22.8.11

Viver Sem Tempos Mortos


© Funarte - Portal das Artes

Estou no Rio de Janeiro e decidi hoje ir ver Fernanda Montenegro representar no Teatro Dulcina a peça "Viver Sem Tempos Mortos".
A senhora está com 80 anos! Não que se pressinta isso em palco, mas sabe-se! Após sete anos sem fazer teatro esta grande actriz brasileira surgiu há uns tempos apresentando em todo o Brasil este monólogo em que personifica Simone de Beauvoir. Os textos são da própria escritora francesa, baseados nas cartas que ela escreveu a Sartre, e permite-nos uma apaixonante viagem pela vida dela, dos dois, e da França e do Mundo no século XX.
Eu sou daqueles que acham que estão no Brasil alguns dos maiores actores de língua portuguesa da actualidade, se não os melhores. Para mim não há quem se compare hoje, no teatro em língua portuguesa, quer a Marília Pera, quer a Fernanda Montenegro. Sei que isto arrepiará os cabelos de muita gente por aí, mas é a minha opinião. Eu respeito as outras, que respeitem a minha. E nem me interessam polémicas. Gostos não se discutem.
O que mais impressiona neste espectáculo é a sobriedade - aqui está patente aquilo que Lawrence Olivier dizia: basta um estrado, um bom actor e um bom texto para acontecer grande teatro. A encenação é de Felipe Hirsch. Há apenas uma cadeira no centro do palco; Fernanda Montenegro entra, senta-se nela, começa a falar, e depois são 50 minutos de monólogo. E acontece teatro! Não há gritaria, não há olhos muito abertos, não há vozes roucas, não há exageros, nada. Há grande teatro.
Há uns anos esta grande actriz esteve no Conservatório Nacional de Lisboa para um encontro com estudantes e professores. Estava lá meia dúzia de gatos pingados, a maior parte deles ligados à música e não ao teatro...
Pois...

Jorge Rodrigues


5 comentários:

  1. Ora pois! Lá diz o povinho "quem desdenha, quer comprar." Cá para mim, até entre eles e sem polémicas, têm todos a mesma opinião que o Luís ... ;-)

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  2. São precisamente as duas maiores actrizes de língua portuguesa, para mim: Fernanda Montenegro e Marília Pera.
    Há uma jovem actriz portuguesa a quem auguro um grande futuro: Beatriz Batarda.

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  3. Jorge António25.8.11

    Há alguns anos Lisboa teve o privilégio de vê-la num outro monólogo, "Dona Doida" de Adélia Prado. Do riso às lágrimas num espectáculo que seria sempre demasiado curto para saciar a vontade de continuar a ouvi-la. Voltou ainda outras vezes, incluindo "Os dias felizes" do Beckett.

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