8.7.09

Ainda Maria João Pires


Entretanto foi já noticiado que Maria João Pires pondera pedir também a nacionalidade brasileira, sem renunciar à portuguesa, contradizendo a informação que tinha sido veiculada anteriormente pelo jornalista Paulo Alves Guerra da Antena 2.

No entanto, ainda a propósito, parece-me interessante ler o que escreveram Daniel Oliveira (arrastão), Luis Rainha (cinco dias) e Jorge Rodrigues (neste comentário).
Daniel Oliveira:
(...) Claro que preferia que Maria João Pires continuasse a tentar mudar as coisas aqui mesmo. Mas compreendo o desalento, quando a ignorância está há tanto tempo no poder. Um país não pode vangloriar-se dos seus artistas enquanto os trata como inúteis e subsidiodependentes. Há décadas que Portugal dispensa os seus artistas. E se os artistas começarem a dispensar Portugal?
Luis Rainha:
(...) «Era bom que os restantes parasitas lhe seguissem o caminho», conclui o bravo contabilista [Carlos Guimarães Pinto], se calhar até educado numa universidade estatal, parasita até mais não. Por mim, que siga; gente que não consegue ver para lá das contas de merceeiro, desprezando o que desconhece ou não compreende, não faz grande falta: morcões com dinheiro já cá temos às carradas. Grandes pianistas é que nem por isso.

7 comentários:

  1. Anónimo8.7.09

    A nacionalidade é um atributo herdado , não é relevante , é como a cor dos olhos, do cabelo ou a altura ... Por isso podemos sempre fazer as nossas escolhas, e Maria joão Pires faz as dela ... E faz bem , depois de ver todos estes ergúnemos a deitar contas ao Erário Público , armados em em grandes especialistas dá vontade de dizer fiquem com as vossas contas e deixem-se roubar , porque o são diariamente . Ainda bem que Maria João se vai embora de um país que não é suficientemente humilde , é pouco culto, muito bronco , que gosta de tratar da vidinha a deitar contas á vida do outro-


    JMs

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  2. Curiosamente, ainda ontem pensei na possibilidade de se tratar de um mal entendido...e de a vontade expressa ser algum desabafo, sem a real intenção de abdicar da nacionalidade, numa ingenuidade de quem não tenha reflectido no peso do efeito no interlocutor acidental. Embora continue, claro,sendo verdade, a ser um direito seu. Os grandes artistas, são no fundo cidadãos do mundo, património mundial, se quiserem. É me irrelevante onde escolhem morar. Como em qualquer outra profissão( porque haveria de ser diferente na cultura?), as pessoas devem escolher o local onde se sentem mais à vontade, com o qual se identificam mais, onde a sua carreira tenha mais projecção... evidentemente. Orgulhamo-nos todos dos cientistas e investigadores que estão no estrangeiro, percebendo perfeitamente porque lá estão, não lhes exigindo que voltem...Parece-me que sempre foi dado o devido reconhecimento à Maria João Pires, como artista...e é nesse sentido que digo que me orgulho que seja Portuguesa. Preferia que ela também se orgulhasse de ser Portuguesa, apesar das contrariedades de que possa ter sido alvo, apenas isso. Isso nada tem a ver com as questões financeiras envolvidas, e sobre as quais já me pronunciei no post anterior. Tocou-me essencialmente no comentário de Jorge Rodrigues, a preocupação com a Senhora em si, não com a pianista talentosa, ou com uma qualquer personagem de telenovela mais ou menos politizada. E nisso tem razão...provavelmente, estes comentários vários, em vários meios,(alguns verdadeiramente insultuosos), também não ajudam para se sentir acarinhada, num momento de provável maior fragilização. Mas se nós devemos olhar para estas questões, e tentar perceber porque acontecem...também me permito dizer que a própria, em vez de se alhear, ou vitimizar, deveria talvez, olhar para as reacções a esta notícia, de vários quadrantes, e pensar porque acontecem...e se pensa que as pessoas não a respeitam, admiram ou lhe dão valor, pelo simples facto de não concordarem com a injecção de mais dinheiro dos contribuintes num mesmo modelo de gestão de belgais, ou se pensa que somos todos ignorantes, que não damos valor à cultura, que não reconheçemos o mérito,empenho e visão do seu projecto, ou até, a necessidade do Estado apoiar projectos semelhantes, pense outra vez...pois está redondamente enganada...e penso que a razão pela qual este tema tem suscitado tantas críticas, tem sido pelo facto de não sr apenas ela a se sentir magoada, mas nós todos, que nos sentimos magoados, com a decisão( não tanto de partir...que isso...), mas de querer deixar de ser Portuguesa..(a ser verdade...o que, na realidade, nem sabemos).
    Continuo a dizer, que não deixará de ser Portuguesa por isso...nem de ter a minha admiração, ( o dinheiro, são outros Carnavais) e já agora, espero que isso não a impeça de incluir Portugal, na sua agenda de concertos.

