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Teatro Nacional de São Carlos
2. 3. 4. 5. 8. 9. 10. Maio às 20:00h; 6. Maio 2007 às 16:00h
Ausente há vinte anos das temporadas líricas do São Carlos, L'italiana in Algeri, ópera de enorme êxito de Gioachino Rossini aquando da sua estreia em Maio de 1813, regressa ao palco do Teatro numa produção do Festival d'Aix-en-Provence (no âmbito do qual a produção foi estreada no ano passado) em co-produção com o Grand Théâtre do Luxemburgo e o Teatro Nacional de São Carlos.
Donato Renzetti, depois de ter dirigido a Messa da Requiem no quase esgotado Grande Auditório do CCB a 30 de Março último, regressa agora ao fosso do São Carlos.
Toni Servillo, encenador e actor italiano, está de volta ao São Carlos onde já encenou novas produções de Boris Godunov (2001) e Ariadne auf Naxos (2003), para assinar a encenação desta ópera. Da equipa artística destaca-se Daniela Dal Cin na assinatura da cenografia, Ortensia De Francesco na assinatura dos figurinos e Pasquale Mari na concepção do desenho de luz.
Do elenco, destacam-se as duas interpretações dos papéis de Isabella por Kate Aldrich (a Rosina da última produção de Il barbiere di Siviglia em Fevereiro de 2006), e Barbara Di Castri; de Mustafà por Lorenzo Regazzo e Wojtek Gierlach; de Lindoro por John Osborn e David Alegret; e de Taddeo por Paolo Rumetz e José Julián Frontal. A jovem soprano Lara Martins (que participou na última produção de O Nariz) interpreta o papel de Elvira, mulher de Mustafà, Filippo Morace empresta a voz a Haly, capitão dos corsários, e Paula Morna Dória canta Zulma, a escrava confidente de Elvira. Destaque também para a Orquestra Sinfónica Portuguesa e Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
Argumento
Acto I
Elvira confia à sua escrava Zulma que o marido já não a ama. Quando entra Mustafà, acompanhado por Haly, Elvira tenta falar-lhe, mas o Bei ordena-lhe que se retire. Para se ver livre dela, resolve dá-la em casamento ao seu escravo italiano, Lindoro, sem atender às razões de Haly a quem acaba por ordenar que lhe arranje uma italiana, daquelas que contrariam os seus apaixonados, farto como estava de mulheres dóceis. Lindoro, que recorda Isabella, a sua noiva que ficara em Itália, não se sente nada gratificado com a proposta de Mustafà e tenta esquivar-se, mas este, entre lisonjas e ameaças, obriga-o a segui-lo para admirar a mulher que decidira dar-lhe por esposa.
Entretanto, um navio italiano naufraga na costa e Haly, com os seus piratas, acorre para o pilhar e fazer prisioneiros. Entre estes encontram-se Isabella, vinda à procura de Lindoro, e Taddeo, seu companheiro de viagem, que ela, para salvar da morte, faz passar por seu tio. Haly anuncia à bela italiana que será apresentada ao Bei e que se tornará a rainha do seu harém. Taddeo fica horrorizado, mas Isabella assegura-lhe que com a sua astúcia feminina saberá enfrentar o terrível Mustafà.
O Bei informa Lindoro que um navio veneziano vai partir e que se o jovem deseja voltar à pátria, se apresse a levar Elvira. À notícia que lhe traz Haly que entre os prisioneiros do navio naufragado se encontra uma formosíssima italiana, Mustafà apressa-se para ir recebê-la dignamente, enquanto Lindoro procura convencer Elvira a esquecer o marido ingrato e a segui-lo para Itália.
Isabella é apresentada a Mustafà, que de imediato se apaixona; ela finge corresponder a fim de tirar vantagens da situação. Entram Lindoro e Elvira, para se despedirem do Bei: o encontro imprevisto faz inflamar ainda mais o coração dos dois jovens. Mas Isabella não perde a cabeça e, ao saber por Mustafà que a sua ex-mulher e o seu escravo vão partir para Itália, finge indignação. Exige ao Bei que fique com Elvira e que ponha o escravo Lindoro ao seu serviço. Mustafà, fascinado por Isabella, cede à sua vontade.
Acto II
Elvira, Zulma, Haly e um grupo de eunucos comentam a condescendência de Mustafà e a esperteza de Isabella, que poderá ser útil à causa de Elvira. Mustafà, entrando a seguir, afirma que saberá conquistar a bela italiana, excitando a sua ambição. A sós, Isabella e Lindoro, que já sossegou a sua amada quanto às suas intenções, arquitectam um plano de fuga. Saem os dois. Entra Mustafà que decide atribuir a Taddeo, que julga tio de Isabella, o título de Kaimakan; em troca, este deverá ajudá-lo a conquistar Isabella. Tadeo, obrigado a escolher entre a tortura da empalação e a humilhação de fazer de alcoviteiro, aceita o cargo.
