Ontem foi lançado mais um CD, o quinto, da gravação integral da obra para tecla de Carlos Seixas por José Carlos Araújo. Um disco que podemos já considerar como histórico. Para o fazer, foi utilizado o pianoforte de Henrique van Casteel, de 1763, que se encontra no Museu da Música (estação de metro de Alto dos Moinhos). Cremilde Rosado Fernandes já o tinha usado para uma gravação, há cinquenta anos, e José Carlos Araújo voltou a tocá-lo recentemente num recital no Museu da Música, quando pudemos ouvir a sonoridade específica do instrumento, cuja fragilidade se pressente também neste disco em que José Carlos toca primorosamente, com dedos de veludo. Recordemos a curta reportagem do Público a propósito desse recital.
O pianoforte de Van Casteel merece ser visto. Diz-nos o livrinho que acompanha o disco:
Com um tampo harmónico de conífera, armação de nogueira e cepo de castanho folheado a jacarandá, este instrumento é, à semelhança do modelo de Cristofori, inteiramente encordoado em latão, o que lhe confere um timbre quente e claro. A deslocação do mecanismo para o lado possibilita o recurso ao registo una corda, em que soa apenas uma das filas de cordas, enquanto a segunda vibra por simpatia. (...)
O disco contém, entre várias sonatas belíssimas, a magnífica K. 15, em Dó menor, aqui interpretada por José Carlos Araújo ao cravo:
Para percebermos o que é o timbre do pianoforte de Van Casteel, ouçamos a Sonata K. 30:
No recital de ontem, José Carlos Araújo tocou o cravo Antunes e, com ele, estiveram a violinista Raquel Cravino e o violoncelista Nuno M. Cardoso, que usou um instrumento que pertenceu à colecção do rei D. Luís, construído por Joaquim José Galrão em 1769. O trio interpretou sonatas em versões reconstituídas para violino ou violoncelo e baixo contínuo. Espera-se também a gravação de um CD pelos três músicos, integrado no projecto discográfico melographia portugueza, utilizando o violino e o violoncelo de Galrão.
José Carlos Araújo (cravo Antunes) e Nuno M. Cardoso (violoncelo Galrão) (Do Facebook de José Carlos Araújo) |
Os discos de José Carlos Araújo, se não os encontrar numa discoteca perto de si, estão à venda na loja do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa (MPMP).
Muitissimo bom, Paulo, em primeira audição; vou ouvir mais e quem sabe descobrirei mais pata dizer.
ResponderEliminarEspero encontrar o CD quando for a Lisboa para o ano. Obrigado. Porque não programar concertos de maior fôlego no CCB ou na CM do Porto ? Em vez de fado, por exemplo ?
Mário,
EliminarOs discos costumam estar à venda na Fnac. Pelo menos no Chiado. Quanto a concertos, penso que o futuro vai sorrir muito a estes jovens músicos. Talento e vontade não lhes falta.
Segunda impressão: gosto bem mais do cravo que do pianoforte (o que só vem confirmar o que costumo sentir noutras audições). O pianoforte foi um instrumeto transitório falhado, desagradável. IMHO, claro.
EliminarCurioso! Eu fiquei fascinado com o som daquele pianoforte, tanto no disco como quando o ouvi no Museu da Música. A afinação é dificílima, devido ao estado periclitante do instrumento, mas o timbre é muito bonito.
Eliminar(Os outros discos têm sido gravados com o cravo Antunes, cópias de cravos antigos e também com o órgão de São Bento da Vitória.)
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