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  3. Sendo com certeza respeitáveis os pontos de vista anteriormente expressos, não nos podemos esquecer que os financiamentos de apoio à Cultura sejam estatais ou outros, desde que lícitos, têm os seus limites. Se determinado projecto não tem possibilidade de ter sucesso, independentemente da qualidade artística dos seus protagonistas, seja por incapacidade de gestão ou por simples má gestão dos dinheiros atribuídos... não se pode daí inferir que o País não protege os seus "valores" culturais.

    Ressalva: Também penso que existe uma boa política de apoio à Cultura em Portugal. Esta pseudo-birra é que não tem nada que ver com o assunto.

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  4. também penso que NÃO existe...

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  5. Anónimo8.7.09

    destruída a politica do ensino musical , pela então ministra da educação , é natural que o projecto de maria joão pires não tenha viabilidade económica, isto tem que ser dito .Portugal sempre destruiu tudo o que é cultural , os artistas estão habituados a isto , e calam-se , agora mais do que nunca , A pianista vem Põr o dedo na ferida e faz bem . Mexe com a questão da nacionalidade o que pior os portugueses têm , o recalcado sentimento nacionalista que vêm ao de cima , muitas vezes enfeitado de números , e lógicas risíveis

    HLM

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  6. Anónimo9.7.09

    Meu caro Paulo: evidente que já disseram tudo e mais alguma coisa, de bom, de mau, de assim-assim, de asqueroso, de cultural, de dinheiros públicos, de contas e nacionalismos.
    Entretanto, ficamos entretidos com um rapaz com jeito para a bola e outro que morreu, se calhar, de overdose. Tudo grandes vultos e exemplos.
    Esta é a realidade que nos servem de bandeja!
    Muito gostaríamos de ver LUTA em todos os que SE NÃO CONFORMAM, do fundo de nós sobe uma voz dura e opaca que não sabemos quando poderá brilhar!
    O pianista Pedro Burmester disse que não actuava na C. da M. enquanto este camareiro estivesse na câmara. Ora aí está uma boa notícia e uma boa bofetada: mas como não saiu em parangonas, ignora-se. E depois que diferença fará ao homenzinho que um pianista não toque se fez uma corrida de carros para o "povo"?
    Penso - como mulher sofrida - que há uma idade em que é imperativo escolher "de como e onde se quer viver" o resto da vida. Para quem conhece/acompanhou Belgais (desde o sonho à realidade), para quem soube que a Mª João passou por uma fase de doença grave, é completamente claro que "há tempo para mudar, tempo para calar...etc".
    Penso ainda - como contribuinte sem "contas nos primos" e IRS clarinho como a água, - que prefiro mil vezes os meus impostos em caldo de cultura do que em caldo de alcatrão e cimento.
    Sem falar em outros sítios esconsos.
    Abç da bettips

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  7. Ah, se fosse simples assim, negar a nacionalidade e resolver os problemas de uma nação...
    Venham ver como anda o nosso congresso... e os brasileiros em sua maioria descontentes.

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