16.1.12

"Tannhäuser" na Gulbenkian

Joseph Tichatschek (Tannhäuser) e Wilhelmine Schröder-Devrient (Venus)
(na estreia em 1845) (Wikipedia)

Ontem pudemos ouvir um grande "Tannhäuser". Houve alguns desacertos na orquestra, como se mais um tempinho de ensaio tivesse dado jeito, mas o coro esteve em grande forma e a Gulbenkian trouxe a Lisboa dois cantores de primeira água:
  • Johan Botha já era conhecido do público do Grande Auditório e dele se diz que é o melhor Tannhäuser da actualidade. Cantou sem qualquer espécie de dificuldade o papel do trovador caído em desgraça. Esteve sublime no III acto, quando narrou, transbordando emoção, os acontecimentos da peregrinação a Roma. (Aqui canta In fernem Land, de "Lohengrin")
  • Falk Struckmann (Landgraf Hermann) distinguiu-se em personagens como Amfortas, Scarpia e Wotan. Hermann é uma figura importante em "Tannhäuser" e requer uma nobreza vocal como a de Struckmann. Contudo, trata-se de um papel pequeno para quem gostaria de o ouvir mais. Vejamo-lo na cena final de "Das Rheingold", em Barcelona, na encenação de Harry Kupfer e com a direcção musical do mesmo Bertrand de Billy que ontem segurava a batuta.
Ao pé destas duas grandes vozes, a de Manuela Uhl (Venus) soou-me pouco interessante e sedutora e a de Melanie Diener (Elisabeth) pareceu-me estar abaixo do que se espera para aquele papel, principalmente quando o Heldentenor é Botha.

Outro contraste infeliz foi a presença de Job Tomé como Wolfram. O seu grande momento, O du, mein holder Abendstern, perdeu-se na sala.

Nada a dizer em relação aos pequenos papéis, e uma nota muito positiva para Ana Maria Pinto (Jovem Pastor).

    3 comentários:

    1. Foi melhor no Domingo que na Quinta-feira. Sou um dos que acha que o Botha é o melhor Tannhäuser da actualidade e ele demonstrou-o. O Struckmann também fantástico. Não achei tão desinteressantes as duas solistas alemãs. Uma pena foi quase não ter havido Wolfram (o responsável por alguns dos mais belos momentos da ópera). Mas no geral, muito bom.

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    2. Pareceu-me existir uma grande diferença entre as qualidades de Botha e de Struckmann, verdadeiramente grandes, e as das duas cantoras principais. No II acto tive a sensação de que Botha estava a encolher a voz para não esmagar Melanie Diener, a quem faltou fulgor.

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    3. Mas no geral, muito bom, claro.

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