23.1.12

Rienzi

Avery Fisher Hall (foto cedida por Bosc d'Anjou)

Ou se tomam as decisões no momento certo ou o comboio passa, diz Elisabete Matos em entrevista ao DN. E o comboio levou-a agora novamente a Nova Iorque, onde cantará em "Rienzi", com a Opera Orchestra of New York. Será já no próximo Domingo, 29 de Janeiro.

"Rienzi" é a terceira ópera completa de Richard Wagner, imediatamente anterior a "Der Fliegende Holländer", e, ao contrário das suas obras de maturidade, não é executada frequentemente. Desta vez será apresentada em versão de concerto no Avery Fisher Hall, com a direcção musical de Eve Queler, Ian Storey no papel titular, Elisabete Matos como Irene e Géraldine Chauvet como Adriano.


9 comentários:

  1. Não é brincadeira cantar o "Rienzi", pois que tanto o tenor (Rienzi) como os sopranos (Adriano e Irene) têm de ter muito volume para furar a orquestra, já para não falar do comprimento da ópera. Esta será uma das razões para levar pouco à cena música de Tão grande qualidade.

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  2. Eve Queler e a "sua" Opera Orchestra of New York (OONY) detém um considerável historial no que à apresentação deste título em particular concerne nos EUA.

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  3. Comentário enviado pelo Raul (via e-mail):

    "A tessitura de Adriano é, para mim, um precursor da Ortruda. O “Rienzi”que eu possuo é da Emi, (em estúdio) e foi produzido na defunta RDA. O som é bastante bom. O maestro é um desconhecido para mim: Heinrich Hollreiser. E o elenco é constituído pelo famoso René Kollo (Rienzi), Siv Wennberg (Irene), que eu vi em Lisboa na Dona Elvira e que na gravação aparte um certo descontrolo nos agudos mais fortes (tessitura exigente espera a Elisabete Matos) é uma cantora excelente, e Janis Martin (Adriano), a intérprete que mais me satisfaz. Esta notável cantora tanto cantava a Azucena (estreia da Price no Met) como a Kundry em Bayreuth na célebre gravação da Philips, talvez o melhor Parsifal do mercado. Desconheço se existe mais alguma gravação do Rienzi em estúdio no mercado. Esta comprei-a para aí há uns 20 anos e faz parte de uma colecção económica que havia da Emi. São 3 cds com mais música, em termos de tempo, do que as três óperas que vieram a seguir na cronologia wagneriana: O Navio Fantasma, Tannhauser e Lohengrin."

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  4. Caro Raul,

    tal como constata, o papel de Adriano encerra uma considerável exigência em termos puramente vocais, obrigando a um instrumento de ampla extensão. A analogia estabelecida com um papel deveras espinhoso, tal como se constitui o de Ortrud, reveste-se de particular perspicácia.

    Todavia, considerando quer a exígua discografia oficial, quer os registos fonográficos paralelos existentes, a assunção de Adriano é partilhada por um leque assaz díspar de intérpretes:

    1- Erna Schlüter, uma das mais notáveis Elektras da década de 40 e que, curiosamente, chegou a interpretar a Brunhilde do Crepúsculo em São Carlos no ano de 1949, assume o papel num registo oriundo da Rádio de Frankfurt, sob a direcção de Winfried Zillig (1950).

    2- Numa gravação de 1957, efectuada ao vivo na Ópera de Estugarda com direcção a cargo de Lovro Von Matacic, o tenor wagneriano/mozartiano Josef Traxel encarrega-se do papel em questão. Saliente-se que o protagonista é Wolfgang Windgassen.

    3- Christa Ludwig é o brilhante Adriano de uma versão preservada pela Rádio Austríaca, em 1960, sob a égide de Josef Krips.

    4- Hermann Scherchen assegura a direcção de uma versão em italiano produzida pelo Teatro Alla Scala em 1962. O papel regressa a uma tessitura tenoril por intermédio de Gianfranco Cecchele.

    5- Do mesmo modo, na edição de 1967 do Festival de Munique, o maestro Fritz Rieger dirige Richard Holm no papel.

    6- Forças anglo-saxónicas, pese embora na língua vernacular, sob a direcção de Edward Downes (1976), oferecem a leitura do soprano Lorna Haywood.

    7- A gravação comercializada pela etiqueta Orfeo, com Wolfgang Sawallisch à frente dos corpos artísticos da Ópera do Estado da Baviera, conta com o Adriano do barítono John Janssen (1983).

    8- Mais recentemente (2010), num registo vídeo captado na Ópera Alemã de Berlim, a personagem é interpretada pelo meio-soprano Kate Aldrich, cantora com a qual os frequentadores de São Carlos tiveram oportunidade de contactar em dois títulos rossinianos: O Barbeiro de Sevilha e A Italiana em Argel. Sebastian Lang encarrega-se da direcção orquestral.

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  5. Caro Raul,

    permita-me, tão-somente, acrescentar que, das intérpretes evocadas a propósito da gravação do Rienzi realizada pela EMI, Siv Wennberg, para além da Donna Elvira (ladeada por Roger Soyer, Elizette Bayan, Steven Haas, Enrico Fissore, Peter Meven, Elsa Saque e Heinz Holecek, precisamente, sob a direcção de Heinrich Hollreiser – 23, 25 e 27 de Junho de 1978), já havia cantado, em Lisboa, a Senta do Holandês Voador, junto a Leif Roar, Matti Kastu, Victor von Halem, Helena Cláudio e Vasco Gil. O maestro era Siegfried Köhler (18 e 20 de Junho de 1977).

    Por seu turno, Janis Martin, na singular ocasião em que se apresentou no palco de São Carlos, interpretou a Sieglinde da Valquíria, integrando-se num elenco composto por Jon Andrew, Roberta Knie, Rudolf Holtenau, Gwynne Cornell e Peter Meven, com direcção orquestral a cargo de Georges Sebastian (12 e 14 de Março de 1976).

    Termino, apelando a uma dose mínima de indulgência por parte de todos quantos, intrepidamente, se embrenharam nestas linhas, inapelavelmente, pejadas de tão massiva verborreia.

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  6. Caro Hugo,
    Obrigado pela (segundo me parece) completíssima informação.

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  7. Caro Hugo,

    Substanciosíssima informação acaba de nos relegar. Muitos parabéns, melhor é impossível.
    Quanto à Siw Wennberg, é claro que também a vi no Navio Fantasma, desta vez no Coliseu. Lembro-me de ter gostado muito da récita, em particular da prestação de Leif Roar no Holandês. Desse Don Giovanni, com uma grande dose de intérpretes portugueses, impecáveis nas suas prestações, há a destacar a presença viril de Roger Soyer, então um dos melhores Don Giovanni do momento.
    Sobre a sua lista, bem gostaria de conhecer o Adriano de Christa Ludwig.

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  8. Caro Hugo,
    Obrigado por partilhar esta espantosa informação. Como o Raul escreveu, melhor é impossível. Para um amador como eu, é mais uma lição!

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  9. É hoje. Toi toi toi.

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