Isabella veste-se à turca. Conversando com Elvira, ensina-lhe a maneira mais conveniente para conservar um marido. Mustafà ordena a Lindoro que chame Isabella e a Taddeo que lhe faça companhia e se retire assim que ele fizer sinal, espirrando. Isabella entra, murmurando palavras ternas a Mustafà, que espirra várias vezes; Taddeo finge não ouvir. Isabella, divertida com a situação, manda servir o café em três chávenas, uma das quais para Elvira. Mustafà mostra-se aborrecido com a presença de Elvira, mas Isabella recorda-lhe a sua promessa de ser gentil com a esposa. Obrigado a condescender para não irritar a bela italiana, o Bei começa a suspeitar que está a ser alvo de troça.
Lindoro e Taddeo (que não descobriu ainda que Lindoro é o noivo de Isabella) asseguram a Mustafà que Isabella está apaixonadíssima por ele e que o quer nomear o seu «Pappataci» («Come e cala»). Os dois explicam-lhe que se trata de um título muito considerado em Itália reservado aos conquistadores irresistíveis: um verdadeiro «Pappataci» deve pensar somente em comer, beber, dormir e divertir-se.
Isabella, que obteve do Bei os escravos italianos para preparar a cerimónia, disfarça alguns de «Pappataci». Encarrega outros de se manterem no barco prontos para fugir. Inicia-se a cerimónia. Mustafà, vestido de «Pappataci», promete observar o regulamento da ordem: não ver, não ouvir e não se intrometer, comer e gozar apenas. Isabella e Lindoro põem-no à prova trocando frases amorosas e ele, obedecendo, continua a comer sem reagir. Quando o navio acosta ao palácio, Lindoro, Isabella e os escravos italianos entram nele, enquanto Taddeo apercebendo-se por fim que Lindoro é, afinal, o noivo de Isabella, procura alertar Mustafà. Mas Mustafà mantém-se fiel ao juramento dos «Pappataci». Entre a tortura de ser empalado e a humilhação, Taddeo escolhe a humilhação e embarca.
Acorrem entretanto Elvira, Zulmira e Haly com os eunucos completamente embriagados, aos quais Mustafà, dando-se conta de que foi mistificado, ordena que prendam os fugitivos, que se afastam já no barco. «Mulheres italianas nunca mais!», afirma Mustafá. Pedindo perdão, volta para junto da sua dócil Elvira.
Donato Renzetti, depois de ter dirigido a Messa da Requiem no quase esgotado Grande Auditório do CCB a 30 de Março último, regressa agora ao fosso do São Carlos.
Toni Servillo, encenador e actor italiano, está de volta ao São Carlos onde já encenou novas produções de Boris Godunov (2001) e Ariadne auf Naxos (2003), para assinar a encenação desta ópera. Da equipa artística destaca-se Daniela Dal Cin na assinatura da cenografia, Ortensia De Francesco na assinatura dos figurinos e Pasquale Mari na concepção do desenho de luz.
Do elenco, destacam-se as duas interpretações dos papéis de Isabella por Kate Aldrich (a Rosina da última produção de Il barbiere di Siviglia em Fevereiro de 2006), e Barbara Di Castri; de Mustafà por Lorenzo Regazzo e Wojtek Gierlach; de Lindoro por John Osborn e David Alegret; e de Taddeo por Paolo Rumetz e José Julián Frontal. A jovem soprano Lara Martins (que participou na última produção de O Nariz) interpreta o papel de Elvira, mulher de Mustafà, Filippo Morace empresta a voz a Haly, capitão dos corsários, e Paula Morna Dória canta Zulma, a escrava confidente de Elvira. Destaque também para a Orquestra Sinfónica Portuguesa e Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
Argumento
Acto I
Elvira confia à sua escrava Zulma que o marido já não a ama. Quando entra Mustafà, acompanhado por Haly, Elvira tenta falar-lhe, mas o Bei ordena-lhe que se retire. Para se ver livre dela, resolve dá-la em casamento ao seu escravo italiano, Lindoro, sem atender às razões de Haly a quem acaba por ordenar que lhe arranje uma italiana, daquelas que contrariam os seus apaixonados, farto como estava de mulheres dóceis. Lindoro, que recorda Isabella, a sua noiva que ficara em Itália, não se sente nada gratificado com a proposta de Mustafà e tenta esquivar-se, mas este, entre lisonjas e ameaças, obriga-o a segui-lo para admirar a mulher que decidira dar-lhe por esposa.
Entretanto, um navio italiano naufraga na costa e Haly, com os seus piratas, acorre para o pilhar e fazer prisioneiros. Entre estes encontram-se Isabella, vinda à procura de Lindoro, e Taddeo, seu companheiro de viagem, que ela, para salvar da morte, faz passar por seu tio. Haly anuncia à bela italiana que será apresentada ao Bei e que se tornará a rainha do seu harém. Taddeo fica horrorizado, mas Isabella assegura-lhe que com a sua astúcia feminina saberá enfrentar o terrível Mustafà.
