11.1.11

Janáček em Lisboa

Poder ouvir duas óperas de Janáček em Lisboa com tão poucos dias de intervalo é um luxo. Primeiro foi Da Casa dos Mortos, com Esa-Pekka Salonen a fazer o coro e a orquestra da Gulbenkian transcender-se. Agora é a vez de "Káťa Kabanová", em cena no Teatro de São Carlos até 18 de Janeiro.
A produção de David Alden estreou em Março de 2010 na English National Opera (ENO) e recomenda-se.


Os cenários são aqueles como poderiam ser outros, mas cumprem a função de definir os ambientes e a encenação é eficaz. Os cantores representam sem que lhes seja retirado o espaço para cantarem.
Sem ter termos de comparação, pois nunca antes ouvira a ópera, pareceu-me que Julia Jones dirigiu bem a orquestra, com segurança. Dos cantores, o meu destaque vai para Ausrine Stundyte (Kátìa), que, não sendo uma cantora de primeiro plano, interpretou a sua personagem com convicção e foi comovente na cena final. A voz de Dagmar Pečková (Kabanicha), uma excelente intérprete e à partida o nome mais sonante deste elenco, pareceu-me pequena e, por vezes, aquém das exigências do papel. Para não ser exaustivo, resta-me referir que os restantes cantores são, diria eu, medianos, exceptuando o vozeirão de Arnold Bezuyen (Boris), enorme mas nem por isso muito bonito. Anna Grevelius (Varvara) transitou da ENO para o TNSC.


Em resumo: apesar de alguns aspectos negativos em relação ao canto, esta "Káťa Kabanová" deve ser vista. Até porque não é todos os anos que se pode ouvir Janáček em Lisboa e dói à alma que o Teatro de São Carlos tenha a sala a uns 3/4 numa segunda noite. Ainda a herança de Dammann.
Anna Grevelius como Varvara na ENO (BBC)


11 comentários:

  1. Talvez consiga lá ir.

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  2. Acho que vale a pena, Gi, para variar e não ser sempre o Met.

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  3. No próximo Domingo, lá estarei.

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  4. Boa récita, caro FanaticoUm.

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  5. Parece-me que estamos de acordo. Pessoalmente, gostei bastante!

    3/4 em baixo... porque para cima anda a 1/2...

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  6. Também tive essa sensação, mas como sou mau a cálculo temi estar a exagerar.

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  7. Elsa Mendes12.1.11

    De facto, é triste ver a nossa sala de ópera assim, sempre a meio vapor!!
    No Domingo lá estarei, Janácek constitui uma oportunidade única... e o encenador David Alden é bastante credenciado, vamos então a ver...

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  8. Boa! 6ª lá estaremos. É bom que recuperemos, paulatinamente, o nosso S. Carlos.

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  9. Elsa e Io,
    Boas récitas.

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  10. Anónimo13.1.11

    Paulo,

    Felicitemo-nos por termos uma produção que rompa a negra memória dos últimos anos no nosso teatro...
    Merecemos, público e o não público...

    Boas récitas a todos.

    Glória

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  11. Dizes bem, Glória. A ver se as coisas começam a animar.

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