1.12.08

Arte Degenerada - Karl Schmidt-Rottluff

(TheGreatPerformers)

Karl Schmidt nasceu em Rottluff no 1º de Dezembro de 1884. Em 1905, com Kirchner, foi um dos fundadores do grupo de artistas "Die Brücke". Os artistas desta associação procuravam uma ponte para novos meios de expressão que os libertassem do academismo. Com eles nasceu o expressionismo, uma verdadeira revolução que impulsionou todos os movimentos modernistas das primeiras décadas do séc. XX. Amadeo, pela mão de Otto Freundlich, também conheceu "A Ponte".

Duas Mulheres, 1914 (Von der Heydt-Museum, Wuppertal)


Na Alemanha de Hitler, Goebbels concebeu a exposição "Entartete Kunst" (arte degenerada) para ridicularizar toda a arte entendida como decadente, subversiva, perversa ou não seguidora dos cânones do que se considerava ser a grande arte germânica. Karl Schmidt-Rottluff foi um dos artistas "eleitos" para integrarem essa exposição, assim como Kirchner e outros vultos do expressionismo alemão. Mas também lá estavam obras de Matisse, Picasso, Van Gogh e Chagall. Schmidt-Rottluff acabou por ser proibido de expor e de pintar e o seu estúdio em Berlim foi destruído pelas bombas.

Três Mulheres à Beira-Mar, 1919 (Buchheim Museum, Bernried)


A historiadora de arte Rosa Schapire foi, muito cedo, apoiante do grupo "Die Brücke". Schmidt-Rottluff retratou-a várias vezes e decorou uma sala do seu apartamento em Hamburgo. Em 1939 ela partiu para a Inglaterra, fugindo às perseguições nazis, e levou consigo algumas obras do artista. Para trás ficaram a casa e várias peças de mobiliário desenhadas por Schmidt-Rottluff que desapareceram durante um raide aéreo.

Retrato de Rosa Schapire, 1919 (Tate Collection)


Em 1947, Schmidt-Rottluff, já reabilitado enquanto artista, foi convidado a leccionar na Academia de Belas Artes de Berlim, cidade onde viveu até aos 92 anos de idade.

Mulher lendo, 1950 (Brücke museum, Berlim)


9 comentários:

  1. O que não se aprende aqui....
    Abraço.

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  2. As correntes artísticas da primeira metade do século XX foram extraordinárias de criatividade.
    Tanto que parece que hoje não se consegue fazer nada de novo.
    Sendo assim, imitar por imitar, imitemos os clássicos, não?

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  3. Nunca tinha reparado neste pintor, pelo menos não lhe fixei o nome, mas parece-me que vi algumas obras dele em Berlim, provavelmente no Brucke Museum. Era muito interessante, como aliás todo o grupo.
    Grata por este post.

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  4. Não conhecia este pintor. E Van Gogh também?! Devem ser estranhos os critérios que põem de um lado Wagner e do outro este tipo de arte. Digo eu, que percebo pouco de arte...
    O nome Korngold sempre me assustou um bocado...

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  5. Jardineira,
    Korngold era judeu e por isso foi um dos artistas considerados degenerados. Por sorte, estava em Hollywood quando a Áustria foi anexada pelos nazis e por lá ficou a compor música para filmes com o Errol Flynn, como este e este.
    Por outro lado, artistas subversivos não são apetecíveis em regimes como aquele.

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  6. Cigarra,
    Certamente terás reparado em obras dele no Brücke Museum, apesar de lá estarem quadros (talvez) mais interessantes de outros pintores.

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  7. Gi,
    Imitar os clássicos talvez não seja a melhor opção. Mas é possível que tenhamos de passar por aí para que haja uma nova revolução que nos tire deste impasse que me parece um beco sem saída.

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  8. E Wagner não era subversivo? Isto é, aquela história do homem novo e das raças inferiores era conveniente, mas por outro lado a questão central do anel parece ser o questionar de tudo o que assenta sobre convencionalismos e sobre a falsidade da maior parte das formas de poder...
    Não seria perigoso cultivar a obra de um autor que questiona as formas de relações humanas e consequentemente da organização da sociedade da forma mais profunda? Eu sempre tive a ideia que era conveniente aos regimes totalitários cultivar a mediocridade, caso contrário facilmente são questionados, e parece que foi isso que aconteceu em Portugal. O nazismo teve muitos dissidentes, claro, mas teve um grande apoio popular, e se o povo compreendeu o anel porque não entrou em dissonância com o regime? Talvez seja por isso que o nazismo e aquela época foram tão tenebrosos...

    Também é verdade que não vivemos num regime totalitário (?) e a nossa sociedade cultiva a mediocridade.

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  9. Wagner era subversivo, mas Hitler entendeu-o como lhe dava mais jeito e subverteu os valores do compositor para poder usá-los como melhor entendia. E não me parece que a massa popular que apoiou Hitler entendesse muito da música de Wagner. Foi convencida e conduzida pelos discursos empolados e não por ela.

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