21.6.13

Outono-Inverno 2013

© Pedro Cunha (Público)

Podia ser pior. Podiam ter decidido fechar o Teatro, mas, como diz João Paulo Santos, segundo o Público, é “perigoso” o raciocínio de que, perante a exiguidade do orçamento e a sua reflexão na programação, “melhor seria fechar”: “é um pensamento elitista” – poucos seriam aqueles, justificou, que poderiam deslocar-se ao estrangeiro para assistir àquilo que lhes proporciona o teatro de ópera português.

Enquanto não chegam notícias mais detalhadas do Teatro de São Carlos, adianta-se que haverá Ao Largo de 28 de Junho a 28 de Julho, com destaque para "Candide", de Bernstein, e para um concerto comemorativo dos bicentenários de Verdi e Wagner.

Em Outubro regressa "Il Cappello di Paglia de Firenze", de Nino Rota (encenação de Fernando Gomes e direcção musical de João Paulo Santos), e em Novembro estreia uma nova encenação de Mário Redondo de "La Fille du Régiment", de Donizetti, dirigida pelo maestro Rui Pinheiro.

Entretanto, a Glosas acrescenta (aqui) que a programação vai apostar em cantores portugueses, tais como Susana Gaspar, Cristiana Oliveira, Sara Braga Simões, Mário Alves, Cátia Moreso, Luís Rodrigues, Carlos Guilherme, Carlos Cardoso, Mário Redondo (que se estreará também como encenador), e muitos outros, e em maestros como Rui Pinheiro ou Pedro Neves.


(NOTA: É uma temporada low-cost, a condizer com a actual situação do país, mas consegue o enorme feito de pôr os artistas portugueses a trabalhar, de dá-los a ouvir ao público.)

Eis que o Teatro de São Carlos já começou a desvendar alguns segredos:

IL CAPPELLO DI PAGLIA DI FIRENZE (Nino Rota)
7, 9, 11 e 13 de outubro

direção musical João Paulo Santos
encenação Fernando Gomes

Fadinard Mário João Alves
Nonancourt José Fardilha
Beauperthuis Luís Rodrigues
Emilio João Merino
Elena Lara Martins
Anaïde Dora Rodrigues
Baronessa de Champigny Maria Luísa de Freitas
Modista Ana Franco
Tio Vezinet Carlos Guilherme
Felice Marco Alves dos Santos
Achille de Rosalba João Sebastião
Um guarda José Lourenço

LA FILLE DU RÉGIMENT (Gaetano Donizetti)
4, 6, 8 e 10 de novembro

direção musical João Paulo Santos (?)
encenação Mário Redondo

Marie Cristiana Oliveira
Tonio Carlos Cardoso
Sulpice Luís Rodrigues
Marquesa de Berkenfield Paula Dória
Hortensius João Oliveira

9 comentários:

  1. Na conjuntura actual são boas notícias. Fechar o teatro seria um disparate total. E, finalmente, parece que vamos poder ouvir os cantores portugueses (!), algo que andamos a sugerir nos últimos anos. Obrigado pelas notícias.
    O Il Capeglio do Paglia di Firenze foi muito bom e será um prazer voltar a ver. La Fille du Régiment vai ser uma prova de fogo sobretudo para Cristiana Oliveira e Carlos Cardoso, mas espero que venhamos a ter uma muito agradável surpresa (e que o Mário Redondo nos dê uma encenação sóbria e decente).

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    1. São óptimas notícias! Os rumores sugeriam que temêssemos o pior. Felizmente, apesar de a temporada em si ser pobrezinha, é honesta. Suponho que os artistas portugueses darão o seu melhor para provarem que vale a pena investir neles, em vez de em produções e cantores que nos deixaram muitas vezes corados de vergonha.

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  2. Tive a oportunidade de contactar com Cristiana Oliveira por intermédio de uma produção da ópera "La Traviata", levada à cena no Coliseu do Porto, em Abril último. A sua assunção do papel-titular caracterizou-se pela ostenção de um palpável sentido dramático aliado a um instrumento dotado de promissores predicados, mormente, no que à ampliute patenteada no registo médio-agudo se reporta.

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    1. O Joaquim, que viu Cristiana Oliveira no Atelier d'Òpera em Barcelona, gostou muito dela. Eu ouvi-a apenas no concerto final do Concurso de Canto Luísa Todi.

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    2. Caro Paulo,

      na minha óptica, encontramo-nos perante um soprano lírico em inicial estágio de maturação, ao qual carecerá maior densidade timbrica nas regiões média e grave, pese embora o material vocal se constitua de elevada qualidade. O pathos logrado no derradeiro acto afigurou-se-me assinalável.

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  3. Também fico satisfeito por verificar que, aparentemente, o cenário mais negro do encerramento do TNSC foi afastado.

    Também me parece positivo que se recorra a cantores portugueses, especialmente quando a última “temporada”, dedicada à chamada “trilogia popular” de Verdi demonstrou que os artistas estrangeiros ao alcance da bolsa do TNSC são muito fracos.

    A única reserva que manifesto prende-se com a escolha de uma obra de Nino Rota. Não conheço a obra em questão e admito perfeitamente que seja de qualidade. Apenas me parece que, reduzindo-se a “temporada” a duas óperas, haveria que optar por obras que cativassem o máximo de público, maximizando as receitas de bilheteira, e que fossem garantia de um bom espectáculo. Não tenho nada contra a introdução de óperas menos conhecidas ou mais difíceis para o frequentador comum do TNSC. Mas penso que isso faz mais sentido se tivéssemos uma temporada extensa ou se tivéssemos uma oferta diversificada ao nível de teatros de ópera. Não sendo assim, parece-me uma opção pouco avisada.

    J. Baptista

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    1. Caro João Baptista,

      O Chapéu de Palha de Florença, apesar de não ser um título popular, não é uma ópera "difícil". Enquadra-se na tradição da opera buffa italiana. Existe uma versão completa no Youtube, com Juan Diego Flórez, filmada no Scala.

      Suponho que a ideia de repor a ópera se baseia na poupança de recursos, uma vez que a produção existe no TNSC e foi apresentada com sucesso.
      Espero que o público adira.

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    2. Caro Paulo,

      Obrigado pelo link. Como disse, não conhecia a obra, mas dos cerca de 40 minutos que ouvi, pareceu-me agradável.

      Em qualquer caso, as minhas reservas não se prendiam especificamente com esta ópera, mas mais com a opção de levar à cena uma "curiosidade", ainda que não seja hermética ou "difícil" (pelo contrário, do que ouvi pareceu-me bastante acessível). Seguramente que o TNSC terá muitas outras produções anteriores disponíveis que poderiam cumprir o objectivo de poupar nos custos.

      Seja como for, conto assistir e espero que venha a ser um sucesso!

      J. Baptista

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    3. Sim, eu tinha entendido as suas reservas. Também as tenho pelas mesmas razões.

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