dentro da casa, onde os artistas vivem das recordações das óperas em que participaram.
Sara Scuderi e Salvatore Locapo interpretam a cena em que Tosca mata o terrível Scarpia: "Questo è il bacio di Tosca".

(TheGreatPerformers)

23.5.08

Uma Cantora Com A Voz Toda

Tivemos oportunidade de assistir a uma temporada para esquecer na sua quase totalidade. Valeu-nos a Tosca de Elisabete Matos para nos fazer lembrar que se pode, afinal, fazer ópera no Teatro de São Carlos: verdadeira encarnação da personagem, com a voz toda do princípio ao fim e uma interpretação de grande nível.
Já há muito tempo que se conheciam as suas qualidades vocais e lembro-me muito bem da sua Mimi, da sua Micaela, da sua Donna Elvira, da sua Santuzza, da sua Sieglinde, da sua Norma (no teatro romano de Merida). Mas, como Floria Tosca, Elisabete Matos aparece-nos com uma segurança nova, a segurança de quem tem vindo a amadurecer a personagem e a sua própria voz. Venha então a Turandot. E que venham Salome, Isolde, Brünnhilde. Ficamos à espera, ansiosamente.

(Mais não preciso de dizer; Jorge Rodrigues já disse tudo aqui.)

Elisabete Matos (Tosca) e Vladimir Vaneev (Scarpia)
(Tosca, I acto - Teatro Nacional de São Carlos)



(Newsletter)

VIVA ÓPERA
Um projecto do Teatro Nacional de São Carlos
com coordenação de Bruno Caseirão

26. MAIO 2008 FOYER DO SÃO CARLOS 18:30H
entrada livre limitada à lotação do Foyer

«1.ª PESSOA: O ARTISTA» com ELISABETE MATOS
No âmbito do Viva Ópera o Teatro Nacional de São Carlos propõe ao público um encontro com os artistas através de uma conversa conduzida por Bruno Caseirão.

ELISABETE MATOS, que tem obtido grande êxito na interpretação do papel titular da ópera Tosca, actualmente em cena no São Carlos, inaugura esta série de encontros, no próximo dia 26 de Maio.
Em conversa com Bruno Caseirão no ambiente informal e de convívio do Foyer do São Carlos, Elisabete Matos evocará alguns dos marcos mais importantes da sua carreira e experiência artística.

E-mail para informações ao público: vivaopera@saocarlos.pt

22.5.08

Jorge Rodrigues fala de Elisabete Matos

Elisabete Matos
(Tosca, II acto - Teatro Nacional de São Carlos)



"ASSIM, SIM!

