"Inferno", Anónimo do séc. XVI, Museu Nacional de Arte Antiga
São duas da manhã e os bares estão a fechar. Ainda conseguimos comprar uma bebida e vamos para a rua, caminhando devagar em direcção às senhoras dos rissóis. Mais o apetite que a fome empurra-nos para aquela porta onde as três senhoras montam guarda nocturna: uma mostra os rissóis e os croquetes às escondidas, a outra faz o troco e a terceira perscruta a rua com o olhar conhecedor, não vá o diabo estar escondido atrás da esquina. Os rissóis estão ainda mornos, deliciosos. Passa um potencial comprador mas o sinal já foi dado, eles andam por perto e o produto está escondido atrás da porta: "Volte mais tarde". Uns minutos mais tarde parece que eles já se foram e o negócio escuro reabre, às escuras, e se pedirmos um croquete a senhora volta a abrir o embrulho e a mostrar o produto, como se fosse pó branco ou um fio de ouro roubado. Ela sabe que os seus fritos são frutos proibidos. Mas eis que o diabo agora aparece, com o rabo bem escondido, nem uma pontinha de fora, e a sentinela não chega a tempo de dar o alarme. A mercadoria é apreendida, há quem se insurja, toca tudo a identificar-se, eles também antes queriam estar a beber um copo que ter de trabalhar de madrugada, já estão ao serviço há dezasseis horas, a apreender rosas, geleiras, haxixe falsificado, têm um arsenal de material confiscado na viatura e só estão a cumprir ordens. Ficamos esclarecidos, continuando a ignorar, porém, que mal fizeram os saborosos e nutritivos rissóis.
Têm colesterol e micróbios. E, quem sabe, nitrofuranos.
ResponderEliminar;)
E não perguntaram?
ResponderEliminarAlém do que disse a Jardineira: também não têm factura, e não pagaram impostos...
ResponderEliminarPerguntámos, sim. No fundo, eles preocupam-se muito com a nossa saúde e é possível que os rissóis estivessem carregados de micróbios e nós não os tenhamos visto devido à fraca iluminação naquela rua. Eu comi dois e passei o dia muito bem.
ResponderEliminarCom esta conversa acabei por ficar com fome :)
ResponderEliminarIa um rissolinho, não era? Só que daqueles não há à venda nos locais autorizados, que muitas vezes os têm intragáveis.
ResponderEliminarEu é mais pasteis de bacalhau...Mas um rissol também apetece, ainda por cima quentinho. Desconfio que eles são mas é enviados do demo disfarçados de gente só para chatear. (o tema não é o Inferno?). Qualquer dia vêm a nossas casas investigar do cumprimento regular das normas de higiene e sanidade e se os livros que lemos não conspurcam a nossa mente, etc. e etc..
ResponderEliminarQuando e onde estão as ditas senhoras lá, outra vez?
ResponderEliminarSou doido por rissóis quentinhos e por croquetes...
Abraço.
E não se pode criar o MAICROC (Movimento de Apoio Incondicional aos Croquetes e Rissóis de Origem Controlada)?????
ResponderEliminarBolas, que também fiquei com fome!!!
Acho uma óptima ideia, Ezequiel. Mas proponho que o nosso movimento se chame MAICRPBOC, por causa dos pastéis de bacalhau da Cigarra, embora se crie uma sigla impronunciável.
ResponderEliminarPinguim, não sei se as senhoras voltarão a fritar para fora. Consta que a coima é elevada.
é só comer, é só comer!!!
ResponderEliminarFazem fome a todos!
MAICROC para os adeptos do rissol e do croquete e MAIPBOC, para mim, pode ser? Soa um pouco mais violento, mas o caso não é para menos.
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