O Bei informa Lindoro que um navio veneziano vai partir e que se o jovem deseja voltar à pátria, se apresse a levar Elvira. À notícia que lhe traz Haly que entre os prisioneiros do navio naufragado se encontra uma formosíssima italiana, Mustafà apressa-se para ir recebê-la dignamente, enquanto Lindoro procura convencer Elvira a esquecer o marido ingrato e a segui-lo para Itália.
Isabella é apresentada a Mustafà, que de imediato se apaixona; ela finge corresponder a fim de tirar vantagens da situação. Entram Lindoro e Elvira, para se despedirem do Bei: o encontro imprevisto faz inflamar ainda mais o coração dos dois jovens. Mas Isabella não perde a cabeça e, ao saber por Mustafà que a sua ex-mulher e o seu escravo vão partir para Itália, finge indignação. Exige ao Bei que fique com Elvira e que ponha o escravo Lindoro ao seu serviço. Mustafà, fascinado por Isabella, cede à sua vontade.
Acto II
Elvira, Zulma, Haly e um grupo de eunucos comentam a condescendência de Mustafà e a esperteza de Isabella, que poderá ser útil à causa de Elvira. Mustafà, entrando a seguir, afirma que saberá conquistar a bela italiana, excitando a sua ambição. A sós, Isabella e Lindoro, que já sossegou a sua amada quanto às suas intenções, arquitectam um plano de fuga. Saem os dois. Entra Mustafà que decide atribuir a Taddeo, que julga tio de Isabella, o título de Kaimakan; em troca, este deverá ajudá-lo a conquistar Isabella. Tadeo, obrigado a escolher entre a tortura da empalação e a humilhação de fazer de alcoviteiro, aceita o cargo.
Isabella veste-se à turca. Conversando com Elvira, ensina-lhe a maneira mais conveniente para conservar um marido. Mustafà ordena a Lindoro que chame Isabella e a Taddeo que lhe faça companhia e se retire assim que ele fizer sinal, espirrando. Isabella entra, murmurando palavras ternas a Mustafà, que espirra várias vezes; Taddeo finge não ouvir. Isabella, divertida com a situação, manda servir o café em três chávenas, uma das quais para Elvira. Mustafà mostra-se aborrecido com a presença de Elvira, mas Isabella recorda-lhe a sua promessa de ser gentil com a esposa. Obrigado a condescender para não irritar a bela italiana, o Bei começa a suspeitar que está a ser alvo de troça.
Lindoro e Taddeo (que não descobriu ainda que Lindoro é o noivo de Isabella) asseguram a Mustafà que Isabella está apaixonadíssima por ele e que o quer nomear o seu «Pappataci» («Come e cala»). Os dois explicam-lhe que se trata de um título muito considerado em Itália reservado aos conquistadores irresistíveis: um verdadeiro «Pappataci» deve pensar somente em comer, beber, dormir e divertir-se.
Isabella, que obteve do Bei os escravos italianos para preparar a cerimónia, disfarça alguns de «Pappataci». Encarrega outros de se manterem no barco prontos para fugir. Inicia-se a cerimónia. Mustafà, vestido de «Pappataci», promete observar o regulamento da ordem: não ver, não ouvir e não se intrometer, comer e gozar apenas. Isabella e Lindoro põem-no à prova trocando frases amorosas e ele, obedecendo, continua a comer sem reagir. Quando o navio acosta ao palácio, Lindoro, Isabella e os escravos italianos entram nele, enquanto Taddeo apercebendo-se por fim que Lindoro é, afinal, o noivo de Isabella, procura alertar Mustafà. Mas Mustafà mantém-se fiel ao juramento dos «Pappataci». Entre a tortura de ser empalado e a humilhação, Taddeo escolhe a humilhação e embarca.
Acorrem entretanto Elvira, Zulmira e Haly com os eunucos completamente embriagados, aos quais Mustafà, dando-se conta de que foi mistificado, ordena que prendam os fugitivos, que se afastam já no barco. «Mulheres italianas nunca mais!», afirma Mustafá. Pedindo perdão, volta para junto da sua dócil Elvira.
Há quem temha dito que o elenco tinha vozes pequenas...mas eu apesar de não gostar muito de Rossini e desta ópera em particular, saí de S.Carlos satisfeito e com aquela boa disposição de ter visto uma encenção pouco sofisticada mas convincente,um elenco muito homógeneo e com interpretações muito dinâmicas (indispensáveis para a ópera em questão)com vozes que valem o que valem mas resultam muito bem em cena; gostei das vozes de John Osborn e de Kate Aldrich e da excelente interpretação de Kate Aldrich.Como seria sempre uma ópera que eu não ouviria em disco mesmo com grandes vozes de outrora,vim satisfeito com o espectáculo.
ResponderEliminarEspero poder ainda ver a Italiana...
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