Não é para me armar em bom, ou em esperto, ou coisa que o valha, mas caíram-me os queixos assim que ouvi Elisabete Matos pela primeira vez num papel de destaque (o que aconteceu no Festival Internacional de Música de Macau em 1993). Não porque estivesse a tentar dar agudos (convém descer os queixos e abrir a goela para o conseguir), mas porque fiquei espantado pela qualidade de uma voz que eu nunca tinha ouvido na sua plenitude. E a partir daí fiquei o que se chama “fan”.
Depois dessa aventura tive a felicidade de a ouvir em inúmeras outras ocasiões, e essa primeira impressão manteve-se, e em crescendo, até aos dias de hoje. Mas nestas coisas, por mais certezas que tenhamos acerca dos nossos julgamentos, nunca estamos seguríssimos dos mesmos. Quer dizer, falhar é humano, e eu sou muito gente. Até que ouvi a Elisabete na Tosca que foi cantada e representada no Coliseu do Porto numa iniciativa do Círculo Portuense de Ópera. E aí mandei às urtigas as dúvidas que pudesse ter acerca de mim próprio. Recordo-me que entrei em histeria – telefonei para toda a gente a dizer que era obrigatório ir ouvi-la, tentei fazer passar esse meu legítimo entusiasmo através de um programa de rádio de que eu era autor na Antena 2 (o Ritornello), e preparei-me para a ouvir onde pudesse. E então foram viagens para o estrangeiro (estou a recordar uma Sieglinde em Sevilha, de cair para o lado, e as vicissitudes que a rodearam. Eu, a Isabel, o Nuno, a Ana Luísa, o António, a Manela, tudo a meter-se em carros, a voar até Sevilha, ouvir a récita, ir cear qualquer coisa a seguir, e vir logo a correr para Lisboa, onde todos tínhamos de trabalhar de manhã. Mas pensam que eu fazia uma coisa destas – eu e todos os que fomos – para ouvir uma ranhosa qualquer?). E foram também inúmeras as idas a concertos por esse país fora (Porto, Guimarães, vários locais em Lisboa, etc.). E a felicidade a continuar!
Havia um senão, enorme, em toda esta felicidade – Elisabete Matos continuava a não cantar em São Carlos um papel a sério; isto é, um daqueles papeis maiores que são oferecidos às divas (poucas pessoas há que merecem este tratamento, mas Elisabete Matos merece-o! – porque divas são as deusas que nos transportam emocionalmente para outras esferas). Um daqueles papeis que pela sua complexidade vocal e dramática só podem ser efectivamente defendidos por quem tenha um material vocal excepcionalíssimo e um material emocional que se traduz em representação de arromba. Embora os cantasse regularmente em palcos como os do Scala, do San Carlo de Nápoles, do La Fenice, etc., etc., etc. E ficava furioso por ela e por mim e pela minha geração: todos estamos prontos a gozar e a rir do modo como trataram Camões, do modo como trataram Viana da Mota, do modo como trataram N gente. E a nossa geração a cair no mesmo. E é isso que me custa, pois eu não quero que me confundam com essa gente que não vê um palmo à frente do nariz e cuja estupidez contamina uma geração inteira. Isto deixava-me absolutamente virado do avesso. Estava a repetir-se aquela merdosa atitude que é comum no nosso país – quem sobressai pela qualidade, zás, é logo atacado. E, invariavelmente, por gente miserável. É que quando me deslocava a Espanha e falava, por exemplo, com o Director do Teatro Real, lá vinha ele com a mesma conversa – “Elisabeta es nuestra!”. Obviamente, eu ficava orgulhoso, mas não deixava de pensar no estuporado país que permitia isto – ainda bem, por outro lado, que Elisabete foi para um país onde as coisas se levam a sério.
E lá começaram a dar-lhe, muito timidamente, alguns papeis em São Carlos – uma Santuzza, uma Sieglinde (mas em concerto), uns concertos, mas nada que enchesse o olho, sim porque eu gosto muito de ver uma siciliana a bater com as mãos no peito, mas aquilo acaba em um acto, não é? Quando começávamos a aquecer lá estava ela a lançar o agudo final e a agradecer. Assim não vale! Eu queria mais!
E surgiu esta Tosca estreada no mês de Maio de 2008! Em São Carlos! Aleluia!
Não há palavras para descrever o que eu – e todo o público – temos sentido. Digo apenas uma coisa: penso com toda a sinceridade que neste momento no mundo não há nenhuma Tosca superior ou comparável à de Elisabete Matos. Depois de ouvir a estreia fiquei imediatamente com essa certeza. Revi mentalmente os sopranos em actividade no mundo e, repito, nenhuma há que se lhe compare.
E passo a explicar.
Vocalmente falando Elisabete Matos está numa forma absolutamente excepcional. Sim porque a voz é de si excepcional, mas neste momento é uma excepcionalidade em forma excepcional. Os agudos da mulher! Há quem considere esta conversa dos agudos uma coisa superficial, simplista, e se ria de quem por eles se entusiasma – é gente muito superior a nós, infinitamente culta, com uma tal sensibilidade que não lhes permite aguentar tudo o que é força da natureza. Pois eu respondo-lhes: vão zurrar para outro lado. É que essa conversa da treta mais não é do que uma estupidez abissal, reles, e rasca – porque os compositores não colocaram essas notas impossíveis na partitura porque lhes apeteceu. Numa obra de arte – como são as óperas de Verdi, Puccini, Wagner, Bellini, Mozart, Strauss, Mussorgsky, etc. – tudo é orgânico e o facto de no III Acto a palavra “lama” (“lâmina”) ser dita com um dó agudo não é inocente, o facto de a Turandot ter de se lançar para a estratosfera ao cantar “Quel grido” não é inocente, o facto de a Azucena ter de lançar um si bemol ao cantar “sei vendicata o madre”, também não é inocente. Só perfeitas bestas é que não entendem isto. Mas infelizmente há bestas que zurram muito alto e muitas bestas há prontas a ouvi-las… O agudo é um elemento dramático e musical importantíssimo, fundamental, e ouvir uma Tosca que não tenha esse registo agudo seguro é o mesmo que ir ver um Benfica / Porto com os jogadores todos a coxearem. É que Tosca sem agudos é futebolista coxo, desculpem lá. Mesmo que não percebam o que eu digo, tentem decorar!
Mas não são só – obviamente – agudos! É todo um material vocal perfeitamente dominado, com uma igualdade esplendorosa, com um registo grave sem ser forçado e que arrepia pelo dramatismo que consegue imprimir a uma frase, é a construção da linha melódica, é a coragem. Sim, a coragem! Porque estar num palco é como estar num circo: há quem faça saltos mortais sem rede e há quem necessite de rede. Elisabete Matos canta sem rede, isto é, entrega-se toda ao papel e isso faz com que nunca se poupe. E isso é, acreditem-me, a melhor coisa que se pode ver – um artista que se dá todo em palco, sem pudor. Obviamente que para isso é preciso técnica, técnica e mais técnica (recordo sempre o que Edita Gruberova me disse uma vez: só a técnica liberta!), e ter alma, e mais alma, e mais alma.
E aqui chegamos ao elemento dramático, cénico. E a Tosca de Elisabete Matos também me desfez nesse aspecto. É um personagem perfeitamente pensado, coerente, sentido, verdadeiro. Ela consegue aquilo que poucas conseguem, isto é, faz-me acreditar naquilo que estou a ver. Sofro horrores por ela, estou aflito com ela, apetece-me no II Acto entrar pelo palco dentro agarrar no Scarpia e desfazer-lhe o focinho a pontapés. É isto, percebem, que eu gosto de sentir em ópera – comover-me até às lágrimas com o que vejo e ouço! E isso, meus amigos, só cantores excepcionais é que conseguem. Exemplos de total mestria dramática: o dueto de amor do I Acto, em que ela surge solta, alegre, feliz, e mesmo o arrufo “atavantico” é uma coisinha que percebemos ligeira; a entrada no II Acto, em que o gesto é lento, redondo, estudado, pensado, como um animal que está com medo que lhe façam mal; a expressão com que fica quando se deita no chão no final do mesmo II Acto. E no III Acto? A explosão de felicidade quando chega junto de Cavaradossi para lhe anunciar a “liberdade”. A mulher é de chorar!
E posto isto, e porque não quero maçar ninguém, fica aqui um conselho: não deixem de tentar ir a São Carlos antes do fim desta série de Toscas com a Elisabete Matos. Não deixem mesmo! Quem avisa, amigo é!"

Jorge Rodrigues