Terminou há poucas horas a apresentação do primeiro ciclo do novo Anel de Bayreuth, o esperado Anel do Bicentenário, com aplausos estrondosos para o maestro Kirill Petrenko e a Orquestra do Festival e uma pateada monumental (mas monumental mesmo: durou longos minutos) para a equipa do engendrador Frank Castorf.
Sabe-se que o sonho húmido de Castorf, habituado a cortar e alterar os textos dos autores clássicos que encena na Volksbühne, em Berlim, era fazer o mesmo à obra de Richard Wagner, heresia que nem as tontas que o contrataram, as meias-irmãs Katharina Wagner e Eva Wagner-Pasquier (bisnetas do compositor), permitiram.
Fiquemos com uma pequena ideia do que foi este Anel: a cena final de "Siegfried", em que Brünnhilde é acordada pelo seu herói, canta loas ao Sol e à Luz, ambos descobrem o amor, e tudo isto se passa enquanto tomam um copo numa esplanada em Alexanderplatz. Talvez a ideia de Castorf fosse chocar o público (olha a novidade!), já que, resumindo as críticas que li e ouvi num debate após a transmissão de hoje (via Bayerischer Rundfunk), não conta uma história nova e limita-se a mostrar imagens disparatadas para entreter visualmente o espectador, descurando o trabalho com os cantores e a essência da obra, exactamente o oposto do que fazia Patrice Chéreau há quase quarenta anos.
Catherine Foster e Lance Ryan como Brünnhilde e Siegfried (© Bayreuther Festspiele/Enrico Nawrath) |
O Intermezzo tem mais imagens: "Das Rheingold", "Die Walküre", "Siegfried", "Götterdämmerung".
O Joaquim já tem o som de O Ouro do Reno e A Valquíria e de Siegfried e Crepúsculo dos Deuses.