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Informa-nos o Raul que morreu o grande barítono americano Cornell MacNeil. Tinha 88 anos. Ouçamo-lo como Amonasro, na célebre "Aida" de Karajan, onde confronta Renata Tebaldi no famoso dueto do Terceiro Acto, o momento clímax da ópera.
Desaparece, deste modo, mais um dos intérpretes que contribuiram para o prestígio detido pela tradição baritonal norte-americana na qual se inserem nomes como Lawrence Tibbett, Leonard Warren, Robert Merrill, Sherrill Milnes, Thomas Stewart ou mesmo Thomas Hampson, bem como, num plano mais secundário, Robert Weede, Frank Valentino, Chester Ludgin, Calvin Marsh, Richard Fredricks, Dominic Cossa, Richard Torrigi, entre outros.
ResponderEliminarEmbora haja na lista apresentada pelo caro Hugo Santos, barítonos que eu aprecie mais, como, por exemplo, os três primeiros, Cornell Macneill era um excelente barítono verdiano, sendo o seu Rigoletto uma interpretação modelar, como se pode bem verificar na primeira gravação da Gilda da Joan Sutherland. Eu tenho este cantor na Aida, Luisa Miller e Cavellaria Rusticana e no dvd Francesca da Rimini.
ResponderEliminarComo curiosidade, mas que aconselho vivamente, ouçam uma das proposta que o Youtube oferece depois de ouvido o dueto Tebaldi-MacNeil. Estou a falar do mesmo dueto do Nilo, mas agora com o grande barítono Giangacomo Guelfi, melhor que o MacNeil, e a excepcional soprano Anita Cerquetti. Perto do fim do dueto situa-se a célebre maldição de Amonasro à filha. Guelfi é excepcional na nota e em todo o dueto, a gravação é ao vivo e o público e cantores tem uma reacção digna de ser ouvida. Ouçam-na a partir do minuto 6:00. Nada que seja novo na opera em Itália.
Impressionante, Raul.
ResponderEliminarDepois do dueto Aida/Amonasro fiquei a ver toda a cena do Nilo em Verona (1963) com Leyla Gencer, Giangiacomo Guelfi, Giulietta Simionato, Gastone Limarilli e Tullio Serafin. Começa aqui, depois é continuar. São quatro partes.
Esta versão de 1963 da Leyla Gencer é muitíssimo superior à que tem na mesma Arena de Verona três anos depois e cuja a Amneris é agora Fiorenza Cossoto e o Radamés é Carlo Bergonzi. Podemos mesmo dizer que a Gencer "estraga" a Aida de 1966.
ResponderEliminarCaro Raul,
ResponderEliminarpossuo MacNeil numa multiplicidade de papéis, entre os quais, Amonasro, Rigoletto, Conde de Luna, Germont, o Rodrigo do Don Carlo, Scarpia, Tonio dos Palhaços, Nabucco, Macbeth, Iago do Otello, o Gusmano de Alzira, Barnaba, Simon Boccanegra, Riccardo do Baile de Máscaras e de I Puritani, o Don Carlo do Ernani e da Forza, Miller de Luisa Miller, Monforte de I Vespri Siciliani, Falstaff, Gerard do Andrea Chenier, Gianni Schicchi, Michele de Il Tabarro, bem como no Holandês Voador.
Não obstante a notável extensão da discografia paralela concernente ao barítono norte-americano e um legado oficial que, não alcançando a dimensão ostentada pela precedente, não deixa de se constituir representativo, MacNeil nunca logrou a popularidade e reconhecimento tributados a alguns dos seus pares, designadamente, Merrill e Milnes.
Em termos puramente vocais, o portentoso instrumento de MacNeil acabou por soçobrar a uma tendência, manifestada desde o dealbar da carreira, para uma produção vocal excessivamente ‘aberta’ na região de passagem, fenómeno que marcaria o seu inexorável declínio a partir, sensivelmente, de 1975, com o definitivo desmoronar da, outrora, robustíssima coluna de som.
No que se reporta ao injustamente negligenciado Giangiacomo Guelfi não poderia estar mais de acordo com as elogiosas considerações tecidas relativamente à sua assunção do papel de Amonasro, particularmente, na cena em questão, na qual o italiano exibe uma vocalidade majestosa, altaneira, de acordo com o carácter da personagem.
Caro Hugo Santos,
ResponderEliminarVi Giangiacomo Guelfi no Otelo e Tosca em 1965, no meu segundo ano de ópera, no Nabucco em 1966 e no Simão Boccanegra em 1967. As óperas foram sempre no Coliseu a fervilhar de gente. De todas estas representações tenho memórias admiráveis. Na Tosca onde contracenava com Antonietta Stella, muito bela e elegantíssima, teve que vir, já despido das vestes de Scarpia,agradecer à boca de cena no fim da ópera, pois o público gritava incessantemente pelo seu nome. Naquela época os cantores só apareciam a agradecer nos finais de actos em que cantassem. Não é como hoje em que aparece tudo, o que acho muito bem.
Felizmente temos preservada a Tosca de Tóquio com a Tebaldi, onde o cantor faz um inesquecível Scarpia.
Caríssimo Raul,
ResponderEliminarnunca será demais sublinhar que é a si que devo a aquisição do DVD ao qual aludiu no seu comentário. Um precioso documento que encerra toda uma tradição vocal de altíssimo grau. Tebaldi e Guelfi são positivamente inolvidáveis.